Críticas
SONGBIRD | Crítica do Neófito
Oportunismo barato!
Eis a frase com a qual é possível resumir Songbird, longa metragem filmado durante – e que tem por tema – a pandemia do Coronavírus que o mundo enfrenta desde o início deste exaustivo ano de 2020.
Dirigido por Adam Mason, especialista em filmecos de terror, e produzido por –ninguém mais, ninguém menos do que – Michael Bay, o filme parte da premissa de que o Coronavírus passou por variadas mutações, chegando à doença chamada de Covid-23, capaz de matar com 48 horas após a infecção.
Em razão disso, aparentemente o mundo todo está em forte confinamento e, especialmente em Los Angeles, todas as pessoas “não imunes” estão obrigadas – sob lei marcial! – a ficarem em casa 24 horas por dia, 7 dias por semana, realizando testes remotos de contágio (via celular) duas vezes por dia e isso já há 213 semanas (aproximadamente 4 anos)! Aqueles que testam positivo são enviados para uma tal de Zona-Q, que no filme fica sugerido ser quase como uma espécie de campo de concentração, e da qual ninguém que foi voltou.
Os serviços de delivery, por óbvio, estão em alta. E é aí que o primeiro protagonista – Nico (KJ Apa) – surge pedalando velozmente seu corpo atlético pelas ruas desertas de Los Angeles para realizar entregas em condomínios de ricos, munido de uma pulseira amarela que indica ser ele uma das felizardas pessoas imunes ao Coronavírus.
Nico trabalha para Lester (Craig Robinson) e costuma fazer entregas regulares na casa da rica família Griffin, formada pela matrona, Piper (Demi Moore, envelhecida), o marido salafrário William, a filha doente (não de Covid) Emma Griffin (Lia McHugh) e a empregada doméstica latina Marie. Todo esforço de Nico é direcionado a juntar dinheiro suficiente para comprar um passe de imunidade para Sara (Sofia Carson), sua grande paixão (apesar de nunca terem se encontrado fisicamente), isolada em seu apartamento com a avó, Lita Garcia (Elpidia Carrilo). Mal sabe o herói que a família Piper se mantém rica justamente pelo fornecimento clandestino de passes de imunidade!
Foto: Divulgação
Em outro arco, a youtuber May (Alexandra Daddario, bela e vazia) precisa lidar não apenas com o confinamento, mas com um dominador-abusador (o já citado William Piper), enquanto é admirada pela internet e por drones militares comandados pelo ex-soldado preso à cadeira de rodas Michael Dozer (Paul Walter Hauser), que também presta assessoria a Lester.
No meio disso tudo, ainda há o aloucado Emmet Harland (Peter Stormare, o Lúcifer de Constantine e famoso “topa-qualquer-vilão de Hollywood), como o imune agente sanitário do governo, capaz de mil maldades gratuitas contra cidadãos amedrontados, confinados, angustiados e cansados com a pandemia, além de gostar de furar um ou outro desavisado.
O elenco reduzido – todos testados regularmente contra o Coronavírus real – e coadjuvantes sempre mascarados com roupas de proteção sanitária ou militar foi a saída para que as filmagens fossem liberadas e levadas a efeito sem sobressaltos.
A produção é modesta, com poucas locações e cenas gravadas em locais e horários mais desertos, tudo para poupar dinheiro e garantir gravações sem riscos para os profissionais envolvidos. Mas, também em razão disso, o roteiro é sofrível, para dizer o mínimo.
A direção é esquisita, com cortes abruptos em certas tomadas. A fotografia tem a mesma saturação amarelada dos filmes do produtor Michael Bay e, na falta das explosões características do diretor da franquia Transformers, tem-se a tentativa de fazer suspense e criar tensão no espectador, mas tudo soando sempre muito superficial e artificial.
O romance entre os pombinhos não convence, apesar da química entre os atores. A realidade mostrada não condiz com uma democracia consolidada como a dos Estados Unidos, que mesmo sendo o país mais rico do mundo, não sobreviveria a 4 anos sem atividade econômica. O isolamento não sofre nenhum tipo de resistência e o aspecto médico e científico é totalmente esquecido. O filme lembra as produções “B” com zumbis, só que sem os comedores de cérebro. Para um elenco tão enxuto, dois vilões com inclinações psicopatas chega a ser exagero, sem que a pandemia seja utilizada como justificativa para o enlouquecimento deles.
Tudo é raso, repleto de convenientes coincidências e nenhuma discussão minimamente séria sobre a pandemia, que só é utilizada como desculpa para este filme genérico de ação.
Foto: Divulgação
Nada contra o cinema de ação, mas a utilização do tema da pandemia real que todos vivenciamos neste ano (e quiçá, até meados do ano que vem!) parece leviana e puramente aproveitadora. Não que houvesse obrigação de provocar grandes reflexões e ser apenas um cinema escapista, mas a superficialidade com que tudo é tratado (doença, abuso, assassinatos etc.) chega a irritar.
De modo que, ao final do filme, fica-se aliviado pelo fato dele ter terminado!
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Nota: 2 / 5 (fraco)
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