Resenhas
RESENHA| O Conto da Aia
2020 está um ano assustador, e cada vez mais pensamos que poderíamos estar em meio a um filme, ou a uma distopia escrita por alguém muito louco. Nossa realidade está cada vez mais assustadora e aparentemente difícil de acreditar. Livros de distopia nesta época de pandemia são uma boa pedida, inclusive para ajudar a ver o mundo com outros olhos. Sendo assim,.algumas leituras nesta época são indispensáveis, e entre elas está a resenha de hoje.
O Conto da Aia de Margareth Atwood é o livro resenhado . Escrito em 1985, é um clássico do gênero e com dezenas de reflexões pertinentes, faz com que seus leitores questionem-se o quão longe este livro pode estar da vida real. Adaptado para formato de série, pela Hulu em 2017, já acumula prêmios e é uma das séries mais aclamadas pelo público. A edição Brasileira resenhada abaixo foi lançada pela editora Rocco em 2017 e consta com 368
páginas.
RESENHA
Ela tenta não lembrar do passado e acreditar que este destino é o melhor que poderia ter para si depois de tudo, o melhor que ela poderia conseguir. Neste novo mundo, a guerra consme as fronteiras e uma nova ordem foi imposta. Se mulheres já não tinham direitos… agora não tem nenhum.
Segundo esta nova ordem ser uma Aia era um privilégio poder dar a luz a um bebê, para poder entregar a outra é claro. Essa dádiva, não representa muita coisa, ela é só mais uma subalterna, mais uma empregada e precisa ter um filho do comandante para que sua esposa possa cria-lo e isso precisa acontecer antes que ela seja declarada infértil e assim sem utilidade. Sem nome, sem passado e sem nenhuma forma de fuga, ela e todas as outras que ocupam a mesma posição estão fadadas a continuar com essa vida, sem escolhas e sem voz.
O conto da Aia é um romance distópico da Margareth Atwood. Narrado em primeira pessoa, conta a história de uma aia, sem nome, até porque o nome que usa é para mostrar que ela é só mais uma posse. Um livro que aparentemente não fala da nossa realidade, mas arrepia a cada página pela proximidade em que uma distopia pode estar das nossas vidas.
Esta é uma resenha difícil de escrever. O livro dá diversos socos no estômago durante a leitura e é assustador acompanhar essa narrativa que lembra que tudo isto está bem próximo da realidade. O livro aborda uma quantidade enorme de temas como machismo, aborto, culpabilização da vitima… ficaria por linhas e linhas falando de todos os temas retratados.
Os personagens são envolventes e quando você se da por si já esta imerso neles, vendo pelos olhos da protagonista. A profundidade de cada personagem é absurdamente grande o que te faz perceber cada ponto da humanização deles.
A ambientação é em um país distópico, acredito que seja os Estados Unidos. Está assolado por guerras e um novo governo tomou o poder e uma nova religião instaurou-se. Mulheres são igualadas a nada e homens detem boa parte de todo o poder. Para a protagonista, sua função é ter filhos, já que após dezenas de explosões a capacidade reprodutiva da população foi quase dizimada.
A organização social e política é muito bem feita e explanada, e isso deixa a história mais aterrorizante. Quando você le tem consciência que é uma distopia, um livro, ficção, mas em nenhum momento consegue parar de questionar-se o quanto estamos próximos disto. Sua vida pode mudar a qualquer instante e virar uma realidade louca.
A narrativa é incrivelmente imersiva. Por ser em primeira pessoa, chega a ser agoniante muitas vezes acompanhar a protagonista e eu realmente não sabia se precisava de uma pausa, ou precisava desesperadamente seguir adiante. Li o livro todo em um dia e fiquei abismada com o final, e muito feliz quando soube que saiu uma continuação.
Então, estou ainda muito reflexiva sobre tudo que li, e tudo que pode vir acontecer. Com certeza, vendo muitos acontecimentos que pareciam insignificantes com outros olhos.
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