CRÍTICA LITERÁRIA | As Primeiras Quinze Vidas de Henry August

As Primeiras Quinze Vidas de Henry August, ou The First Fifteen Lives of Harry August, foi lançado em 2014 e Publicado no Brasil pela Editora Bertrand Brasil em 2017. Tive o prazer de conferir essa obra e posso dizer que é um livro cativante e sensacional.

Memorável, conta a história de Henry August, um homem que sempre ao morrer tem sua mente transportada para o início de sua vida num ciclo interminável.

Perto de sua décima primeira morte, uma garotinha de 7 anos (ou talvez centenas de anos, quem sabe?) chega ao seu leito e diz que o fim do mundo está cada vez mais próximo, como sempre. E que essa mensagem vinha sendo repassada de gerações em gerações, dos mais novos aos mais velhos. E que “agora era com ele”…

Assim, como tantas vezes, depois de séculos de existência, Henry renasce em sua própria vida e começa a se questionar e procurar o que está acontecendo, investigando qual seria o seu papel para o salvamento do mundo.

É uma ficção científica de ponta. A autora Claire North (ou Catherine Webb) mostra um texto interessante sobre física quântica e questões relativas sobre o tempo e as consequências vindas de alterações históricas. É tudo muito, muito crível e amarrado. Henry August é um personagem natural e bem escrito, você realmente sente suas dores, remorsos, raivas e angustias.

E sim, o protagonista tem papel fundamental nesse fim próximo. Importância essa que o força a tentar salvar, além do planeta, seus outros iguais: os Kalashakra (pessoas que sempre voltam ao início da vida quando morrem – sim há muitos outros).

As Quinze Vidas de Henry August não é uma história linear, ela vai e vem entre as vidas, deixando a leitura dinâmica e refrescando a trama. É possível morrer definitivamente como um Kalashakra, mas não vou dar spoilers. O que importante é que as duas formas de mortalidade apresentadas na história deixam as coisas mais intensas e emocionantes.

Como se passa logo após a segunda guerra mundial, a ambientação tem aquele charme e peso político das décadas de 50 a 80.

Se fosse para definir esse livro com uma mistura de outras obras, eu acho que seria uma mescla do filme “Te Amarei para Sempre (Tradução horrível para A Esposa do Viajante do Tempo)”, do filme “Efeito Borboleta” e de qualquer filme ou livro de espião “oitentista”.

O vilão não é aquele estereótipo do super general que quer controlar tudo. Não, é bem diferente disso, aliás. Não se percebe que ele é o problema desse arco até certo ponto.

Eu só achei que o final deixou um pouco a desejar. Você passa centenas de anos com Henry e acredito eu que o desfecho poderia ter sido um tiquinho mais grandioso. Entretanto, isso não desmerece em nada essa excelente história.

Recomendo Muito.

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