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Críticas

THE UMBRELLA ACADEMY S02 | Crítica do Neófito

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De maneira geral, é comum que pessoas envolvidas com o showbiz denotem interesse e conhecimento por vários ramos da cultura pop: atores que cantam, cantores que atuam, intérpretes que escrevem, escritores que interpretam, artistas que são fãs uns dos outros ou de alguma forma específica de arte.

Um exemplo clássico é o caso do ator Nicolas Coppola, sobrinho famoso do também famoso diretor de cinema Francis Ford Coppola, que alterou seu nome para o sobrenome artístico Nicolas Cage, em homenagem ao personagem dos quadrinhos da Marvel, Luke Cage, além de ter sido, por anos, um conhecido colecionador de HQ’s.

Mas foi com certa surpresa e curiosidade que em 2007 – numa produção da Dark Horse Comics – o cantor e compositor Gerard Way, vocalista da banda de rock “pós-punk”, My Chemical Romance, uniu-se ao desenhista brasileiro Gabriel Bá (10 Pãezinhos), para conceberem a HQ alternativa Umbrella Academy, que contava as desventuras de um grupo de super-heróis bastante disfuncional, formado por 7 crianças superpoderosas adotadas por um alienígena e treinadas para combater o crime.

 

Foto: Divulgação (da esquerda pra direita: o showrunner, o desenhista e o escritor)

O traço não convencional de Gabriel Bá (que lembra muito Mike Mignola, de Hellboy) e a narrativa original e bastante livre das amarras editoriais tradicionais da Marvel e DC, concebida por Way, formaram a combinação perfeita para tornar a HQ “não mainstream” um sucesso de público, grande o suficiente para atrair a atenção da poderosa plataforma de streaming Netflix, que havia alcançado enorme repercussão positiva com suas adaptações dos heróis urbanos da Marvel (Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Justiceiro, Defensores e – argh! – Punho de Ferro).

Desse modo, em fevereiro de 2019 estreava na Netflix a primeira temporada da bem sucedida série The Umbrella Academy (leia a crítica aqui), contando com 10 episódios e Ellen Page (A Origem) a encabeçar o elenco competente, mas relativamente desconhecido.

O ritmo era meio irregular nos primeiros episódios e até um pouco lento, haja vista a necessidade de apresentar e desenvolver os exóticos personagens (que envolvia um chimpanzé racional), além de contar com efeitos especiais fraquinhos, mas da metade para a frente, ganhou volume e ficou muito boa, merecendo até um show de efeitos no último episódio, que terminou de forma intrigante e com ótimo gancho para um segunda e esperada nova temporada…

Foto: Divulgação

… fato que se concretizou com a segunda temporada, que estreou dia 31 de julho de 2020, para o alento de muitos que estão presos em casa, em razão da pandemia do Coronavírus.

E esta segunda temporada é realmente muito boa!

(alerta de Spoiler de agora em diante!!!!!!!)

Sem a necessidade de apresentar os personagens, a história desse novo ano começa imediatamente após os eventos finais do episódio 10 da primeira temporada, com os nossos “heróis”, ao fugirem do apocalipse, chegando na Dallas da década de 1960, cada um com a diferença de um ano (1960, 1961, 1962, 1963).

Foto: Divulgação

O problema é que o tal do apocalipse também os seguiu, conforme Nº 5 pôde constatar logo na sua chegada ao passado, fazendo com que ele tenha que, novamente, reunir os irmãos para tentarem, juntos, conterem o fim de tudo, desta vez em razão do holocausto nuclear.

A princípio, a trama parece mera reciclagem da história da primeira temporada – 10 dias para o apocalipse, assassinos exóticos enviados pela surpreendentemente ainda viva Gestora da Comissão (Kate Walsh, excelente) perseguindo os personagens (os impagáveis Suecos),  Vanya (Ellen Page) sem memória, Alison (Emmy Raver-Lampman) tentando ter uma vida “normal” de dona de casa – mas logo se verifica que se trata de uma autoreferência muito bem engendrada e que, apesar da premissa praticamente igual, o roteiro é profundamente inventivo, trazendo uma história que se desenvolve sem as enrolações do primeiro ano, partindo logo para a ação e seus desdobramentos narrativos.

Foto: Divulgação

Muito criativas, também, são as soluções que cada personagem encontra para sobreviver 60 anos no passado: Luther (Tom Hopper) vira lutador de “boxe sem luvas”, enquanto Diego (David Castañeda) está internado numa clínica psiquiátrica, onde aproveita para fazer terapia comportamental; e Klaus (Robert Sheehan) – que rouba quase todas as suas cenas – graças a seus poderes de contatar fantasmas e da convivência direta com o espírito errante do membro falecido da Umbrella Academy, Ben (Justin H. Min), torna-se líder carismático de uma seita alternativo-religiosa, bem ao estilo sessentista. Colm Feore e Jordan Claire Robbins também retornam, respectivamente, como o misterioso Sir Reginald Hargreeves e a “mãe”, ainda que esta esteja na sua versão humana, chamada Grace.

Os novos personagens também são ricos e todos têm sua razão de ser para a narrativa: Lila (Ritu Arya) é o grande plot twist da temporada; Sissy (Marin Ireland) retrata a situação da mulher naquele período; Ray (Yusuf Gatewood) – como marido de Alison e militante da causa negra norte-americana – representa os problemas raciais dos EUA; Elliot (Kevin Rankin) é o alívio cômico na figura do neurótico repleto de teorias conspiratórias.

Foto: Divulgação (os novatos: Marin Ireland, Ritu Arya, Yusuf Gatewood)

O roteiro – bem mais distante da sua origem quadrinística – além de bastante “amarradinho”, é coerente com os personagens e a história anterior, mantendo o bom-humor do programa, mas ao mesmo tempo, conseguindo manter um nível razoável de violência e de crítica sociocultural, seja a respeito da discriminação de gênero (mulher, homossexualidade) e racial. E tudo isso de forma orgânica!

Foto: Divulgação

O sucesso do programa certamente turbinou o orçamento para efeitos especiais, de modo que há belíssimas cenas, como a na qual Vanya ergue as águas de um lago para resgatar uma criança ou flutua, além do impressionante exército de centenas de assassinos da Comissão.

O elenco dá sinais de estar extremamente bem entrosado e se divertindo com seu trabalho. A bela fotografia amarelada passa a sensação da aridez do Texas norte-americano, caindo perfeitamente para o clima da série. A reconstituição de época é primorosa, com especial deferência à reprodução do desfile fatal do presidente John F. Kennedy. A direção é segura e, apesar do tom muitas vezes absurdo (como um peixe que fuma!), consegue momentos realmente tocantes e sensíveis (como na interação entre Ben e Vanya).

Por último, não há como não mencionar em separado o fenômeno que é Aidan Gallagher e sua interpretação fenomenal de Número 5. Junto com o Klaus de Robert Sheehan, eles roubam todas as cenas em que aparecem, mas Aidan é realmente surpreendente na sua composição. Mais do que no ano anterior, é realmente possível ver um velho de 70 anos nos olhos do jovem ator, comprovando seu enorme talento.

Foto: Divulgação

Por fim, The Umbrella Academy S02 termina muito bem, apesar do final em aberto (que lembra a reviravolta da segunda para terceira temporada de Dark em vários sentidos!). O showrunner da série, Steve Blackman, pode tanto deixar tudo em suspenso como retornar para uma próxima temporada a partir de gancho novo (apesar de batido!). Mas é justamente nessa capacidade de brincar com clichês das histórias de super-heróis que torna o programa tão interessante, palatável e desejável.

Excelente pedida!

Recomendamos com louvor a segunda temporada de The Umbrella Academy!!

Foto: Divulgação

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Nota: 4,5 / 5 (excelente)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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