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Críticas

LUCIFER TEMPORADA “5.1” | Crítica do Neófito

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Há produções audiovisuais (para cinema ou televisão) que começaram com uma pegada e terminaram (ou continuaram) de forma completamente diferente.

A franquia Velozes e Furiosos, por exemplo, iniciou-se em 2001 como um típico filme de baixo orçamento, quase doméstico e indie, estrelado por artistas de pouca expressão na época (à honrosa exceção de Vin Diesel, que um ano antes havia chamado a atenção como o anti-herói Riddick no também “filme B”, Eclipse Mortal). Atualmente, prestes a estrear sua nona continuação, os filmes Velozes e Furiosos foram alçados ao patamar das megaproduções hollywoodianas, com cenas de perseguição automobilísticas de dar inveja a 007 ou Missão Impossível. Pelo trailer do próximo e aguardado longa, parece que um dos carros vai pular de Bungee jumping!!! Como se diz em Minas Gerais: truco!!!!

 Foto: Divulgação

Em termos de séries televisivas, há um grande medo de se mudar radicalmente algum personagem ou o tom do programa, já que é exatamente o território conhecido que garante o interesse da audiência. Seriados como Arquivo X, A Gata e o Rato, Louis e Clark viram seu público despencar após a resolução do mistério que movia a série ou a resolução da tensão sexual entre os personagens principais, enquanto Law & Order SVU, por outro lado – a mais duradoura série de TV de todos os tempos – já está em sua 21ª temporada, mesmo com a mudança de praticamente todo o elenco ao longo desses anos (à exceção de Mariska Hargitay), muito graças à mesma fórmula batida de uma história fechada por episódio, com raras concessões ou arcos mais longos a permear a temporada. E é incrível que, mesmo tratando de temas como abuso sexual, estupro, pedofilia e afins, a série consegue manter um alto nível de elegância, praticamente sem palavrões e acessível ao maior público possível.

Foto: Divulgação

A HBO e as atuais plataformas de streaming conferem uma liberdade maior para os produtores de minisséries, séries e seriados, no sentido de permitirem abordagens e coloridos mais adultos às suas produções, que envolvem sexo, nudez, palavras de baixo calão e violência gráfica em doses, por vezes, generosas.

Levando essas duas premissas acima em consideração, a série Lucifer, adaptação para o live-action do personagem criado por Neil Gaiman para sua obra máxima – Sandman (também em pré-produção para a Tv!) – que primeiramente foi desenvolvida pela Fox por 3 temporadas relativamente bem sucedidas (de 2016 a 2018), foi salva pela Netflix, também em 2018, com a notícia de que o programa – até então bastante conservador em termos de concepção, sem palavrões, sem nudez, sem sexo, com baixa dose de violência gráfica – ficaria mais ousado.

Foto: Divulgação

Esperava-se, de fato, que a série talvez pudesse se aproximar mais de sua origem quadrinística – a cargo do roteirista Mike Carey, que escreveu suas histórias por 75 edições, de 2001 a 2006 – e na qual o tom mais adulto e transgressor foi marca registrada. Afinal, Lucifer comandou o inferno por milênios, sendo o pai da mentira, o hedonista supremo, o rebelado do céu e o carrasco a aplicar a punição eterna para as mais odiosas almas do universo; um ser que viu de tudo e mais um pouco, até ficar entediado e vir para a Terra tocar piano em um bar.

Nos quadrinhos, a complexidade psicológica de Lucifer é grande. Ele se mostra uma criatura afastada, superior, carregado de um tédio do tamanho do planeta, completamente desiludido com o ser humano, anjos e o próprio Deus.

Ao ser transplantado para a Tv, Lúcifer (interpretado brilhantemente por Tom Ellis) se tornou quase um adolescente irresponsável, uma criatura eternamente infantilizada, apesar de ter milhares de anos de vida e comandado uma revolução no Paraíso contra as “injustiças” de Deus. Uma vez na Terra, o Estrela da Manhã se comprazia em pregar peças em seus desafetos, curtir a vida em sua boate e resolver crimes (por ser divertido) ao lado da Detetive Chloe Decker (Lauren German), que misteriosamente o deixava vulnerável. A óbvia atração nunca resolvida entre os dois dava o toque final para o sucesso do programa.

Chegando à Netflix, porém, tudo o que se viu de ousado na 4ª temporada – a primeira produzida pela plataforma de streaming mais famosa do mundo – foi o bumbum de Ellis à mostra, alguns palavrões esparsos e um ou outro beijo lésbico, muito graças à introdução da personagem Eva (a bela Inbar Lavi).

Foto: Divulgação (à direita, a bela Eva de Inbar Lavi beijando Ella; à esquerda, detalhe da beleza de Lavi)

Apesar do vilão da semana (no caso, do episódio) e de praticamente o mesmo tom de quando estava na Fox, a 4ª temporada foi perpassada por um arco interessante, no qual Lucifer perdia o controle de sua forma humanizada para exibir sua forma demoníaca e, na medida em que ia se rendendo aos seus sentimentos por Chloe, demônios fugidos do inferno sem chefia começaram a aprontar sobre a Terra. Os episódios finais trouxeram uma bem vinda atmosfera de terror (ainda que tímido) para o seriado e o final foi realmente intrigante: – SPOILER!!!!!! ­– Lucifer é obrigado a voltar para o comando do inferno, deixando Chloe arrasada. A premissa era riquíssima.

A 5ª temporada – a princípio anunciada como a derradeira – foi muito aguardada. Antes mesmo de sua estreia, porém, foi revelado que seria dividida em duas partes de 8 episódios e que haveria mais uma – agora sim! – última e definitiva 6ª temporada. Afinal, o personagem realmente caiu nas graças do povo, contando com um público fiel e dedicado, alçando Tom Ellis ao status de sex symbol!

Eis que a temporada “5.1” estreia e, logo nos dois primeiros episódios, tudo o que foi construído na temporada anterior foi jogado por terra, com o retorno de Lucifer à delegacia de Chloe, Daniel “Dan” Espinoza (Kevin Alejandro), Ella Lopez (Aimee Garcia) e as presenças recorrentes do anjo-paterno Amenadiel (D.B. Woodside), da demônio em busca de alma Mazikeen “Maze” Smith (Lesley-Ann Brandt), e da terapeuta do diabo Linda Martin (Rachael Harris).

Foto: Divulgação

A grande surpresa (já revelada no trailer): o irmão gêmeo de Lucifer, Miguel (também interpretado, com vários trejeitos, por Tom Ellis, agora em dose dupla).

Foto: Divulgação (briga em família: Lucifer enfrenta seu irmão gêmeo Miguel)

Algumas coisas soam absurdas: Lucifer teria passado milhares de anos no inferno, enquanto na Terra sua ausência foi apenas de dois meses! Para voltar à Terra, Amenadiel ficou no comando do inferno até que “uma voz” lhe disse que podia retornar à Terra, sem perigo de os demônios se rebelarem novamente.

Para espectadores mais exigentes (dentre os quais este colunista se inclui), foi um pouco decepcionante a forma como as coisas foram resolvidas para que tudo voltasse a ser como era antes. A certa altura da temporada 5.1, Lucifer se torna muito similar a como ele era no segundo ano do programa.

O mesmo vale para quase todos os demais personagens que, de fato, simplesmente não evoluem! Maze vai e volta em sua dedicação/ódio a Lucifer e demais personagens da série. Chloe – uma mulher competente, empoderada e madura – faz um drama gigantesco para – como diria Djavan – “decidir se dá ou não” (com o perdão da piada mais picante). E por aí vai.

Foto: Divulgação

Em certo episódio, Lucifer e Chloe têm que resolver um crime ocorrido num estúdio de tv que produz um seriado sobre o “diabo” e sua companheira detetive. A vítima é o produtor, o qual era conhecido por usurpar as ideias dos roteiristas, mudar as histórias a seu bel-prazer e encaminhar a série do seu jeito. Talvez, de alguma forma, este episódio tenha passado despercebido da produção, como forma de se fazer sutil crítica ao próprio programa…

Outro episódio que chama a atenção é o que emula um filme noir, filmado em maravilhoso preto e branco, e que serve para mostrar o talento versátil de Lesley-Ann Brandt, no papel de Lilith, a mãe de Maze (também interpretado por ela), numa performance bastante diferente do usual mal humor da demônio.

Foto: Divulgação

A mesmice da série também prejudica o que deveria ser algo surpreendente. Por exemplo, o arco envolvendo Ella e seu novo namorado é passível de ser desvendado logo nos primeiros momentos.

Por fim, o último episódio da temporada 5.1. recebe tratamento especial, com efeitos especiais de primeira linha (algo raro no programa) e, finalmente, a aparição – SPOILER!!!!!! – da nada mais, nada menos, do que de Deus, interpretado por Dennis Haysbert, que já foi Presidente dos EUA na série 24 Horas! Isso é que se pode chamar de ‘evolução’! (ou seria uma metáfora??).

Ainda assim, Lucifer é incrivelmente divertido de se assistir. Tom Ellis é supercarismático, valendo o ingresso mesmo nas cenas mais clichês e repetitivas.

Lamenta-se apenas que, tendo uma data para acabar e gozando da liberdade que só uma plataforma de streaming poderia lhe conferir, o programa tenha optado pelo lugar comum das fórmulas que deram certo, sem realmente ousar, como – um dia – havia sido aventado!

Mas que venha a temporada “5.2” e a 6ª, para ficar tudo “do jeito que o Diabo gosta”!!!

P.S.: Ah, seria injusto não destacar uma boa e significativa mudança positiva: o rosto e lábios de Lauren German estão mais suaves e sem as visíveis aplicações de colágeno e botox, que a atriz vinha evidentemente abusando, preocupada em ocultar seus 41 anos de idade para uma personagem que não deve passar dos 30, na série.

Foto: Divulgação

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Nota: 3 / 5 (bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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