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TOKUSATSUS NA BAND | O que esperar disso afinal???

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O “retorno triunfal” dos herois japoneses na TV brasileira sob uma nova estratégia ou só um tapa buraco barato de uma emissora aberta em decadência??

No último Domingo, Dia 16 de Fevereiro, o colunista de televisão Flávio Ricco, através de uma discreta nota em uma notícia que não tinha qualquer foco em cultura pop japonesa, surpreendeu os fãs do segmento tokusatsu ao comentar negociações que estariam ocorrendo entre a distribuidora Sato Company e a TV Bandeirantes (mais conhecida pela alcunha de “Band”). Tais negociações envolveriam o retorno oficial das séries de tokusatsu ChangemanJaspionFlashman à TV aberta brasileira, destaca-se aqui o OFICIAL, pois é preciso frisar que as inúmeras transmissões em canais regionais minúsculos de norte a sul do país dessas e de outras séries do tipo, nunca ocorreram de maneira legal e por pura e simples “boa vontade” dos canais envolvidos. Várias delas estavam com direitos de exibição expirados, e muitas só foram possíveis através do acesso de programadores dessas estações de TV a DVDs piratas “de divulgação”arquivos disponibilizados por fãs na própria internet.

 

A distribuidora e a emissora de TV tem estreitado sua relação há algum tempo

 

De acordo ainda com a nota do próprio Flávio Ricco, as relações comerciais entre a Sato Company tem se intensificado desde que a primeira intermediou a negociação da série Orange Is The New Black, produção original da Netflix, para exibição em TV aberta pela emissora paulista, que estreará em Março desse ano, além de outros produtos, como o anime infantil Doraemon (atualmente fora do catálogo da Sato) anteriormente.

O site Observatório da TV destacou que há intenção por parte do canal da criação de um bloco noturno mirando um público mais velhonostálgico que iria ao ar diariamente ao longo da semana no início da madrugada. Tal ideia teria surgido de uma conversa entre o empresário Nelson Sato (dono da empresa que leva seu sobrenome) e do diretor de programação da Band Antonio Zimerlle, que tem se interessado em investir em “nostalgia televisiva” desde que o inesperado retorno do Cine Privé ao antigo horário que o consagrou, nos fins de noite de sábado, catapultou a audiência da emissora. As negociações entre Sato Company e Bandeirantes estariam avançadas mas ainda não concretizadas.

Entretanto, a aquisição não tem sido exatamente comemorada com unanimidade pelo fandom de tokusatsu, saudosistas e fãs de cultura pop japonesa em geral na internet. Pois apesar de ter contribuído com a memória afetiva de muitos fãs de animes e tokusatsus brasileiros no passado, como com as exibições de séries de como Metalder, Goggle V, Machine Man e Sharivan no auge da explosão dos herois japoneses na década de 80, e a inesquecível grade da primeira versão do infantil Band Kids, repleta de animes então inéditos, impulsionada pelo “boom” de audiência gerado por Dragon Ball Z nos anos 2000, as trapalhadas da Bandeirantes em inúmeras oportunidades que teve de agradar esse público não foram poucas, e é interessante relembrar algumas (das MUITAS delas) para fins de um “parecer” geral.

 

Até hoje otakus/fãs de animes lembram “com carinho” da primeira versão do programa

 

No hoje distante ano de 2005, quando adquiriu pela extinta Mundial Filmes, os direitos de exibição da série Ultraman Tiga, que havia tido uma passagem “torta” anterior pela TV Record, onde foi retirada da grade antes mesmo de ser exibida até o final, a Band restringiu a aquisição da série ao antigo canal Rede 21, um canal subsidiário da emissora que apesar de aberto, tinha transmissão restrita apenas ao estado de São Paulo e alguns poucos lugares do país, ao menos até 2008. Embora tenha exibido a série até o final, poucos fãs no Brasil tiveram a oportunidade de ver esse desfecho na época, pois a série simplesmente “rodou” da grade após sua única exibição e foi imediatamente substituída pelo anime Tenchi Muyo, que a cada reprise feita pela emissora desde sua aquisição e estreia, teria reexibições mais picotadas pela censura da época e da própria emissora dali em diante cada vez que desse o ar da graça. Mesmo o consagrado anime Cavaleiros do Zodíaco, que outrora era um grande “xodó” do canal, sofreu com o “bairrismo” constante da rede de TV, que por diversas vezes restringiu sua exibição apenas à cidade de São Paulo, que sempre possuiu os números de audiência mais relevantes para o mercado publicitário e televisivo, enquanto deixava o público que tinha acesso à programação nacional por meio da parabólica analógica a “ver navios”, ou melhor, televendas.

 

 Intervalo de uma das exibições de Ultraman Tiga pela Rede 21

Já pegando um episódio mais “fresco” na memória do público, tivemos o aparecimento do bloco Verão Animado (posteriormente rebatizado de Mundo Animado) nas manhãs da emissora em Novembro de 2018. Fruto de uma pequena parceria da emissora com a distribuidora latina Televix, o bloco infantil improvisado chegou à grade da emissora como uma tentativa de tapar um furo na programação após demissões de funcionários e substituições de dois antigos programas de variedades que levavam surras contínuas de IBOPE das emissoras concorrentes no horário matinal. A expectativa para o novo bloco por parte da emissora, era que ele fosse brevemente substituído por uma compra de horários por parte da Disney, que havia desfeito a pouco tempo, na época, uma parceria com o SBT e estava procurando outras emissoras para uma nova empreitada, onde a Band disputava o acesso à venda de horários inclusive com a RedeTV. Tal negociação seria extremamente benéfica à emissora, que há alguns anos está sob uma forte crise financeira e tendo menos relevância e faturamento até que outros veículos de mídia como a própria Netflix, citada no início desta matéria.

 

Animes que chegaram à Band para aliviar a dor das viúvas da TV Globinho

 

As negociações com a Disney não vingaram e após um tempo tentando agradar a “casa do Mickey”, a Band “abraçou” os investimentos do bloquinho de desenhos, mesmo com uma audiência não tão significativa, expandindo inclusive seu horário de exibição em 2019 e acrescentando novidades não restritas só a animes. Mas a iniciativa chegou ao fim em Maio daquele ano, onde saturado pelas reprises de algumas atrações e com a iminência da estreia de um novo programa de variedades, o bloco perdeu sua exibição diária e ficou restrito apenas a horários esporádicos aos fins de semana, frustrando as expectativas de quem esperava uma nova leva de episódios dublados do anime Super Onze ou mesmo outros animes requentados do catálogo da Televix. Atualmente, o bloco ainda possui exibições aleatórias aos fins de semana, mas com uma oferta de atrações muito menos onerosa que outrora e dos quais a emissora não desembolsa um único centavo para tais exibições.

Dado todo esse desenrolar de eventos, eu pergunto a você caro leitor: o que esperar da chegada dessas atrações à emissora? Particularmente, eu diria que a iniciativa pode dar muito certo, do modo como o Mundo Animado com animes “deu muito certo” e durou bastante, mesmo como um mero tapa buraco, mas não espere um impacto popular significativo como quando tais séries eram a grande novidade entre a molecada dos anos 80, que hoje é adulta. O sucesso de muitos programas de TV, principalmente “enlatados” como desenhos animados e séries estrangeiras costuma ser transitório, especialmente em tempos de auge do streaming onde o mesmo público adulto que a Band tem como “target” possui à sua disposição o que será oferecido em sua grade no Amazon Prime Video, a um mero controle remoto ou smartphone junto a uma mínima mensalidade de dinheiro de distância. Entretanto, levando em conta a atual qualidade de programação da TV aberta no Brasil, programas que agradam uma pequena parcela de pessoas sem a intenção de agradar mais alguém além daquilo, são talvez um “oásis televisivo” em meio a programações inteiras que tentam agradar a todos os públicos e não acabam satisfazendo é a ninguém.  


             

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