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Autores Nacionais Contemporâneos | Conheça Ana Lúcia Merege e sua Athelgard

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Falando em Ficção Científica, Mistério e Fantasia, há alguns autores que nos lembram que a literatura nacional tem muita qualidade e espaço. André Vianco, Eduardo Spohr, Raphael Montes, Felipe Castilho… Esses são alguns dos nomes estampados em livros atuais que costumamos ver em grupos, fóruns, conversas e até mesmo por aí na rua na mão das pessoas.

E, se você estiver disposto, há muito mais a conhecer na Literatura Fantástica Brasileira. É possível encontrar pequenas e grandes pérolas que podem te envolver num abraço forte, fazendo com que você queira buscar cada vez mais dessa fonte.

Há muitos nomes que conheço e que trarei aqui no Nerdtrip com o tempo, mas hoje, para abrir essa coluna, gostaria de apresentar à vocês a incrível Ana Lúcia Merege.

 

 

Organizadora de coletâneas (Duendes, Excalibur, Medieval) e também contista de muitas obras (Piratas, Mitografias), Ana Lúcia Merege é a mãe de um trilogia fantástica chamada O Castelo das Águias. Com uma escrita elegante, rica e cheia de bagagem, somos apresentados à Anna de Bryke e Kieran de Scyllix numa obra excepcional. Não é a toa que seu livro foi adotado pela Fundação Osório e Ana dá palestras sobre sua escrita e vida de autora.

Tive contato com sua trilogia e abaixo darei breves impressões/resenhas sobre cada capítulo da Saga. 

 


 

O Castelo das Águias

 

Quando se conhece a premissa é humanamente impossível não se lembrar de Hogwarts. Mas é precipitado, pois tirando o fato que estamos numa escola de aprendizes de feiticeiros, tudo é diferente. O foco não está nos alunos, apesar de alguns deles terem seu destaque em alguns momentos, o foco está mesmo em Anna, uma professora nova que vem com a missão de se tornar a nova Mestra das Sagas. Em pouco tempo, Anna se vê num impasse diplomático à respeito das águias especiais que habitam as terras do Castelo/Escola. Além de se tornar com o tempo uma das peças fundamentais desse impasse, Anna também se vê rapidamente apaixonada por Kieran, o guardião das águias. É um história romântica de certo modo, um tipo de gênero que não estou acostumado, mas a fluência e a criatividade das situações, lugares e personagens me fizeram lembrar mais uma vez que existe muita qualidade na literatura brasileira. É um livro muito rico e uma leitura fácil e muito fluída, bem elegante.

 

A Ilha dos Ossos

 

Em A Ilha dos Ossos Ana Lúcia Merege parece ter acertado em cheio. Aqui ela usa Kieran de Scyllix como narrador e muda, e muito, o nosso jeito de enxergar seu universo.
A história conta o misterioso desaparecimento de Anna enquanto a mesma viajava para uma confraria de bardos ao norte de Athelgard. Aflito, o Mestre das Águias, Kieran, parte numa jornada árdua e cansativa para procurá-la. No caminho, ele irá encontrar religiosos, saltimbancos, barqueiros e até piratas numa aventura de resgate difícil e instigadora.
E é bastante satisfatório acompanhar tudo aos olhos de Kieran, justamente por ser um personagem tão enigmático. Ele possui aquele espírito de alguém que é bom, se esforça para ser alguém do bem, mas que também sofrera muito na vida e por isso tem acessos de maldade sem remorsos. É um tipo de Mago Guerreiro, aquilo que nos RPGs chamamos de Arcano, muito forte. Diversas vezes tem que controlar seus impulsos e sua magia para não cometer barbaridades. Sua raiva acima do normal é sentida até mesmo contra Anna em algumas discussões no relacionamento, o que o torna um homem arisco e sem humor.
O amor de Kieran, esse muito acima de qualquer raiva, será provado nessa jornada. Uma coisa legal que senti no livro foi o fator da amizade: os outros mestres do Castelo ajudaram o protagonista de diversas formas mesmo sem acompanhá-lo, provando que mesmo sendo um grande guerreiro, nada se faz sozinho. Uma importante lição que o leitor e Kieran aprendem no caminho.
Desta vez, a magia está muito mais visual e você verá atitudes e combates que são empolgantes e divertidos de se ler. A escrita da autora tomou a personalidade do personagem e tornou-se mais direta ao ponto, entretanto ainda continua elegante e inteligente. Num tom medieval, você irá ver lutas que alteram entre golpes e consequências realísticos e magia, uma mistura bem interessante.

 

A Fonte Âmbar

Em A Fonte Âmbar finalizamos esse primeiro olhar e cravamos nossas impressões sobre o romance da uma jovem que crescera numa tribo com um homem que crescera numa cidade de guerras, sob terríveis provações. Juntos pelos destino, ou pelos hérois (deuses), ambos parecem ter um relacionamento um pouco complicado. Tanto no segundo quanto neste terceiro livro, vimos que muitas vezes ambos não sabem onde parceiro está em mais de uma ocasião; lemos que seus pensamentos sobre determinados assuntos são bem diferentes, tal como seus ideais. Também percebemos que os dois sentem esse problema e, embora sejam coisas mínimas perante o amor que alimentam um pelo outro, nesta história seu amor será posto à prova de maneira definitiva.
A Fonte Âmbar conta a história de uma iminente guerra do tirano de Pengell e seus aliados contra a Liga dos Elfos e todo o povo do sul. Durante a preparação, Kieran e Anna partem para a Scyllix (cidade da liga responsável pela defesa) para proteger a Fonte Âmbar e também debater sobre o destino das Águias Guerreiras do Castelo de Vrindavahn.
E é assim que se brilha um terceiro e último capítulo: respeitando seus predecessores. Os acontecimentos de O Castelo das Águias e também os acontecimentos de A Ilha dos Ossos são fundamentais para que tudo se desenrole em a Fonte Âmbar. É tudo muito bem amarrado, como se esta obra abraçasse as demais.

Arrisco em dizer que este desfecho é muito mais sobre Kieran e seu passado em Scyllix do que sobre Anna. Mesmo assim, afirmo também que essa impressão morre no fim do livro. Lá, descobrimos que toda essa história fez parte de algo maior, algo que era esperado e que finalmente chegara para iniciar uma nova fase no Castelo das Águias e (por que não?) em Athelgard.

Não se engane como eu, o livro não é mais uma daquelas centenas de livros de guerra medieval do mercado. A tensão pré-guerra está presente nele, mas A Fonte Âmbar é muito mais do que isso: é sobre encerrar histórias, é sobre escolhas, é sobre a superação do mal em suas diversas formas.

O clímax é sinistro e emocionante, daria uma bela cena de filme.

 


 

Além da Saga e dos contos que a envolvem, Ana possui mais um arco de histórias da qual se dedica com muito carinho, que é a série Contos da Clepsidra, com dois personagens que viajam no tempo e ganham grandes aventuras. Ainda ela conta com outros dois livros lançados: O Caçador e Os Contos de Fadas: Origens, História e Permanência no Mundo Moderno. Ana também colaboradora do Projeto Pegaí, uma iniciativa sem fins lucrativos que distribui, insentiva e propaga a literatura recebendo e doando livros de forma gratuita.

 

Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre Ana com uma entrevista que fiz com a autora:

Diga um pouco sobre você!

Nasci no Rio de Janeiro, moro em Niterói, estou com 50 anos e escrevo desde criança. Não vivo de escrita: trabalho na Biblioteca Nacional, onde faço muitas coisas legais, especialmente na área de divulgação do acervo. Tenho um dia-a-dia meio corrido e procuro aproveitar as brechas de tempo para escrever ou para fazer as pesquisas que baseiam boa parte de minhas histórias. No mais… Sou ansiosa, tagarela (mas também boa ouvinte!), costumo estar de bom humor, dou um boi para não entrar em briga e uma boiada para sair.

O que mais te inspira?

Viagens, a natureza (água em especial – o mar e cachoeiras), alguns filmes, músicas e livros, conversas com amigos, coisas em que reparo de repente, sem estar esperando… Às vezes posso me inspirar vendo um redemoinho de folhas ou uma gaivota voando. Às vezes, ouvindo uma palavra. E, apesar de precisar de um tempo a sós para criar e escrever histórias, preciso também de sair e de contato humano; é um fluxo e contra-fluxo.

Quais são seus escritores contemporâneos nacionais preferidos? 

Entre os meus colegas da Draco, não posso deixar de citar o Cirilo Lemos, um dos melhores escritores dessa geração, e o Eduardo Kasse, que faz um trabalho incrível na fantasia medieval. Não conheço pessoalmente, e adoro o trabalho da Ana Paula Maia, autora, entre outros livros, de “Enterre seus mortos” e “Carvão animal”. E outro escritor brasileiro que me tocou bastante, embora só tenha lido um livro dele, foi Marcelo Maluf, autor de “A Imensidão Íntima dos Carneiros”. Isso para citar dois que eu não conheço, pois de fantasia conheço e admiro vários, como a Claudia Dugim, a Camila Fernandes, o Alexey Dodsworth… e acho que a lista seria bem extensa.

Quais as suas referências de escrita?

Eu leio muito, desde a infância, e há reflexos de várias escritas nas minhas histórias. Como todo autor de fantasia épica, acho que Tolkien é uma referência, mas em termos de narrativa acho que devo mais a Marion Zimmer Bradley, principalmente em “As Brumas de Avalon”, Ursula Le Guin e autores de aventura, como Jack London, além de contos de fadas, populares e mitológicos.

O que o mundo da literatura fez em sua vida?

Muito! Ampliou minha visão, me confortou quando precisei, me trouxe risos, lágrimas, fatos, reflexões, amigos e parceiros queridos. A Literatura me abriu portas e janelas em todos os sentidos: pessoal, profissional, intelectual, afetivo. Dizem que a Literatura muda vidas… eu não sei se ela exatamente mudou a minha, diria antes que ela a moldou, quando ainda existiam só um soprinho e uns olhos curiosos de criança.

Qual o seu TOP 5 de livros preferidos?

Difícil… mas vou tentar, vamos lá:

1)A História Sem Fim, de Michael Ende
2)Ana Terra, de Érico Veríssimo
3) O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien
4) A Mão Esquerda da Escuridão, de Ursula Le Guin
5) A Lua da Rena, de Elizabeth Marshall Thomas

Qual o seu personagem próprio preferido e o futuro dele e das suas obras?

Vou citar a Anna de Bryke, em Athelgard, e o Balthazar de Tiro, nos Contos da Clepsidra. A Anna foi uma das protagonistas da Trilogia Castelo das Águias e ainda vai aparecer em muitas histórias desse universo, levando para elas os meu pontos de vista sobre tolerância, diversidade, respeito ao outro e à natureza. Ela é meu alter ego, agindo com a coragem que eu não tinha quando mais nova e com a fé e a energia que eu não tenho mais. Quanto a Balthazar, meu lindo capitão fenício, estão previstas três séries de histórias com ele: a principal, na qual aparece viajando no tempo com o Lísias, alguns contos de quando era mais novo e os livros da nova geração, centrados em Liser, Mattan, Nikka e Jeza, que são (alguns dos) filhos do enteado de Balthazar. Neles, Baltha aparece mais velho, no papel de avô que ao mesmo tempo aconselha e incentiva os mais jovens à aventura.

 

Gostaria de deixar um grande obrigado à Ana Lúcia Merege por participar dessa matéria!

 

Gostou do texto? Conte para a gente qual seu autor nacional preferido!

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Escritor, Blogueiro, Desenhista, Capista, Gamer, Leitor, Telespectador e Entusiasta dos Animais (principalmente dos Dogs). Tenho histórias pela Editora Draco, Amazon, Editora Buriti e Editora Nébula. Também trabalho com Marketing Digital e e-commerce. Gostou de um texto meu? Vem conversar comigo!

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