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Críticas

STAR TREK DISCOVERY | Vulcanos sentimentais e klingons sem honra no melhor episódio até agora! – Episódio 06: “Lethe” – Crítica do viajante

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Com seis episódios já exibidos pela rede de streaming Netflix, “Star Trek: Discovery” vem causando um grande cisma entre os “Trekkers”. Muitos dos fãs mais conservadores implicam com o fato de a sociedade utópica idealizada pelo criador da franquia já falecido, Gene Roddenberry, não estar sendo devidamente representada. Esquecem-se porém, que para chegar a essa sociedade, houve algum tipo de transição. Não se passa de um planeta mesquinho, cruel, eternamente envolvido em guerras internas, para outro científico, altruísta e pacífico da noite para o dia. E particularmente, aceito que essa transição possa ser mostrada nas telas sob o título da franquia.

Analisando friamente, a “Série clássica” está bem aquém a esses ideias sociologicamente do que “The Next Generation“. E “Kirk”, capitão na primeira, também está longe de ser um Piccard, o capitão da segunda, nos quesitos ordem, lógica, disciplina e obediência às regras estabelecidas. Talvez por isso o capitão “Gabriel Lorca” (Jason Isaacs) me lembre um pouco o velho Kirk. Ousado, sem grande apego às regras e sem medo de desobedecer ordens superiores. Óbvio que Lorca é também paranóico e moralmente dúbio, mas que existe uma semelhança, não há como negar.

Se juntarmos a isso o fato de que Discovery se passa apenas 10 anos antes da série clássica na cronologia da franquia, entendemos que estamos sim em uma transição para uma sociedade utópica que alcançaria seu ápice 100 anos depois. Além do fato de que em Discovery a Federação está em guerra com os klingons, raça guerreira que preza a honra acima de tudo e que se juntaria à mesma federação anos depois.

E é justamente a falta de honra por parte dos klingons nesse episódio 06 que pode voltar a incomodar os mais puristas. Retratada como a qualidade suprema dos guerreiros do planeta “Qo’noS”  em quase todos as séries da franquia, em “Lethe” vemos os mesmos armarem uma armadilha no mínimo desonrosa para os membros da federação, utilizando-se da mentira para capturar um de seus membros. Mas isso pode ser justificado futuramente, já que desde o episódio passado percebemos a formação de facções dentro do império klingon. Há a possibilidade de que Voq (Javid Iqbal), o klingon albino que foi humilhado pelo atual líder dos mesmos na guerra  o general “Kol” (Kenneth Mitchel), venham a se confrontar, e uma vitória do primeiro pode restabelecer a tão prezada honra.

Ash Tyler

Outros membros da tripulação da U.S.S. Discovery começam a tomar importância. “Ash Tyler” (Shazad Latif), que fora resgatado de uma prisão klingon no episódio anterior por Lorca, acaba sendo nomeado o novo chefe de segurança da Discovery, após a morte da anterior há dois episódios. Roteirismos a parte, já que para isso o capitão desprezou todo um corpo de oficiais de carreira que poderiam e provavelmente aspiravam ascender ao cargo em prol de um oficial que ele sequer conhecia, um total desconhecido e que pode se revelar, porque não, um espião dos klingons no futuro, já que passou tanto tempo em poder dos mesmos.

Almirante Kat Cornwell

A almirante “Kat Cornwell” (Jayne Brook) também cresce dentro da trama, coisa rara quando se trata desse tipo de patente da frota, geralmente relegada a pequenas pontas. Almirantes nunca são importantes dentro dos enredos, pelo menos não por muito tempo, o que parece estar mudando agora.

Outro detalhe que deve fazer alguns trekkers surtarem é a demonstração de sentimentos por parte de “Sarek” (James Frain) (foto de capa). O pai do personagem mais conhecido de toda franquia, “Spock“, é um alto membro da sociedade “vulcana“, raça alienígena que preza a lógica acima de tudo em detrimentos a paixões e sentimentalismos em geral. Criados desde crianças para desprezarem os sentimentos e educados e treinados para expurgarem-nos de suas mentes, os vulcanos são extremamentes frios. Neste episódio, “Sarek” se mostra indeciso ao ter que escolher entre seus filhos e depois arrependido e envergonhado por ter tomado a decisão que posteriormente se mostra errada em seu julgamento. Mas convenhamos, “Spock”, “Tuvok” ou qualquer outro vulcano que já foi realmente explorado a fundo em toda a franquia, já provaram que nenhum deles consegue se isolar 100% de seus sentimentos, e que geralmente isso mostra-se benéfico.

A química explosiva entre a protagonista “Michael Burnham” (Soneqa Martin-Green) e seu capitão vai se consolidando e provavelmente deve se tornar aquela amizade com alto grau de cumplicidade que costuma ser um dos pontos altos de todas as séries da franquia.

Apesar, ou, mais provavelmente por causa de todos esses detalhes que descrevo acima, “Lethe”, em minha opinião foi o melhor episódio dos 6 apresentados até agora. Trouxe a nós doses de suspense e adrenalina na medida certa. O clima de tensão e guerra me traz à lembrança os melhores episódios da única outra série de Star Trek que trouxe a guerra como principal tema do enredo, “Star Trek: Deep Space Nine“. Lembrando que “DS-9” também teve episódios sombrios, paranóicos e que o capitão “Sisko” também teve que tomar decisões que desafiam a ética e a moral da federação. Para quem não se lembra, recomendo que assistam “In the Pale Moonlight“, que para mim é o melhor entre todos nas 7 temporadas daquela série. Ou seja, Lorca não é nenhuma novidade e muito menos um insulto ao cargo de capitão da frota como já vi alguns resmungando pelas redes sociais.

“Lethe” faz subir minha classificação para Discovery em meia estrela:

Links para as críticas dos episódios anteriores:

Episódio duplo de estréia

Episódio 03

Episódio 04

Episódio 05

Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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