Música
THE WELLERMAN | A história por trás da música de sucesso do TikTok
Em 2019, ainda no início da pandemia da COVID-19, o cenário não era outro: estabelecimentos fechando e as pessoas aderindo a uma nova realidade. Logo, o mundo direcionou sua atenção para os serviços de streaming e o universo das redes sociais. Nesse meio tempo, a Nova Zelândia se tornou um dos assuntos mais buscados na Web, após a viralização das ”Sea Shanties” — algo como “canções folclóricas marítimas” em tradução livre.
As tais canções folclóricas foram parar no TikTok e não demorou para surgirem em vídeos diversos, seja em demonstrações de coreografias improvisadas ou como música de fundo para tutoriais, exercícios e esportes.
Então, se você já escutou a canção por aí e não faz a menor ideia de como a faixa se tornou um verdadeiro fenômeno, é hora de conhecer a história por trás de uma das músicas mais populares da rede social!
The Wellerman: A descoberta da música
A história do sucesso das canções marítimas teve uma reviravolta com Nathan Evans, um carteiro da região de North Lanarkshire, Escócia. Todas as manhãs, Nathan começou a a enviar músicas para o TikTok depois de suas tarefas. Então, quando compartilhou um vídeo cantando uma música irlandesa chamada “Leave Her, Johnny”, do século passado, o criador de conteúdo começou a acumular um número enorme de visualizações inesperadamente.
Alguns meses depois, Nathan enviou uma versão baladinha da canção baleeira da Nova Zelândia, The Wellerman. E isso foi um estouro, deixando-o no centro das “Sea Shanties“, as tais canções do mar. O novo movimento cultural rendeu a ele mais de quinhentos mil seguidores no TikTok e seu vídeo garantiu mais de sete milhões de visualizações, o que fez com que o carteiro escocês se tornasse um artista em tempo integral, incluindo o alcance das pessoas que ele mesmo admirava, como Dermoti Kennedy e Lewis Capaldi.
Obviamente, Nathan Evans não foi o primeiro a gravar The Wellerman. A primeira gravação comercial que se tem notícia se deu em 1966, por Neil Colquhoun, compositor folk da Nova Zelândia. De fato, muitas regravações e remixagens vieram depois, mas o que trouxe a canção de volta ao sucesso foi a banda inglesa The Longest Johns, e por fim, alcançou o mundo através de Nathan.
Além disso, o movimento em torno das canções folclóricas foi tão estrondoso que artistas como Andrew Lloyd Webber (Fantasma da Ópera) enviaram suas versões da música para o TikTok tempos depois. Sendo assim, a hashtag #seashanty já alcançou 1,6 bilhões de vídeos e permanece em alta. Mas você deve estar se perguntando: o que há por trás desse sucesso?
A história antes da música
“The Wellerman“, “Wellerman“, ou “Soon the Wellerman Come” é uma música folclórica de navios baleeiros, possivelmente criada na Nova Zelândia. Embora a história ainda traga alguns elementos australianos, a canção ainda é considerada uma “Sea Shanty” — termo utilizado pelos neozelandeses para identificar as canções folclóricas de mar. Contudo, quem é esse Wellerman que a canção menciona?
Para descobrirmos isso temos que voltar ao século 19, mais especificamente a época dos grandes navios baleeiros da Austrália e Nova Zelândia. Os irmãos Joseph Brooks, George e Edward Weller emigraram de Folkestone para Sydney em 1823. Em apenas uma década, já eram comerciantes estabelecidos e influentes. Naquela época, a caça à baleia era a principal indústria de exportação de Nova Gales do Sul. A Nova Zelândia tinha a base da estação baleeira de Wellers em Ōtākou, na Península de Otago, o primeiro assentamento europeu duradouro naquilo que é hoje Dunedin. Dizem, inclusive, que um de seus navios possuía um tripulante chamado Herman Melville.
Logo, a Wellers Brothers, como era chamada a Companhia de Comércio fundada pelos irmãos, tornou-se a maior (e durante um tempo a única) fornecedora de suprimentos para a estação baleeira de Nova Gales do Sul e outras regiões, como Colac Bay. Assim, acabou ficando comum se referirem aos tripulantes de um dos navios da Wellers como um “wellerman“.
Naquela época, os marinheiros dos navios baleeiros não eram pagos em dinheiro, mas sim com “slops” (roupas prontas de confecção), aguardente, tabaco e outros tipos de suprimentos. Logo, a chegada de um wellerman — como todo navio da companhia passou a ser chamado — era vista tal qual o entusiasmo de um operário do século XX assinando o próprio contracheque.
Então, os Wellers entraram em falência em 1841, após o declínio da caça às baleias. Ainda que tenham sido os responsáveis por fundar o condado de Otakou (hoje Otago, uma região de Dunedin), eles se viram sem nada quando as baleias eram raras e os negócios com a Europa escassos.
Mas e a canção The Wellerman?
A música conta a história de Billy O’Tea, um navio baleeiro. O nome pode ser derivado de três ou quatro navios de nome iniciados com “Willian” registrados na Nova Zelândia para aquela região durante a época de caça, ou pode ser um trocadilho para um navio pobre: um “billy” — descrito como um fogareiro de óleo de baleia e cordame, usado para aquecer a água e fazer chá (frequentemente misturado com álcool) para que os marinheiros pudessem enfrentar mudanças de temperaturas.
O navio parte em busca das baleias, carregado de marinheiros valentões, que esperam conseguir uma boa caça e trocarem seus produtos quando o Wellerman retornar. Duas semanas de viagem da costa, eles avistam uma baleia enorme e partem em seu encalço. Por fim, o capitão convoca todos os tripulantes para suas funções e jura trazer aquela baleia à reboque. Qualquer semelhança com uma certa baleia da literatura não é mera coincidência, já que Moby Dick é, afinal, um conto baleeiro.
A baleia é impetuosa e a luta é difícil, forçando o navio a persegui-la por quarenta dias, ora afrouxando a corda, ora esticando-a. Nem pescadores e nem a baleia desistem. O cansaço é extremo. Sabe o que é perseguir uma baleia que não desiste? Recomendo que veja o que acontece assistindo ao filme No Coração do Mar, com Chris Hemsworth e Tom Holland.
Por fim, no horizonte surge o Wellerman, animando os pescadores a continuarem sua caçada para que recebam seu prêmio estimado. Eles entoam a canção e não desistem, por que sabem que quando fatiarem a baleia (o “tonguing” mencionado na canção) poderão finalmente irem pra casa.
Agora quando ouvi-la no TikTok ou Reels do Instagram, já saberá que a música possui uma grande história para contar. Emocionante, não? Aproveite e dê o play no clipe de Nathan Evans clicando aqui.
SIGA-NOS nas redes sociais:
FACEBOOK: facebook.com/nerdtripoficial
TWITTER: https://twitter.com/Nerdtrip1
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/nerdtripoficial/
TIK TOK: https://www.tiktok.com/@nerdtripoficial?lang=pt-BR
YOUTUBE: https://www.youtube.com/c/NerdtripOficial
Leia também:
ANIME FRIENDS 2022 | Ingressos já estão disponíveis; confira
ADÃO NEGRO | “a violência é real e horrível”, avisa produtor
DOSSIÊ DC STUDIOS – Parte:2 – BATMAN | Do Fascismo a omissão, como atualizar o Morcegão
GAMES | Jogos de graça: Maneater – por Rex – O cachorro nerd.