Críticas
KING’S MAN: A ORIGEM – Recontando a história do mundo | Crítica do Neófito
Já dissemos, em outras oportunidades, que muito das premissas que sedimentaram o caminho do sucesso do MCU se deve à mente criativa do quadrinista escocês Mark Millar, responsável por Os Supremos da Marvel Ultimate.
É daí que se extraiu a personalidade hedonista de Tony Stark, o caráter mais “soldado” do Capitão América; o Homem-Aranha como discípulo do Homem de Ferro (isso foi em “Guerra Civil”, que também é de Millar); o Gavião Arqueiro e Viúva Negra como agentes a fazer o serviço sujo do governo; o Nick Fury negro; e por aí vai.
Seu talento para desenvolver roteiros quadrinísticos extremamente cinematográficos não passou desapercebido de Hollywood, que não demorou a adaptar várias de suas obras, como, aliás e também, a Netflix, a qual chegou a desenvolver o “Millarverso”, surgindo o infelizmente mal-sucedido projeto O Legado de Júpiter. Mas, nas transposições bem-sucedidas, podem-se citar Logan, Kick-Ass, e Kingsman: Serviço Secreto (2012-2013), baseada na HQ homônima (e menos comercial) escrita por Millar e desenhada por Dave Gibons (Watchmen).
Sendo assim, o filme estreia em 2014, dirigido por Matthew Vaughn, e estrelado por Colin Firth, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Michael Caine e pelo ainda desconhecido (mas muito promissor) Taron Egerton (que depois se destacaria no papel de Elton John, na cinebiografia musical, Rocketman, de 2019).
Kingsman: Serviço Secreto, foi um sucesso surpreendente e inesperado. A trama de espionagem, com toques de ficção científica, violência gráfica, coreografias de lutas engenhosas, humor britânico em sua melhor forma, vilão cartunesco e até uma pitada de erotismo, agradou o público sedento por novidade.
Resultado? Sequências, claro!
Em 2017 estreou Kingsman: O Círculo Dourado, o qual, obviamente, tinha a obrigação de ampliar o sucesso do longa de 2014. Mas a história (repetitiva) era claramente bem mais fraca do que a do filme antecessor, apesar das inclusões no elenco de Julianne Moore, Halle Berry, Channing Tatum, Pedro Pascal, e até de Elton John em pessoa, vivendo a si mesmo em paródia hilária. O sucesso foi relativo, insuficiente para a produção de uma terceira aventura utilizando os personagens protagonistas vividos por Colin Firth e (o agora estrelado) Taron Egerton; mas, o bastante para o start de nova franquia derivada do “produto principal”.
Eis, então, o surgimento de King’s Man: A Origem que, como o nome diz, conta a história da fundação da organização secreta composta por agentes com nomes dos Cavaleiros da Távola Redonda.
Mais uma vez dirigido por Matthew Vaughn, o longa derivado da franquia principal – e protagonizado por Ralph Fiennes, como Duque de Oxford; Gemma Arterton, Djimon Hounsou, Matthew Goode, e mais um monte de gente famosa em papeis secundários ou pontas – optou pela abordagem um pouco menos humorística do que os dois primeiros Kingsman’s, mas ainda assim divertida. A cena de luta envolvendo o personagem Rasputin (Rhys Ifans), cuja técnica marcial deriva da típica dança russa Trepak, além de bem coreografada, é tensa e engraçada, tudo ao mesmo tempo.
Foto: Divulgação (o que o Voldemort está fazendo aí?)
Mas o filme opta, também, por certa dose de drama, ao retratar, por exemplo, os nada glamourosos combates dos fronts da 1ª Guerra Mundial, além da chocante e inesperada morte de uns dos até então principais personagens do longa.
A premissa do roteiro é, como na franquia principal, bastante absurda, envolvendo o que seria a reunião de diversos e controversos personagens reais e fictícios da história humana na década de 1910 (como o citado Rasputin, Mata Hari e Lenin) na orquestração da derrocada da Inglaterra, ainda que, para isso, fosse necessário criar o cenário para a sangrenta guerra mundial. Desse modo, o real assassinato do Arquiduque Austro-Húngaro, Francisco Fernando, pelas mãos do anarco-radical Gavrillo Princip (interpretado no filme por Robert Aramayo) – considerado por muitos historiadores como o estopim para o conflito armado mundial – seria apenas parte da execução desse plano maquiavélico para destruir o Império Britânico; plano, este, todo orquestrado pelo misterioso Pastor que, inexplicavelmente, tinha ascensão sobre todos os personagens citados, os quais verdadeiramente o temiam.
Esse, aliás, o ponto mais fraco do roteiro, afinal, em momento algum fica explícito o porquê de todo mundo temer tanto o vilão da trama (mantido escondido até a sequência final, mas facilmente deduzido. pelos mais atentos), bem como o motivo pelo qual suas reais motivações seriam capazes de reunir tanta gente poderosa ao seu redor, com disposição para provocar a morte de milhões.
O personagem de Ralph Fiennes, assim, como ex-soldado, ex-pacificista, viúvo, pai dedicado e amoroso, político hábil, nobre e milionário, acaba enredado na teia desses acontecimentos, tendo que tomar atitudes que impedissem ou mitigassem a guerra ou a derrocada total da Inglaterra.
E tome estratégia, intriga, planos mirabolantes, lutas, mortes, reviravoltas e surpresas durante as duas horas de projeção, às quais não pesam, pelo ritmo interessante da produção, sua bela fotografia (algumas fruto de competentes CGI’s), bonita cenografia, figurinos impecáveis e entrega do elenco.
Na verdade, King’s Man: A Origem supera as expectativas iniciais, revelando-se entretenimento inferior ao primeiro filme da franquia, mas bem melhor do que o segundo longa daquele universo. Não é memorável, mas também não é execrável, como alguns da imprensa o pintaram.
Fiennes está à vontade em papel mais físico do que o seu costumeiro, mandado ver nas cenas de luta e quase convencendo como ator de filmes de ação. Os demais artistas cumprem bem seus papeis, muitas vezes concebidos em estrutura linear e simples. Vaughn demonstra segurança nos seus personagens e naquele universo, de modo que a atmosfera da franquia inicial é mantida.
Ao final do filme, fica-se com a boa sensação de ter-se tido duas horas de satisfatória diversão escapista. Ao contrário de Kingsman: Serviço Secreto, não vai provocar lembranças de longo prazo ou aquele desejo irresistível de o rever quando passar nas inumeráveis reprises na tv a cabo ou canais de streaming. Mas enquanto durar a experiência, vai ser agradável, se você não for muito exigente como um fleumático britânico seria, claro!
Foto: Divulgação (se é para morrer, que seja bem vestido, pelo menos)
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Nota: 3 / 5 (bom)
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