Críticas
DE PERNAS PRO AR 3 | Crítica do Neófito
A terceira parte da bem-sucedida franquia cinematográfica protagonizada pela humorista Ingrid Guimarães – De Pernas Pro Ar 3 – iniciada em 2010 (De Pernas Pro Ar) e sequenciada pela primeira vez em 2012 (De Pernas Pro Ar 2) parte da mesmíssima premissa do segundo filme, isto é, a dificuldade da workaholic Alice Segretto (Ingrid Guimarães) em conseguir conciliar o amor pelo trabalho e sucesso empresarial e o amor pela família, o que acaba gerando conflitos em seu casamento com João (interpretado por Bruno Garcia).
Foto: Divulgação
Acrescente-se a filhinha fofa; o filho adolescente Paulinho (interpretado por Eduardo Melo); a nora Leona, tão empreendedora quanto ela (Samya Pascotto) e potencial concorrente e tem-se o mais do mesmo, com Ingrid Guimarães caprichando nos “carões” e trejeitos que já lhe são uma marca registrada.
Foto: Divulgação
Mas, por mais paradoxal que o início dessas considerações possa deixar entrever, o filme, apesar da premissa repetitiva, funciona!
O principal objetivo de uma comédia é fazer rir e De Pernas Pro Ar 3 consegue isso de forma (na maioria das vezes) bastante orgânica e natural, de modo que, quando menos se percebe, está-se dando risadas na sala de cinema.
Muito disso se deve à direção “sensível” de Júlia Rezende (Meu Passado Me Condena), que assume a claquete no lugar de Roberto Santucci, conferindo um olhar mais feminino às desventuras da personagem e um foco maior nos afetos e relacionamentos, o que proporciona uma renovação sutil, mas muito bem-vinda, à produção.
Os conflitos de Alice com relação à “maternidade x trabalho” soam verossímeis (na medida do possível para uma comédia de costumes contemporânea), os personagens demonstram um bom desenvolvimento e a trama chega a tratar de certos temas importantes e incomuns para o gênero, como o preconceito que ainda vige em cima da mulher que ousa trabalhar, ser bem-sucedida, principalmente no ramo da sexualidade (em especial a cena entre Ingrid Guimarães e o personagem Eliseu Duarte, interpretado por Stepan Necessian).
Samya Pascotto, apesar da pouca idade (26 anos), segura bem as pontas no papel de Leona, a admiradora/nora/concorrente de Alice, mas, infelizmente, devido ao roteiro/moldura do longa, acaba se encaminhando para um desfecho previsível.
Aliás, falar de previsibilidade da trama é quase uma redundância. O filme, apesar de quase chegar a convencer que poderia se encaminhar para certos caminhos inesperados, acaba por encontrar uma resolução óbvia para um final feliz, comum e esperado para o gênero do qual faz parte.
Nesse sentido, aliás, a entrega dos atores principais (Ingrid Guimarães e Bruno Garcia) nas cenas finais do longa é digna de nota e hilária. Impossível não rir e se divertir do ridículo da situação encenada pelos artistas.
Foto: Divulgação
Alguns ganchos do roteiro são abandonados, o que enfraquece o produto final. Em compensação, a fotografia é muito boa e as mulheres certamente vão babar com os figurinos caprichados que principalmente as atrizes utilizam.
O elenco de apoio – Denise Weiberg como Marion; Cristina Pereira como Rosa; Maria Paula em rápida participação como a Marcela dos dois primeiros filmes, Cauã Reymond como ele mesmo, entre outros – se sai bem, mas sem nenhum destaque especial.
Foto: Divulgação
Por fim, quem brilha mesmo é Ingrid Guimarães, que, sem dúvidas – junto a Leandro Hassum – é, atualmente, um dos nomes mais fortes do humor brasileiro, capaz de extrapolar o ambiente da televisão e brilhar no difícil espaço cinematográfico nacional, emplacando vários sucessos de público.
Mesmo sem ser uma mulher que possa ser considerada “bonita”, a atriz incorpora com extrema competência o papel de uma mulher extremamente competente e bem resolvida sexualmente, levando o filme (cuja fórmula já dá sinais de esgotamento) nas costas.
Seria interessante vê-la numa produção verdadeiramente dramática, para variar, pois talento ela demonstra ter; mas, até que isso ocorra, é muito bom continuar a rir de suas performances.
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Nota: 3,5 em 5 (muito bom)
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