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Críticas

LA CASA DE PAPEL: TEMP. 3, PARTE 5, VOL.2 – O assalto acabou! | Crítica do Neófito

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La Casa de Papel provou para o mundo que existe vida inteligente no entretenimento fora dos muros de Hollywood!

O sucesso fenomenal da famosíssima série espanhola idealizada por  Álex Pina, após sua aquisição e distribuição pela poderosa Netflix, não foi por acaso.

Mas qual o segredo de La Casa de Papel, para ter feito tanto sucesso assim?

Bom, se tivéssemos essa resposta, certamente estaríamos nadando em dinheiro hollywoodiano, por deter a resposta que vale muito mais que 1 milhão de dólares!

Aliás, qualquer um que tenha a “fórmula infalível” do sucesso midiático valerá seu peso em diamantes!!!

No entanto, mesmo sendo impossível precisar o que tornou La Casa de Papel tão especial e universal, pode-se especular uma série de fatores que tornaram o programa tão atrativo assim, concluindo-se, por fim, que não há apenas um elemento que a torne tão sem precedentes assim; mas, ao contrário, o sucesso da série seria resultado da confluência de fatores, somados, logicamente, ao timing perfeito.

A temática não é inovadora. Afinal, há diversos filmes e obras audiovisuais de grande ou relativo sucesso – verdadeiro subgênero dos filmes de ação – desenvolvidos a partir de histórias de assalto, como Ladrão de Casaca (1955), Golpe de Mestre (1973), Caçadores de Emoções (1991), Vida Bandida (2001),  Onze (“ou mais”) Homens e Um (“ou mais”) Segredo(s) (2002, 2004, 2007), Uma Saída de Mestre (2003), O Plano Perfeito (2006), Atração Perigosa (2010), Truque de Mestre (2013, 2016), Golpe Duplo (2015), Em Ritmo de Fuga (2017), Lupin (2020-2021), quase toda a franquia de Velozes e Furiosos, e por aí vai!

Há um charme quase irresistível em acompanhar tais histórias, contadas pelo ponto de vista do bandido – por quem se acaba torcendo – quase como numa projeção psicológica, de ver atos moralmente questionáveis – que a maioria de nós não teria coragem de realizar – sendo executados pelo ladrão “boa gente” e até mesmo justificados, algumas vezes sob a bandeira de se contestar o sistema ou coisas congêneres, como fica muito evidente no último episódio, na cena das pichações.

Nesse quesito, La Casa de Papel acertou em apresentar ladrões carismáticos, não por serem essencialmente bons (como, por exemplo, o recente Lupin, de Omar Sy), porém, justamente pelo contrário: são personagens, em sua maioria, problemáticos, muito humanos, repletos de falhas de caráter e até mesmo cruéis e inconsequentes, como o gosto pela briga de Denver (Jaime Lorente) e a treslouquice de Tóquio (Úrsula Corberó), bastante reforçada no volume 1 desta última temporada do programa. Isso causa identificação imediata. Todavia, esse acerto só foi possível graças a outro grande tiro certo da produção, que foi a escolha dos atores, incrivelmente bem em seus papeis, sem exceção. Para acrescentar, ainda nessa dobradinha personagens/elenco, algo que poderia ser considerado negativo, acaba representando um trunfo do programa, a partir da inclusão de boa dose de “dramalhão”, isto é, tudo é grandiloquente e exagerado: os personagens estão e são felizes, apaixonados e fraternos, tanto quanto estão e são explosivos, impulsivos, sofridos ao extremo, chorosos e tristes. É outro elemento de identificação.

Foto: Divulgação (bella ciao!)

Nestas duas últimas temporadas (na verdade, uma só, dividida em duas partes) isso ficou mais que evidente. Muitas lágrimas entremeadas com muitos risos, muito amor misturado com muito ódio, muita alegria seguida de muita tristeza, em doses desproporcionais.

Esse exagero, como dito, funciona para fisgar a atenção e causar constante sensação de incerteza quanto ao que pode vir a acontecer com os personagens, principalmente depois das surpreendentes mortes de Nairóbi (Alba Flores) e Tóquio (Úrsula Corberó), mas, às vezes, pelos extremismos, acaba por soar incoerente. Basta ver  a reação dos personagens que restaram – levando-se em conta o que enfrentaram nessa nova aventura – ao fim do último capítulo, para sentir que algo não combinou muito.

Além dos personagens e do elenco, outro destaque de La Casa de Papel foi sua forma de contar a história do assalto mirabolante. Se, nas produções audiovisuais acima citadas, ficava-se sempre aguardando a surpresa final, em que o grande plano dos protagonistas se revelava, inclusive com relação aos perrengues enfrentados, na série espanhola o grau de imprevisibilidade se mostrava muito mais alto, no sentido de que planos – por melhores que sejam – sofrerão imprevistos (seja pela aleatoriedade ou pela habilidade dos adversários), exigindo alguma margem de perda e de improviso na sua resolução. Isso justifica a tensão constante, os conflitos internos e os descuidos. Além disso, a cuidadosa construção de personagens, por meio de muitos flashbacks, faz com que o público conheça as motivações dos seus “heróis” (afinal, não se pode esquecer de que são ladrões, dispostos ao latrocínio!) e se importe com eles.

Nesta derradeira leva de episódios, os famosos flashbacks, por mais que contribuam para a narrativa presente, às vezes soaram excessivos e irritantes, ao se colocarem no meio do que realmente interessava, ou seja, o destino dos amados bandidos dentro do Banco da Espanha, muitas vezes quase evidentemente sombrio. Por mais que Berlim (Pedro Alonso, fenomenal) seja, de longe, o mais carismático dos personagens, seus arcos do passado – ainda que essenciais para certa reviravolta na história da temporada atual – acabavam parecendo outra série, pela estética e pelo tom, afinal, todos sabem, desde o final do segundo ano, do desenrolar do formidável ladrão-de-casaca-cafajeste.

Se no volume anterior o foco estava no que acontecia dentro do banco, quem se destaca, nesse último volume, é o personagem do Professor (Álvaro Morte), protagonista absoluto, desde o primeiro episódio. O personagem brilha em todos os sentidos, apesar de passar por certas repetições. Mas é evidente seu carisma, muito bem aproveitado pelo roteiro.

Foto: Divulgação (o homem mais procurado do planeta!)

A grana de produção foi claramente muito mais generosa do que nas duas temporadas iniciais, sendo muito bem aproveitada na criação de cenários, na cenografia, nas muitas cenas de tiros e explosões, na composição de efeitos visuais. Cabe dizer que o volume 1 desta 5ª temporada foi, evidentemente, muito mais explosivo e cheio de ação, quase no sentido hollywoodiano do termo, elemento que foi destaque em praticamente todas as críticas realizadas. Neste volume 2, a contínua ação é bem mais contida, mas a tensão é triplicada, em algumas circunstâncias pela repetição de certos recursos narrativos.

Pode-se mencionar, ainda, as muitas situações limites em que os protagonistas são colocados. Certa reviravolta do roteiro, por exemplo, ocorrida no antepenúltimo episódio, por mais que sutilmente anunciada, está ali apenas para tornar as coisas mais difíceis, sem muita serventia para a história principal. É surpreende e gostosa de se ver, mas unicamente por estender um pouco mais a trama e nos proporcionar a oportunidade de conviver mais um tantinho com os queridos personagens (assim como várias outras sequências). Para a história em si, friamente considerada, não se mostra relevante, sendo resolvida de maneira quase improvável, do ponto de vista da realidade.

Mas quem quer ver realidade numa série como esta?

O que importa é que La Casa de Papel, mesmo forçando um pouco a barra em seus maneirismos e repetições de roteiro, é irresistível! Não dá para começar sem terminar de ver a saga dos ladrões com nomes de cidades, porque o exagero e o surrealismo (reforçado pela emblemática máscara de Salvador Dalí) compõem a própria essência da série.

Ao fim desse volume 2 da 5ª temporada – e supostamente do final definitivo da série – ainda que com alguns defeitos e inferior ao impactante volume 1, La Casa de Papel se firma como dos mais bem sucedidos produtos da cultura pop mundial dos últimos tempos, haja vista seu somatório de estética hollywoodiana, viés pastelão espanhol (que nós, latinos, herdamos e “aperfeiçoamos”) e personagens cativantes e magnéticos.

Vai deixar saudade!

Seus protagonistas estão dando outros voos, como Jaime Lorente, em Elite; Enrique Arce (Arturo), em o Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019); Úrsula Corberó, em Snake Eyes; e Álvaro Morte, em A Roda do Tempo; mas chega a ser pena saber que a “gangue” pode nunca mais se reunir para roubar alguma coisa tão espetacular quanto a Casa da Moeda ou o Banco da Espanha, em meio a romance, intrigas, traições e reviravoltas a desafiarem a inteligência do Professor e sua trupe.

Foi muito bom, mas tudo tem que acabar.

E La Casa de Papel terminou com louvor, um verdadeiro “bella ciao”!

Foto: Divulgação (“nunca mais outra vez”…)

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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