Críticas
RAMBO: ATÉ O FIM | Crítica do Don Giovanni
Que me perdoem os fãs de John Wick e Frank Castle, mas a mais eficiente “maquina de matar” está de volta. O ex-boina verde membro da Unidade de Elite das Forças Especiais Americanas “John James Rambo”, apareceu pela primeira vez no romance de 1972, First Blood, de David Morrell e se tornou febre no mundo todo após ser imortalizado no cinema por Sylvester Stallone, nos explosivos anos 80. O clássico Rambo: First Blood (Rambo: Programado para Matar – 1982) abordava temas como a discriminação e revelava o problema real do ex-combatente que sofrendo de transtornos pós-traumáticos, tentava desesperadamente se adequar a uma nova realidade, após ser transformado pelo governo em uma verdadeira “máquina assassina”.
Treinado para caçar e matar o inimigo e doutrinado para sobreviver usando todos os meios necessários, Rambo foi capturado e tornou-se prisioneiro de guerra dos norte-vietnamitas, durante a guerra do Vietnã. A tortura e as privações do cativeiro geraram profundos traumas psicológicos e cicatrizes emocionais que transformaram o “herói de guerra” (Rambo recebeu a Medalha de Honra por ações acima e além das obrigações) em uma perigosa “bomba-relógio”.
Agora, quase 40 anos depois, Sly retorna ao seu icônico papel em Rambo: Last Blood (Rambo: Até o Fim), dirigido por Adrian Grunberg e coescrito por Stallone, para finalizar a saga de um dos mais importantes personagens da cultura pop. Os maiores acertos da produção estão relacionados à atualização do personagem, que vão muito além da ausência do tradicional “Mullet” e da popular faixa na testa. Claramente influenciado por filmes como “Logan” e “Os Imperdoáveis” e pela ótima série do Justiceiro da Netflix, Sly resgatou elementos do primeiro filme de 1982 (deixado um pouco de lado pelo restante da franquia). O personagem volta a demonstrar aquela ansiedade constante, de uma personalidade agressiva e embrutecida, que conseguiu encontrar uma forma de enjaular sua fera interior, mas que sabe que a qualquer momento, a fúria, a matança e a vingança, vão conseguir arrebentar os grilhões sociais e libertar a “besta” que anseia por um “último sangue”.
Rambo, que desde o primeiro filme só queria ir para casa, acaba se tornando (por mais que não se encaixe em lugar algum) habitante de uma pequena cidade, bastante parecida com a do filme original. O visual Western adotado por Stallone, além de funcionar perfeitamente bem para a natural evolução do personagem, traça um paralelo interessante, por se assemelhar ao do odiado Xerife Will Teasle (o incrível Brian Dennehy) antagonista do pupilo de Trautman, no clássico “Programado para matar”. Dois lados de uma mesma moeda, semelhantes, porém diferentes.
Na trama, encontramos o desgastado soldado, recluso em um rancho, junto com Maria Beltran (Adriana Barraza) uma antiga amiga da família, que por anos trabalhou na fazenda do pai de Rambo, tornando-se uma segunda mãe e conselheira do atormentado “herói” e a neta de Maria, Gabrielle (Yvette Monreal). Tentando encontrar a paz que nunca conheceu, Rambo passa a maior parte do tempo cuidando dos cavalos e dos intermináveis tuneis que ele mesmo construiu por quase todo perímetro de sua propriedade, praticamente idênticos aos da guerra. É ali, naqueles sombrios túneis sujos, úmidos e claustrofóbicos, que ele prefere viver. O que você chamaria de inferno, ele chama de lar. Além de se sentir culpado por não conseguir salvar um casal que se perderá na floresta durante uma enchente, John tem que se acostumar com a ideia de que a jovem Gabrielle, deixará a fazenda para ingressar na faculdade. O medo do distanciamento se torna pavor quanto Gabrielle é sequestrada por Hugo Martinez (Sergio Peris-Mencheta), um violento narco traficante que também comanda uma rede de prostituição e trafico de pessoas.
Ensandecido, Rambo usará todos os meios e métodos possíveis e imagináveis para tentar desesperadamente encontrar Gabrielle, até mesmo libertar sua fera interior, para que possa assim concretizar sua vingança e pagar uma promessa.
Como nem tudo são flores, Rambo padece de um problema comum nesse tipo de produção. A decisão de deixar o vilão totalmente em segundo plano (a exemplo de Logan), para privilegiar o drama pessoal do herói, que envelhece e tem que enfrentar um inimigo muito mais impiedoso que qualquer outro, “o tempo”, acaba produzindo um antagonista caricato e estereotipado, um vilão raso e desinteressante.
Mas por mais que peque na construção do vilão, Rambo: Até o Fim, consegue atualizar o personagem para os novos tempos, respeitando a mitologia do herói e resgatando antigos elementos importantes dos dois primeiros filmes da franquia. Uma divertida, nostálgica e violenta experiência que deve agradar tanto os antigos fãs de “Johnny”, bem como os novos aficionados por filmes de ação. Mas lembre-se: “Só não se esqueça de levar para o cinema uma coisa”…
Um bom suprimento de “sacos para corpos”.
Pontuação de 0 a 5.
Nota: 4
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