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Críticas

EMILY EM PARIS S01 | Crítica do Neófito

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Emily em Paris, produção da Netflix com a MTV a partir da ideia de Darren Star (do antigo Barrados no Baile), e estrelado pela linda (e magérrima) Lily Collins, é daquelas séries irresistíveis: ambientada na Cidade Luz, até quando chove ou inverna, tudo é glamouroso, charmoso, “hot” e apaixonante.

 Foto: Divulgação

Além disso, são 10 episódios curtos (20 minutos cada), muito bem fotografados, com cenários naturais obviamente fabulosos (mesmo fugindo do lugar comum da Torre Eiffel e Louvre, citados e mostrados, mas nunca explorados), figurinos impecáveis, muita gente bonita, contados numa narrativa objetiva (quase acelerada), sem enrolação, sem muito drama, mas com personagens cativantes e ótimos ganchos narrativos.

A história é de uma simplicidade esplendorosa: Emily Cooper (Lily Collins) é uma publicitária de 20 e poucos anos, dedicadíssima ao seu trabalho numa companhia de marketing de Chicago que, ao invés de ser promovida na agência, é indicada às pressas para substituir sua inesperadamente grávida chefe imediata numa vaga na subsidiária francesa Savoir, sediada em Paris.

Foto: Divulgação (Philippine Leroy-Beaulieu como a temível Sylvie)

Chegando à deslumbrante e secular Paris, Emily – que não sabe falar francês! – vai precisar lidar com as diferenças culturais e linguísticas, passando a ser chefiada pela hostil e “quase megera” Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) e a ser, de início, vítima contumaz de bullying dos engraçadíssimos Julien (Samuel Arnold) e Luc (Bruno Gouery), que depois se tornam eventuais aliados.

Foto: Divulgação (os hilários Bruno Gouery e Samuel Arnold, respectivamente como Luc e Julien)

Como não poderia ser diferente, Emily deixa um relacionamento aparentemente promissor nos EUA para se deparar, no apartamento debaixo do seu, com o belíssimo chef Gabriel (o novo galã, Lucas Bravo), que, também obviamente, namora com a linda e simpaticíssima Camille (Camille Razat).

Foto: Divulgação (o tradicional “triângulo amoroso”, formado entre os personagens de Emily, Camille e Gabriel)

O primeiro e verdadeiro suporte amigo que Emily recebe na linda Paris vem da babá de origem chinesa, Mindy (Ashley Park, divertidíssima), que na verdade é a rebelde cantora frustrada, filha de um milionário empresário chinês, fugida para a França para “viver a sua liberdade” (e tome cutucada na cultura chinesa, face à liberdade estadunidense).

Foto: Divulgação

Com alguns outros poucos coadjuvantes – em geral, belos, elegantes e charmosos – o seriado é facilmente digerível e maratonável, garantindo algumas boas horas de entretenimento de qualidade.

Mas…

… Nem tudo são flores Emily em Paris.

O seriado, apesar da ótima produção, do clima “pra cima”, dos belos atores, figurinos e cenários, é um festival de clichês e uma absurda celebração da suposta “superioridade” cultural norte-americana. Por mais que o bom gosto francês seja decantado a cada episódio, em dado momento parece ser retratado mais como “frescuras” e “esnobismos”, do que como sincero reconhecimento cultural, afinal, são as táticas “americanas” de Emily que sempre se mostrarão mais adequadas para resolver os problemas surgidos.

Foto: Divulgação (cenas variadas do seriado)

A personagem de Emily também possui traços de Poliana, nunca se abalando de verdade com todos os preconceitos e maus trataos que recebe, sempre tidos à conta de serem um traço natural dos franceses, o que, analisado friamente, isto sim soa como verdadeiro preconceito.

Além de Poliana, Emily também é meio Psiquê (do clássico mito “Eros e Psiquê”), para quem tudo acaba dando certo, mesmo sem muito esforço. Tudo bem que o programa se trata de uma comédia leve, mas é incrível como o cosmos parece conspirar a favor da personagem principal.

Mas, além de Poliana e Psiquê, Emily também é – apesar de bela, solícita, inocente e sorridente – bastante arrogante, como é mencionado em alguns episódios. Afinal, qualquer pessoa real do mundo que ganhe a oportunidade de viajar para um país estrangeiro para ali trabalhar numa posição subalterna terá o mínimo cuidado de aprender – verdadeira e rapidamente – nem que seja alguns rudimentos do idioma local. Mas não uma descolada norte-americana, não é? Para que? O inglês é a língua universal! Os outros que o aprendam! Nos primeiros episódios, chega-se até a mostrar Emily tomando aulas de francês, mas isso logo é deixado totalmente de lado, muitas vezes sob a desculpa não explícita de que os franceses são demasiado intolerantes com quem não sabe a língua deles (quando, por exemplo, Emily é hostilizada por um garçom, ao fazer um pedido errado, usando falso cognato).

Isso serve de desculpa para que o seriado inteiro – mesmo que completamente ambientado em Paris – seja sempre falado em inglês! Até no telefone ou em conversas informais que ocorram ao lado de Emily, todo mundo fala em inglês!!! Na primeira metade desta primeira temporada, há até um certo cuidado de se mostrar alguns diálogos em francês, porém, a partir do 4º episódio, o idioma do Tio Sam se impõe soberanamente!

Mesmo sendo adorável, Emily em Paris incomoda com essas incoerências, liberdades ficcionais e arrogância cultural. Na verdade, não é Emily que se adapta à França (a não ser no quesito vestuário!), mas a França que verdadeiramente se adapta a Emily!

Foto: Divulgação

Não há definição ainda se haverá uma segunda temporada, mas, haja vista a repercussão da série – que, inclusive, virou uma fábrica de memes divertidíssimos nas redes – é quase certo que as desventuras da garota estadunidense na glamourosa Paris ganhem continuação.

(detalhe: Lily Collins, na verdade, é inglesa, filha de Phil Collins, e não norte-americana!!!)

Foto: Divulgação

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Nota: 3 / 5 (bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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