SILVER E O LIVRO DOS SONHOS | Filme é uma grande aposta na área da fantasia

O Mundo dos Sonhos não é um item inédito da cultura pop. Desde a época do Little Nemo, Alice no País das Maravilhas (por que não?), passando por Sandman e sendo trama central de A Origem (Inception), o Sonhar é um lugar que desperta curiosidade e remete a sentimentos de aventura e emoção. Todas essas obras procuram, de alguma forma, trazer o deslumbre desse lugar, com mitologias e funcionamentos próprios e este filme não é exceção.

Representação do Sonhar. Imagem: Hygia Saúde

Silver e O Livro dos Sonhos é mais um filme com essa temática, mas nem de longe cai na mesmice ou repetição de filmes anteriores com o mesmo tema. Dirigido por Helena Hufnagel e com roteiro de Sina Flammang e Christian Ditter, o filme é baseado no romance de mesmo nome escrito por Kerstin Gier. É uma produção perfeita para adolescentes, sem parecer pedante ou negligenciar a inteligência de quem assiste.

Silver e O Livro dos Sonhos

Depois da morte do pai, Liv (Jana McKinnon) e sua irmã Maia (Riva Krymalowski) saem da Alemanha rumo a Londres, onde sua mãe vai morar com o novo namorado e sua família. Os amigos de seu novo meio-irmão Grayson (Théo Augier) podem literalmente viajar nos sonhos e é de Henry (Rhys Mannion) que Liv se aproxima para juntos vencerem o alto custo de tornar sonhos (ou pesadelos) em realidade.

Liv e seus amigos decifrando o Livro dos Sonhos. Imagem: Observatório de Cinema

Silver e O Livro dos Sonhos é um filme para adolescentes. Se você tentar enxergá-lo fora desse ótica, vai ver um filme apático,  de aventuras bobas com soluções rasas. Na verdade, a mensagem do filme é bem maior que isso. Ele parte do padrão deste tipo de filme em que os adultos pouco aparecem e são, muitas vezes, a semente do conflito. A morte do pai, o novo namoro da mãe, a mãe bêbada, a avó cuidadora, todos os problemas originam-se dos adultos. Mas longe de fazê-los vilões do filme, o enredo trata da forma como os adolescentes resolvem esses conflitos (seja em sonhos, seja na vida real) e amadurecem, seguindo o ciclo da vida.

A fotografia do filme é intencionalmente pálida e melancólica, trazendo aquele aspecto de “tudo vai passar e ser apenas uma lembrança” e funciona muito bem. O mesmo vale para a trilha sonora, que é bem típica do adolescente europeu. Aliás, o termo “europeu” pesa bem aqui, mostrando a realidade dos adolescentes de Londres, mas que se parar pra pensar algumas coisas se encaixam muito bem na nossa. Acho que se apaixonar e a presença de drogas na adolescencia chegam a ser coisas universais.

Silver e Henry forma um certo casal… esquisito. Quem nunca? Imagem da internet

Sonhando Acordado

Infelizmente o filme não é perfeito. Ele toma alguns atalhos e não explica qual é o ritual que Henry e seus amigos fizeram pra se tornar Sonhadores ou por que Liv pode viajar no sonho sem ter lido o livro. Algumas soluções criadas no próprio filme funcionam para algumas situações, mas não para outras (como escapar do sonho girando sobre si mesmo). O final é bem feito, mas é aberto – o que pode deixar bastante gente frustrada. Obrigar o expectador a montar seu próprio final é filosófico na maioria das vezes, mas quando o público alvo são adolescentes do século XXI isso pode dar errado. Eles aprenderam a receber tudo pronto e mastigado e pensar num final (ou esperar uma continuação não anunciada) pode ser bem ruim.

O Corredor dos Sonhos. Consegue encontrar a porta correta? Imagem: Observatório do Cinema

Embora não seja perfeito, não queira dizer que seja ruim. Para este final de ano, Silver e O Livro dos Sonhos é muito melhor que a maioria dos filmes de Natal que estrearam esse ano e vale a pena dar uma chance ao filme, mesmo que seja “o último do ano”. A película está disponível no Prime Video.

Nota: 3,5 / 5

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