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Críticas

STAR WARS: ASCENSÃO SKYWALKER | Crítica do Neófito

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Foto: Divulgação

Iniciada em 1977, pelo episódio IV (Uma Nova Esperança) – seguido pelos episódios V (O Império Contra-ataca, 1980) e VI (O Retorno de Jedi, 1983), que compõe a primeira trilogia – finalmente chega ao fim a saga Guerra nas Estrelas, com a estreia, em 19 de dezembro de 2019, do episódio IX: Star Wars: Ascensão Skywalker, que sucedeu os episódios VII (O Despertar da Força, 2015) e VIII (Os Últimos Jedi, 2017), os quais formam a terceira trilogia.

Difícil não se emocionar com o fim de uma história que acompanhamos há 42 anos (eu tinha 6 anos à época do primeiro filme!). Afinal, representa a despedida oficial de personagens queridos, que cresceram com a gente.

Os episódios I (Ameaça Fantasma, 1999), II (Ataque dos Clones, 2002) e III (A Vingança dos Sith, 2005) – a segunda franquia, prequel daquela iniciada na década de 1970 – tiveram o mérito de contextualizar a saga, esclarecendo certos fatos do cânone e, apesar de terem muitas falhas – o enfoque excessivo nos efeitos especiais em detrimento do roteiro e direção de atores, “forçação” de barra para introduzir fan service’s na marra, e um romance absolutamente inconvincente – foram responsáveis por contar a história de personagens fundamentais para a saga – Darth Vader e Obi Wan Kenobi – e de trazer lutas de sabres de luz antológicas. Todavia, apesar de sua importância para a história como um todo, não provocavam nenhum grande impacto emocional, pois, já sabíamos o destino de vários personagens ali presentes.

Foto: Divulgação (todos os filmes das trilogias já realizados e spin-offs)

Ao término da primeira trilogia (episódios IV, V e VI), no entanto, ficava-se com uma sensação de dever cumprido, de fim de história, ao mesmo tempo que estabelecia um futuro aberto para aqueles personagens. Podia-se prever, por exemplo, que a Princesa Leia Organa Skywalker (Carrie Fisher) se casaria com Han Solo (Harrison Ford) e teria papel importante na recém estabelecida república galáctica; Luke Skywalker (Mark Hamill) se aprimoraria na Força, tornar-se-ia um verdadeiro Jedi e provavelmente montaria uma nova escola para treinamento de padawans.

Muitas teorias sobre possíveis futuros dos personagens foram criadas em outros meios – quadrinhos e livros – com algumas até mesmo sendo consideradas continuações oficiais dos filmes.

Foto: Divulgação

Todavia, um belo dia, a Disney chega com seus milhões de dólares para engordar os bolsos já bem cheios do criador de todo este magnífico universo, e eis que George Lucas vende os direitos de seus personagens à Casa do Mickey, para que ela desse uma continuação cinematográfica oficial à saga da Guerra nas Estrelas.

Mas, a guerra não tinha acabado?

O temível Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) não havia morrido?

Toda a galáxia não havia comemorado o fim da ditadura imperial e suas armas de destruição em massa?

Claro que tinha! Todos assistimos a isso na primeira trilogia!

Só que não!!…

A terceira trilogia, começada com O Despertar da Força (2015) mostrou que a tensão na galáxia não tinha mudado; aliás, continuava a mesma coisa – senão pior – com o surgimento da Primeira Ordem, erguida a partir do que restou do Império e tendo como um dos seus líderes o filho de Leia e Solo (que, inexplicavelmente, voltou a ser mercenário), o poderoso, impiedoso e bastante confuso Kylo Ren/Ben Solo Skywalker (Adam Driver), seduzido pelo lado negro. A guerra continuava a assolar os planetas e o espaço sideral. A Princesa Leia havia se tornado Generala Leia e voltou a comandar uma resistência clandestina contra o temível poderio militar da Primeira Ordem, que, ao invés de criarem uma terceira Estrela da Morte, optaram por um “planeta da morte”, que, por sua vez, possuía uma falha tão básica quanto seus protótipos menores (que cambada de engenheiro ruim que esse povo tem, heim?).

A esperança da galáxia repousava novamente nas mãos de um auto exilado Luke Skywalker, cuja localização ninguém sabia, mas um droide simpático guardava em si uma informação valiosa para resolver esse, indo parar, após uma perseguição da Primeira Ordem, num planeta inóspito e desértico, onde uma jovem cheia de potencial, que vivia como catadora de sucata, mas ao mesmo tempo era uma excelente piloto de caça, além de claramente integrada à Força, o acha e acaba por se revelar a nova esperança da resistência, não sem antes se aliar ao mercenário Han Solo

Foto: Divulgação

Peraí! Essa história já não foi contada antes?

Na verdade, sim.

Obviamente, foram apresentados novos personagens realmente carismáticos, como a já mencionada Rey (Daisy Ridley, a “Luke Skywalker de saias”) e Poe Dameron (Oscar Isaac, um “clone menor” de Han Solo). O Finn de John Boyega oscilou entre o alívio cômico e um personagem dramático e, apesar do início promissor, careceu de maior relevância para a trama central (e este capítulo final deixa uma incômoda questão em aberto: o que Finn queria dizer para Rey? Estaria ele apaixonado por ela?). Já o Kylo Ren/Ben Solo de Adam Driver – excelente ator – estabeleceu-se como um vilão (ou anti-herói) bastante complexo.

Foto: Divulgação

Mas talvez o grande problema desta nova trilogia (episódios VII, VIII e IX) esteja justamente na reciclagem que promoveu na história da primeira trilogia (episódios IV, V e VI), ao invés de investir em uma nova trama, realmente inédita. Nesse sentido, Despertar da Força emula quase as mesmas circunstâncias de Uma Nova Esperança: uma ilustre desconhecida de passado obscuro surge como uma nova potencial jedi, a resistência precisa destruir uma enorme arma de destruição em massa do oponente opressor, um mentor é morto em confronto com o vilão sith mascarado e a Primeira Ordem (um Império anabolizado) sofre uma derrota em batalha; Os Últimos Jedi recorre ao mesmo arco de O Império Contra-ataca, mostrando o troco da Primeira Ordem sobre a resistência, o treinamento da padawan com um mestre jedi recluso num planeta escondido; já este recente Ascensão Skywalker guarda importantes paralelos com O Retorno de Jedi, que vão desde uma perseguição em alta velocidade dos heróis contra os Stormtroopers (sem dúvida, os piores atiradores do universo!), à batalha dos caças da resistência contra uma nova ameaça aniquiladora da Primeira Ordem, sem esquecer de uma dramática luta final – da heroína junto com um ex-vilão em processo de redenção – contra o mesmo Imperador Palpatine – que todos pensavam que havia morrido, só que não –, sem contar com a revelação de que a heroína é parente próxima de um personagem importante e bastante propensa a ceder para o lado negro… Ou seja, a história se repetiu, com algumas pequenas adaptações e alterações. (SPOILER: e não se esqueçam do abraço final entre o trio de protagonistas e a aparição dos fantasminhas Jedi para fechar a cena final!)

Ascensão Skywalker ainda enfrentou dois problemas estruturais: primeiro, o lamentável súbito falecimento de Carrie Fisher antes de ter concluído a filmagem de suas cenas realmente complicou algumas coisas a respeito do roteiro do filme. Desse modo, soa estranho o fato de Leia, que nunca se declarou ou se mostrou (a não ser em breve momento de Os Últimos Jedi) como uma jedi, tornar-se a mestra de Rey, e a curta explicação para esse fato é fornecida num rapidíssimo flashback. A morte da personagem na trama também se mostra um claro remendo, porém, explicável por representar um respeito ao que a atriz já havia feito para o longa e a todo seu legado para a saga.

Foto: Divulgação (adeus, querida Carrie!)

O segundo problema deste episódio IX parece estar numa necessidade de corrigir alguns supostos equívocos do episódio anterior, o qual dividiu a crítica (na maioria favorável) e opinião dos fãs. A personalidade que Luke demonstra em Os Últimos Jedi, por exemplo, parece destoar muito daquela que foi desenvolvida na primeira trilogia, algo que o próprio Mark Hamill (conhecido pela língua ferina) fez questão de ressaltar em entrevistas. O passado de Rey, aparentemente sem qualquer ligação com a Força, parecia abrir espaço para novas possibilidades, afinal, não parecia ser mais necessário que a pessoa pertencesse a uma linhagem genética específica para desenvolver poderes especiais, mas isso é jogado por terra a partir do momento em que Ascensão Skywalker resolve ligar a personagem a outro bastante conhecido e claramente sintonizado com a Força. E, por último, toda o aspecto político que o episódio VIII desenvolveu – os mercadores de armas, a resistência popular – são abandonados (a segunda trilogia também se focava bastante nos motivos políticos que levaram à galáxia à guerra, algo que não é mais mencionado nesta nova e terceira trilogia). Aliás, sempre me intrigou o fato de a guerra nas estrelas sempre se focar em batalhas entre forças militares, como os confrontos da era clássica e medieval, e nunca em estratégias militares, como destruir as fábricas de destroiers ou as fontes de matéria prima para armamentos da Primeira Ordem, por exemplo. De onde vem todo aquele metal para construir naves, caças e armas? Qual a localização das fábricas para essas construções? Onde os Stormtroopers são treinados? Por que nunca foi feita uma ação contra esses pontos estratégicos?

Foto: Divulgação

Tudo bem que o divertido de Star Wars é ver perseguições e lutas entre X-Wings e Tie Fighters; os Walkers (AT-AT) em ação, ou batalhas de sabres de luz e manipulação da Força; mas um roteiro mais coeso e coerente poderia levar os aspectos acima mencionados em consideração, sem perda do apelo para a aventura.

Ascensão Skywalker parece supercompensar – com ritmo constantemente frenético e urgente, muitos confrontos e foco no drama de Rey – suas falhas de roteiro.

Tudo é muito bem executado, até as sequências concebidas para emocionar. A fotografia é deslumbrante! Os efeitos especiais são realmente de tirar o fôlego! A concepção do mundo Sith – desde o planeta até à nave central – é assustadora e ao mesmo tempo belíssima, coerente com o que se poderia esperar desta seita.

J. Abrams, sem dúvidas, é ótimo cineasta e um esteta de primeira, profundo conhecedor de cinema (principalmente aquele realizado a partir da década de 1980 e pelos envolvidos na concepção de Star Wars), sabendo para onde quer conduzir seu público. Mas a sensação que ficou é que ele tinha muitas coisas a realizar neste último episódio e apenas duas horas de filme para tanto. Distanciar-se ao máximo de ser uma mera cópia da primeira trilogia, mas ao mesmo tempo se manter dentro daquele fantástico universo; dar uma resolução satisfatória para os personagens e seus arcos dramáticos; e dar conclusão a 42 anos de história, sem fechar (claro!) a possibilidade de novas investidas nesse universo.

Foto: Divulgação

Um último ponto que tem sido objeto de controvérsia é o (SPOILER) beijo entre Kylo Ren e Rey, seguida da morte, por sacrifício, dele. Muita gente tem detonado o filme todo por causa desta cena (alguns comparando com o final de Game Of Thrones), o que é, obviamente, uma injustiça. A atração estabelecida entre os personagens ficou clara desde o Despertar da Força. Se há um elemento realmente inédito e original desta terceira trilogia é justamente essa tensão sexual – elevada ao grau máximo em Os Últimos Jedi – que se formou entre os protagonistas oponentes. Tratou-se, na opinião deste colunista, de um final digno para Ben Solo. Afinal, ele foi um genocida e torturador. Ser preso ou aceito como aliado pela república (que se espera desta vez se reerga de vez) não parecem opções muito viáveis e coerentes.

Foto: Divulgação

Por fim, Ascensão Skywalker é realmente deslumbrante de se assistir e provoca muitas emoções em seus espectadores, principalmente os fãs de longa data (como este que vos escreve). Lágrimas brotam nos olhos en passant, afinal, é um fim de fato para Luke, Leia, Lando Calrissian (Billy Dee Williams), Chewbacca (Joonas Suotamo), C-3PO (Anthony Daniels), R2-D2 (Jimmy Vee) e Han Solo (Harrison Ford, aliás, faz uma última participação especial realmente tocante!). Nossos heróis se despediram de nós.

Foto: Divulgação

Ainda poderemos ver Rey, Poe Dameron, Finn, BB-8 e, talvez, até mesmo os velhos androides R2-D2 e C-3PO (este, aliás, graças ao seu arco neste episódio IX, poderia ter tido um final mais trágico e belo, mas resolveram deixar tudo como sempre, mais uma vez), mas os grandes ícones da saga Star Wars realmente nos deixaram para não mais retornar.

Fica uma sensação de que as coisas poderiam ter sido encerradas de forma melhor, mais definitiva, por tudo o que essa saga representou.

Mas, infelizmente, sabe-se que o dinheiro que Ascensão Skywalker gerar é que será, de fato, determinante para que o estúdio queria mesmo encerrar essa saga ou dar uma nova sequência reciclada da franquia.

Espero que não.

Quero ficar com um novo final aberto, imaginando em minha cabeça como seria o futuro daqueles personagens. Se forem revisitados, que seja numa nova trama e não num “Vale à Pena ver de Novo”.

Tchau, Luke Skywalker e companhia!

Foi muito bom viajar com vocês por esta galáxia muito distante!

Foto: Divulgação

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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