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Críticas

REACHER S02 – Episódios 1, 2 e 3: A melhor série dos anos 80 nunca feita | Crítica do Neófito

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O Último Grande Herói, filme estrelado por Arnold Schwarzenegger, no ano de 1983 – e, até hoje, considerado seu maior fracasso – é uma enorme (auto) sátira aos filmes de ação estilo “exército de um homem só”, que foi, justamente, o subgênero que tornou o fisioculturista austríaco dos anos 70, no grande astro cinematográfico do cinema norte-americano da década de 1980. Numa das críticas piadas do filme, Jack Slater (personagem vivido por Arnold) – típico policial durão e irascível – mostra-se pronto para matar sozinho todos os integrantes de um cartel mafioso, porque eles “assassinaram seu primo de segundo grau preferido”.

Esse mote – o amigo, o parente, o grande amor (ou o cachorrinho de estimação) – que é morto ou sequestrado, servindo de motivação para que o “herói” saia matando adoidado sem medir consequências ou danos materiais/colaterais por onde passar, é super-hiper-explorado nesse nicho cinematográfico, que se generalizou a partir dos anos 1980.

O personagem Jack Reacher – criado pelo britânico Lee Child (pseudônimo de James Dover Grant), em 1997 – é um amálgama anacrônico de todos os heróis oitentistas vividos pelos grandes atores de ação daquela década, como Sylvester Stallone Rambo (1982, 1985,1988, 2008, 2019) e Cobra (1986) –; o mencionado Schwarzenegger John Matrix, 1985 (Comando para Matar); Major Schaeffer, 1987 (O Predador), etc. –; Chuck Norris Braddock, em 1984, 1985, 1988 –; Jean-Claude Van Damme – numa “porrada” de filmes –; Bruce Willis (série Duro de Matar); sem falar no protótipo de todos eles, encarnados nos inúmeros personagens setentistas solitários e implacáveis interpretados por Clint Eastwood e Charles Bronson, respectivamente, na série de filmes em torno do personagem Dirty Harry (Perseguidor Implacável, Magnum 44 etc.) e Paul Kersey (de Desejo de Matar).

Reacher, portanto, une esses dois arquétipos hollywoodianos – os implacáveis valentões setentistas e os anabolizados super-homens oitentistas – sendo descrito como um homenzarrão de quase dois metros, desligado de tudo e de todos, que vive transitando como peregrino pelos Estados Unidos, após ter dado baixa (desiludido) do exército norte-americano. Além disso, é treinado em todo tipo de armamento, direção agressiva, combate corpo-a-corpo e, como se não bastasse, apresenta-se como um “dedutista” extremamente inteligente (espécie de Sherlock Holmes bombadão). Mesmo “não querendo se envolver”, Reacher sempre acaba enredado por alguma confusão ou mistério policial, por onde quer que passe, forçando-o a usar seu conhecimento como investigador do exército e habilidades quase super-humanas. Algumas vezes, ele é acionado pelos antigos amigos de exército, para ajudar a resolver a morte de algum deles.

Esse, aliás, o enredo do décimo primeiro livro de Child sobre o personagem – Má Sorte e Complicações (2007) – que serve de base para a segunda temporada da série Reacher, produzida, com sucesso, pela Amazon Prime, que estreou nessa semana da plataforma de streaming de Jeff Bezos.

Seguindo a cartilha clássica dos anos oitenta, Jack Reacher não medirá esforços para fazer os culpados pelos assassinatos dos seus antigos companheiros da 101ª Companhia pagarem “ceitil por ceitil”.

A partir dessa premissa batida e fartamente repetida, tem-se uma série que, apesar de, sem pudores, anacronicamente dobrar os joelhos para os brucutus dos anos 1970 e 1980 – Reacher não tem celular, nem endereço, o que o torna mais “cavaleiro solitário” ainda – é bastante divertida ao que se propõe: violenta, absurda, explosiva, direta.

Foto: Divulgação (O “Exterminador do Presente”)

Ao contrário da primeira temporada, este segundo ano não perde tempo numa trama mais lenta no início: desde a primeira cena, o espectador é fartamente recompensado com cenas de ação, luta e muita intriga, diretamente vividas pelo protagonista e, apesar do “mistério” sobre a motivação das mortes, o bidimensional vilão – vivido pelo eterno T-100 de Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, Robert Patrick – é revelado logo no primeiro episódio.

Reacher – a série – possui todos os méritos dos filmes de ação oitentistas, bem como todos os vícios: há uma pouco sutil misoginia e um claríssimo racismo no roteiro, que só conta com duas mulheres (Maria Sten, como Neagley e Serinda Swan como Karla Dixon) – mesmo assim, bastante “masculinizadas” – e, quando aparecem personagens negros, ou são traficantes, ou babacas briguentos.

Alan Ritchson possui duas ou três expressões faciais – no máximo! – mas é ideal para o personagem que interpreta.

O roteiro dos três primeiros episódios, como dito, não perde tempo e parte logo para a ação, mas é de uma simplicidade monstruosa, resolvendo mistério após mistério como se fosse uma sessão de escape. Corpos vão sendo empilhados pelo caminho dos “heróis”, mas ninguém parece se importar muito (cadê o FBI, gente?).

O que importa mesmo é a caminhada que Reacher tem que fazer até colocar as mãos no “poderoso chefão” por detrás das mortes de seus amigos, bem como no perigoso terrorista A. M. (interpretado pelo competente Ferdinand Kingsley), com certeza, cercado de tiros, bombas, possíveis traições e muita porradaria aos moldes de um Rambo contemporâneo e cosmopolita.

Vejamos como a trama vai se encaminhar.

Nós, do Nerdtrip, estaremos aqui para trazer aos tripulantes, as nossas verdadeiras impressões sobre essa bem-sucedida série da Amazon.

Até a próxima semana!

Foto: Divulgação (os brutos também bebem cerveja com os amigos!)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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