Críticas
INVENCÍVEL | Primeira vista sobre a animação baseada na HQ de Robert Kirkman
O roteirista/quadrinista Robert Kirkman ficou mundialmente conhecido por ter concebido a aclamada série de quadrinhos – e, posteriormente, televisão – Walking Dead, que pode ser até considerado um fenômeno recente da cultura pop.
De fato, a abordagem humana sobre um mundo distópico assolado pelos comedores de cérebro que Kirkman desenvolveu é envolvente e chega a ser profunda em alguns dos episódios, algo que, às vezes, faltou à adaptação televisiva.
O que pouco gente conhece do trabalho do escritor norte-americano é a premiada (e até celebrada) série de HQ que ele desenvolveu para a Image Comics, que conta as aventuras e desventuras de um adolescente que se descobre super-poderoso e resolve seguir os passos do famoso pai super-herói, adotando a alcunha de Invencível.
Assim como em Walking Dead, o que mais se destaca no texto de Kirkman é a sua habilidade em tratar com absoluta naturalidade assuntos cotidianos e triviais – muitas vezes bem norte-americanos – num contexto fantástico, seja na forma de um apocalipse zumbi, ou num mundo apinhado de super-seres.
Desse modo, Invencível acabou caindo no gosto dos amantes de HQs – principalmente os de fora do mainstream – constituindo-se numa HQ divertida e leve, dotada de personagens simpáticos, cativantes e verossímeis, extremamente homenagiosa ao gênero de super-heróis, e ao mesmo tempo contemporânea, tratando com naturalidade a violência gráfica e a sexualidade.
A plataforma Amazon Prime Video, surfando na onda dos super-heróis, resolveu levar as histórias do adolescente Mark Grayson, o vigilante voador Invencível e filho do poderosíssimo Omni Man (claramente referência ao Superman) para a telinha, numa série animada cujos primeiros 3 episódios já estão disponíveis.
Com isso, a concorrente da Netflix repete a estratégia muito bem sucedida já levada a efeito com The Boys, no sentido de criar um programa baseado em obra quase underground do universo das HQs (com violência e sexo) dando um gostinho para o público com alguns episódios e seriando semanalmente os demais.
De modo que a análise aqui apresentada traz apenas um primeiro olhar sobre a primeira temporada de Invencível.
O roteiro da série, até o momento, tem sido bastante fiel ao das HQs, com algumas modificações pontuais. Assim, Amber (a namorada do protagonista) ganha pele negra na animação, algo muito bem vindo, aliás; os poderes dos personagens estão em menor escala; algumas tramas têm desenvolvimento um pouquinho diferente; a história é contada de forma cronológica (nas HQs o flashback e cenas mais à frente são recursos bastante utilizados). Mas, no geral, a fidelidade é bem observada.
Tecnicamente, o investimento na animação ficou um pouco a dever, apesar de alguma computação gráfica aqui e ali, para facilitar certo efeito ou objeto. Cabe a crítica de que Mark Grayson só usa dois figurinos: o uniforme de super-herói ou a mesma calça clara, blusão azul com duas listras e uma camisa amarela que fica para fora da calça, do mesmo lado, o tempo todo. Os desenhistas poderiam ter tido um pouco menos de preguiça e mudado o visual do personagem em certas situações, não é?
O traço da animação tenta ser reverente ao desenhista Ryan Ottley, mas é bem tradicional, na linha de Super Choque, salvando-se o enredo envolvente o suficiente para manter o público interessado e com vontade de ver o próximo episódio, que prenuncia os trágicos e mitológicos desdobramentos da trama de ares edipianos.
Se a animação mantiver o nível, será mais uma bola na cesta da Amazon Prime Video no gênero de super-heróis, a caminho fácil de ganhar de 4 a 4,5 foguetinhos deste colunista!
Boa dica, galera!!!
Até breve!!!!
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