Connect with us

Críticas

LUCIFER S06 | Crítica do Neófito

Publicado

em

Lançada no dia 10/09/2021 – cuja soma dos algarismos dá “6” (1 + 9 + 2 + 2 + 1 = 15 <=> 1 + 5 = 6) –, na “sexta”-feira passada, a “sexta” e última temporada de Lucifer – a simpatissíssima série televisiva concebida pela Fox (2016 a 2018), recuperada pela Netflix (2019 a 2021), e baseada no mitológico personagem reinventado pelo genial Neil Gaiman para os quadrinhos da Vertigo (linha adulta da DC Comics) – pôs um ponto final à saga do famoso anjo caído cristão e temido líder do Inferno que, entediado, abandona seu posto milenar para abrir o badalado clube noturno “Lux”, na glamourosa Los Angeles, no qual poderia se dedicar a tocar piano e a curtir festas e orgias à vontade! Mas, por uma série de acontecimentos, acaba mesmo é como consultor da Polícia!

 Foto: Divulgação

Produzida pelo criador de sucessos Jerry Bruckheimer (no cinema: Top Gun, Armagedon, Piratas do Caribe etc.; na televisão: CSI, Cold Case, The Amazing Race etc.) a série televisiva apresentou versão híbrida de várias influências e cores do “Diabo”, a qual misturava referências da mitologia hebraica (Livro de Enoque), mais equivocadas interpretações bíblicas (principalmente sobre Isaías 14:12), somada a diversas tradições cristãs-medievais, com pitadas da versão pop concebida para o formato HQ. O resultado dessa salada foi o excepcional personagem concebido por Tom Ellis, inicialmente hedonista, charmoso e inescrupuloso, mas aos poucos domesticado pelo amor à Detetive Chloe (Lauren German, irregular) e amadurecido pela psicoterapia junto à psicóloga Linda (Rachael Harris, divertida).

Planejada como série genérica, nos moldes “vilão da semana”, concomitantemente a uma trama central mais longa, paulatinamente desenvolvida ao longo dos episódios para proporcionar gancho a novas temporadas, a série Lucifer – assim como todas as demais produções de Bruckheimer – nunca foi uma obra de arte da teledramaturgia. Além disso, com bastante foco no humor e na leveza, apesar da carga intrínseca do personagem principal, ela acabou se afastando muito da sua sombria e filosófica inspiração original: as HQs. Porém, a par dessas críticas comuns ao programa, Lucifer caiu nas graças de uma legião fiel de fãs, magnetizadas com a performance de Ellis, que catapultou seu “Morningstar” a ícone pop, naquela típica história em que se pode dizer que o ator foi feito para o personagem (ou vice e versa).

A mitologia celestial, por assim dizer, com todos seus anjos terminados em “el” (como o Amenadiel, do ator D. B. Woodside), demônios, figuras bíblicas (Eva, na performance de Inbar Lavi; Adão, por Scott MacArthur; Caim, por Tom “Superboy” Welling), mitológicas (Lilith, vivida pela mesma Lesley-Ann Brandt, que dá vida ao demônio de “bom coração”, Maze) e o próprio Deus (no corpo de Dennis Haysbert) foram inseridos e defenestrados – com maior ou menor ênfase – da série ao bel prazer de seus roteiristas.

Foto: Divulgação

O núcleo “policial” também mudava de personalidade, atenção e inclinação, de acordo com a conveniência do enredo, com óbvio destaque para Ella (Aimee Garcia), Dan (Kevin Alejandro) e Trixie (Scarlett Estevez).

Nesta última temporada, todos tiveram oportunidade de brilhar individualmente e de resolverem seus arcos dramáticos, como o “dedo ruim” para relacionamentos de Ella – o que justificou o surgimento do novo personagem Carol (Scott Porter) –; o mau-caratismo das primeiras temporadas de Dan, que precisou ficar no “modo fantasma” neste sexto ano; a dedicação celestial de Amenadiel que, como recruta da polícia, ganhou a mentora Sonya (Merrin Dungey), e a melhor subtrama desses episódios finais, envolvendo, mais uma vez, a lamentável e muito real questão do racismo. Alguns arcos, entretanto, soaram repetitivos, como o surgimento do machista estrutural Adão (otimamente interpretado por MacArthur), que tumultua o casamento de Maze e Eva, por mais uma vez explorar a dificuldade da demônio em amar ou se acreditar merecedora de amor.

Foto: Divulgação (o novo detetive, a policial sofrida e o primeiro homem – tóxico – da humanidade)

Com relação à trama central envolvendo os protagonistas, a sexta temporada, principalmente nos seus três primeiros episódios, começa lenta e até mesmo decepcionante, ao tratar mal e porcamente o impactante epílogo da temporada 5. Tudo fica num vai-e-vem preguiçoso e improdutivo, até o surgimento – para bagunçar tudo – da misteriosa Rory (Brianna Hildebrand, de Deadpool), no finalzinho do episódio 3, que deveria ter sido o episódio mais marcante da temporada, já que conta até mesmo com alguns minutos em animação 2D tradicional (mostrados nos trailers). Todavia, tudo acaba soando gratuito e comum, usando as mesmas fórmulas inúmeras vezes utilizadas, como o fato de os “poderes” de Lúcifer sempre “falharem” em momentos convenientes para o roteiro, e nunca como verdadeiro elemento dramático.

Foto: Divulgação (o episódio 3 e sua animação, que era para impactar, mas só foi curiosa)

Do quarto episódio em diante, a série começa a caminhar mais corajosamente rumo à sua conclusão, porém, em razão do clima de despedida, quase todos os arcos envolvem muito chororô, alguns até bem encaixados, mas outros forçados. O roteiro apela bastante para o sentimentalismo do espectador, o que ajuda a mascarar algumas de suas falhas, ou típicas “encheções de linguiça” (à exceção da já citada trama com Amenadiel).

Para criar a tensão final, o temível personagem responsável pela morte de Dan na temporada passada, o assassino francês Vincent Le Mec (vivido com maestria por Rob Benedict, indo do humor ao terror com espantosa facilidade), retorna com peso, representando uma tremenda ameaça para o anti-herói Lúcifer e a “Detective” Chloe.

Foto: Divulgação (esta, sim, foi a grande estreia da temporada final)

Por falar nos dois personagens principais, o relacionamento de Lúcifer e Chloe – após anos de extrema enrolação – mostra-se mais firme do que nunca, mas também não fica isento de interessante subtrama envolvendo o vício da Detetive no artefato mágico que lhe conferia superforça. Mas apesar da boa premissa, a trama não recebe o devido desenvolvimento e, assim como iniciou, acaba com única cena, revelando-se apenas outro enxerto para estender a série pelo máximo de episódios possíveis. Às vezes ainda parece faltar um pouco de química entre o casal de protagonistas, mas o amor dos dois – capaz de sobreviver ao tempo e à morte – acaba soando verossímil.

Foto: Divulgação (um amor dos infernos)

Dito tudo isso, sem spoilers, pode-se afirmar que a série, mesmo com algumas lacunas de roteiro, encontra final digno para sua trajetória, construído por meio de uma trama simples, mas bem amarrada, além de realmente gerar certa incerteza quanto destino do protagonista.

O final é real, coerente e, de verdade, deixa uma dorzinha no peito, por saber que tudo acabou.

A série Lucifer era agradável e bem feita. Nada que vá mudar a vida de ninguém. Mas era tentador acompanhar as traquinagens do demônio mais bonzinho que a cultura pop já criou (desconsidere o Little Nick, de Adam Sandler, por favor!).

Já estamos com saudades, Lúcifer Morningstar!

Até breve, tripulantes!

Foto: Divulgação (acabou-se o que era doce…)

_______________________________________________________________________________________________________________________________________

Nota: 4 / 5 (ótimo)


SIGA-NOS nas redes sociais:

FACEBOOK: facebook.com/nerdtripoficial

TWITTER: https://twitter.com/Nerdtripoficia3

INSTAGRAM: https://www.instagram.com/nerdtripoficial/

VISITE NOSSO SITE: www.nerdtrip.com.br


VEJA TAMBEM:

AMOR, SUBLIME AMOR | Confira novo trailer do remake dirigido por Spielberg

INSÔNIA NERDTRIP #01 | Corra Lola, corra!!!

THE MATRIX RESSURECTIONS | Neo está de volta! Trailer de Matrix Ressurections é divulgado!

ELE É DEMAIS | Crítica do Neófito

 

Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

Comente aqui!

Mais lidos da semana