RESENHA | Eu Sou a Lenda

O prefácio da edição que obtive de Eu Sou a Lenda foi feito por (nada mais, nada menos) Stephen King. O mestre atual do horror na literatura diz que não é justo dizer que Richard Matheson tenha inventado o horror, mas que o autor viera como um trovão numa época em que esse gênero estava desgastado e em baixa. E que o próprio King fora influenciado por Matheson.

Eu Sou a Lenda, publicado em 1954, traz a história de Robert Neville, um sujeito preso em sua própria residência devido à uma infestação de vampiros/zumbis que aniquilou o planeta. Tentando não enlouquecer e se manter vivo, Robert Neville acabará descobrindo que não está realmente só. E, durante a leitura, você vai perceber que o livro oscila entre horror e ficção científica, o que o torna diferente e instigante.

E, assim como em A Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 1897), eu fiquei maravilhado com o livro. Eu levo sempre em consideração a data de publicação e a época em que a obra foi escrita. Hoje em dia, há muitas referências para inspirar os novos autores, entretanto, quanto mais longínquo, mais valor de autenticidade um ator recebe por grandes obras de fantasia. Ursula K. Le Guin, H. G. Wells, Tolkien e Matheson são grandes nomes que influenciaram muita gente. Tanto que George A. Romero (se não conhece esse nome, pesquise no Google e surpreenda-se) considera Eu Sou a Lenda como uma de suas grande inspirações.

A história é tão interessante e tão fluída, que você não larga o livro até seu fim, que é muito superior ao mostrado no filme de 2008, com Will Smith. Aliás, há muita coisa diferente na modernização desta história. O filme até que é bacana, mas o livro é muito mais. As sacadas e a escrita de Matheson são excelentes. A cena final de Samantha (a cadela do protagonista) no filme é triste e talvez a melhor parte daquela versão. Já a cena do cachorro que Robert encontra no livro não tem aquele peso todo, mas o fim do capítulo deste animal é igualmente arrasador, como um tapa na sua cara.

Há um entendimento bem bacana para o título do livro no seu fim épico. Eu Sou a Lenda é um clássico de sucesso, e isso é claramente merecido. O livro é alvo de estudos sobre o medo e o afastamento perante à sociedade (algo que estamos sofrendo atualmente, devido à pandemia). Tem até um estudo completo deste tema como um extra nesta edição, além de uma entrevista com o autor na época do filme de 2008.

Curiosidade: Matheson é autor do livro Amor Além da Vida (What Dreams May Come – 1978) que inspirou o belíssimo filme de 1998, com Robin Willians. 

Recomendo muito!

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