REACHER S02 – Episódios 4, 5 e 6: A melhor série dos anos 80 nunca feita | Crítica do Neófito

A série Reacher, da Amazon Prime é, sem dúvidas, um dos maiores acertos da plataforma de streaming de Jeff Bezos: de inesperado sucesso em sua primeira temporada (2022), consolidou seu status de “campeão de bilheteria” neste segundo ano de série (2023/2024); e já engatilhou uma terceira leva de episódios (2025, provavelmente).

Composta de 6 episódios, os 3 primeiros já foram devidamente comentados neste espaço nerd que vos fala.

E, conforme aponta o subtítulo desta matéria, após assistir a estes 3 últimos episódios deste segundo ano, Reacher continua sendo “a melhor série dos anos 80 jamais feita”!

É incrível como o roteiro é básico e primário: um homenzarrão cis-hétero-conservador-superanabolizado de quase dois metros anda pelas vielas dos EUA fazendo justiça com as próprias mãos, deixando um rastro de corpos por onde passa, transando com belas mulheres, e tudo porque “pode” fazer isso, graças à sua envergadura física, sua inteligência privilegiada, sua força descomunal e seu supertreinamento militar, tudo, claro, em nome da liberdade e do certo.

Ainda daria para apontar algumas doses de misoginia, machismo e até racismo no desenrolar dos episódios…

Os bandidos não são maus: são a própria encarnação do diabo na Terra. Fazem qualquer negócio ou atrocidade – como perseguir menores para os matar, jogar pessoas de helicópteros, guardar olhos e dedos de vítimas em potes de maionese, torturar pessoas, por em risco a paz mundial etc. e tal – pelo mais básico dos interesses: dinheiro!

O protagonista é um canastrão com, no máximo, duas expressões faciais. Os coadjuvantes (aliados do “herói”) são lineares como réguas, sendo bons ao extremo, tanto nas suas habilidades quanto nas suas “almas” (mesmo que matem sem dó nem piedade qualquer um que se coloque nos seus caminhos).

Foto: Divulgação (“é o seguinte, você mata os 6 da direita que eu estraçalho os 9 de cima e você, outro, detona os 5 à esquerda…”)

A história é de uma previsibilidade inacreditável (ao ver a primeira cena, sabe-se o destino do vilão no fim).

E, mesmo assim, a série é divertida pra caramba!

Impossível não se ver rindo e torcendo pelo brucutu Jack Reacher a cada nova porrada desferida ou tiro disparado.

De modo que Reacher consegue a proeza de agradar aos públicos mais diversos e polarizados possíveis, talvez por um senso de nostalgia catártica.

Bem produzida, com efeitos especiais competentes e muita ação, acaba-se por esquecer os enormes furos de roteiro, apenas para acompanhar a trama de vingança misturada com justiça na qual Reacher se mete, salvando não apenas o dia ou aos EUA, mas ao mundo inteiro.

O fato de Lee Child (criador do personagem) ser britânico, talvez confira a ele um distanciamento na hora da criação do seu “herói”, incorporando propositalmente elementos básicos de uma masculinidade norte-americana que, em muitos aspectos, já se mostra ultrapassada, mas ainda rica de significado para grande parte do público (inclusive o feminino).

Nesta segunda temporada, talvez de olho em aumentar mais ainda o público da série, o roteiro é menos gráfico na violência e, apesar de três cenas “românticas”, suaviza no erotismo, sem qualquer indício de nudez (o que baixa a classificação etária, ampliando os telexpectadores).

Entregando o que promete, sem firulas ou muita enrolação, Reacher consegue entreter sem comprometer.

E, para quem adora um saudosismo oitentista – e seus filmes de ação repleto de corpos caindo aos pés do “herói” – Reacher chega a ser orgástico.

Foto: Divulgação (e que venha a 3ª “tem-porrada”)

Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

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