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Críticas

SKY ROJO S01 | Crítica do Neófito

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Imagine um típico Quentin Tarantino (ou Robert Rodriguez) falado em espanhol? Violência gráfica, sexo estiloso, muita ação, diálogos absurdos, personagens disfuncionais, cores fortes… tudo na língua de Cervantes!

Pois, se você conseguiu imaginar o que foi proposto acima, você consegue imaginar o que é a série espanhola Sky Rojo, concebida e escrita por Álex Pina, o mesmo criador de La Casa de Papel.

O premiado showrunner, responsável pelo maior sucesso de uma série televisiva não falada em inglês de todos os tempos, criou, com Sky Rojo, uma divertida trama de ação repleta de reviravoltas, tiros, sangue, sexo, drogas (faltou o rock and roll), atores e atrizes exalando sensualidade, tipos estranhíssimos, movimento quase ininterrupto e, apesar de tocar em temas sensíveis e dolorosos, quase sem profundidade alguma.

Foto: Divulgação (Coral, Wendy e Gina em ação)

O enredo descreve a fuga tresloucada de 3 prostitutas da boate de seus cafetões – na qual viviam praticamente em cárcere privado – após acontecimento violento e meio involuntário do início da série. Caçadas pelos desertos empoeirados da Espanha, vemos a misteriosa Coral (a espanhola Verónica Sánchez), a romântica Gina (a cubana Yany Prado), e a explosiva Wendy (a argentina Lali Espósito) tentando achar uma forma de se livrarem de vez do perigoso Romeo (Asier Etxeandia) que, por meio de seus capangas Moisés (Miguel Ángel Silvestre, o Lito de Sense 8) e Christian (Enric Auquer, ótimo como o instável-viciado-sociopata), as persegue impiedosamente em busca de vingança.

A fuga, porém, parece mais uma corrida no Circuito Oval do Indianapolis Motor Speedway (onde ocorrem as famosas 500 Milhas de Indianápolis), pois, as (anti)heroínas, por mais rápido que tentem ir para longe dos problemas, a todo instante parecem andar em círculo, retornando ao mesmo lugar e personagens. Em alguns momentos, a impressão é a de que as protagonistas se encontram numa espécie de inferno, presas a uma tortura sem fim ou num beco sem saída. Se elas aparentemente conseguiram se livrar dos abusos sexuais diários a que eram submetidas no clube em que “trabalhavam” (algo que a série reforça a cada flashback das moças) o destino que se desenha pela frente não parece muito promissor.

Foto: Divulgação (os vilões: Romeo, e os irmãos sociopatas Christian e Moisés)

Lógico que é justamente nisso que reside a graça da série. As reviravoltas e idas e vindas cíclicas servem para a inserção de cenas malucas de violência, de perseguição, de mortes, de pequenos fragmentos do passado das ex-prostitutas em fuga (uma ex-bióloga viciada em remédios, uma grávida cujos pais a venderam para o clube, e outra lésbica que se prostituiu por amor), de diálogos e flashbacks que emulam Tarantino, de truques de câmera que lembram Brian De Palma e de cenas que copiam o estilo de Robert Rodriguez. Sky Rojo, portanto, é quase autorreferente, sem medo de mostrar de onde vem sua inspiração e estética.

Em nome dessa estética, aliás, é que os pontos fracos do roteiro se manifestam. A correria é tanta que fica difícil se identificar com as personagens. Tarantino, por exemplo óbvio, principalmente em suas últimas obras, tem optado pela construção lenta de seus personagens, até o clímax altamente violento e catártico no final dos filmes. Sky Rojo, por sua vez, vai pulando de cena de ação para cena de ação, cujo único respiro são os vislumbres das vidas pretéritas pré-prostitutas das meninas (menos de Coral), ou das suas provações dentro do clube, submetendo-se às bizarrices sexuais de seus clientes (e haja bizarrice!).

Outro ponto que se pode questionar do roteiro e execução do programa é que a crítica à exploração sexual feminina é tônica da série, mas, ao mesmo tempo, as talentosas atrizes (que mandam muito bem em seus papeis) andam o tempo todo com trajes sumários ou bastante sexualmente chamativos, no que se pode considerar uma contradição.

Os coadjuvantes principais são bem interpretados, apesar de clichês.

A fotografia é bela, a direção de arte segura e o resultado final agradável.

No último capítulo, quando tudo poderia ter-se resolvido, abrem-se ganchos para uma segunda temporada que pode simplesmente ficar repetindo a fórmula rápida  e eficaz deste primeiro ano (8 episódios de 30 minutos) ou ousar mais. Contudo, pelo histórico de Álex Pina e seu La Casa de Papel, é muito provável que se continue a dar voltas e voltas sobre o mesmo ponto nevrálgico.

Em resumo, Sky Rojo é divertido e despretensioso. Vá com expectativas baixas e se divirta!

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Nota: 3 / 5 (bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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