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STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “O Observador de Estrelas” (2×1)

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Star Trek: Picard

Logotipo da série

O Observador de Estrelas é o primeiro episódio da segunda temporada de Star Trek: Picard, uma produção da CBS baseada no universo de Jornada nas Estrelas, mais especificamente em Jornada nas Estrelas – A Nova Geração. A série conta a história do antigo capitão (agora almirante) Jean-Luc Picard, que é retirado forçosamente de sua aposentadoria por conta de velhos amigos – e antigos inimigos também.

Dois anos se passaram desde a última temporada até agora. A pandemia interrompeu o processo criativo, atrasou gravações, alterou contrato dos atores. Mesmo assim, a expectativa se manteve. Houve muita empolgação com o surgimento de uma série de Picard, mas quando a primeira temporada terminou, os ânimos haviam amornados. A série teve um final agradável, mas morno e cheio de furos. Nada tão perto da grandiosidade de um final como teve a própria A Nova Geração, por exemplo. Por isso o anúncio de uma segunda temporada deixou todos animados de novo, mas com uma pulguinha atrás da orelha.

Atenção tripulação! Ativar alerta de spoilers!

O conteúdo a seguir pode conter spoilers. Leia por sua conta e risco.

 

 

Tempo de Lembranças

O Observador de Estrelas já começa mostrando uma nave em alerta vermelho, vários membros da Frota Estelar se organizando às pressas para uma batalha. Eles entram na ponte de comando da nave onde estão Capitão Cristóbal Rios (Santiago Cabrera), Sete de Nove (Jeri Ryan), a doutora Agnes Jurati (Allison Pill) e é claro, o almirante Picard (sir Patrick Stewart). No meio da troca de tiros, a nave é atacada por alguém misterioso na ponte. O computador avisa da autodestruição iminente e então… Voltamos para dois dias atrás.

A música de Irma Thomas  “Time Is on My Side” está tocando na vinícola do Chateau Picard, num clássico de vinil, onde é tempo de colheita. Após o trabalho, Picard se reune com Laris (Orla Brady), a romulana exilada para beberem o vinho recém produzido. Zhaban, o marido de Laris, está falecido há dois anos. A romulana está disposta a amar novamente e com mais intensidade, um ato comum e tradicional entre os romulanos, mas Picard recua, como se não estivesse preparado. O clima acaba e eles se recolhem.

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Picard e Laris no chateau. Foto de: Trae Patton/Paramount+ ©2022 ViacomCBS.

Temos um flashback interessante a seguir, sugerido pelo próprio Patrick Stewart. Ficamos sabendo um pouco mais sobre a infância de Picard e descobrimos que seu pai mantinha um relacionamento abusivo com sua mãe, que ensinou o pequeno Jean-Luc a “olhar para as estrelas” nas dificuldades. Nada mais coerente para um homem que decidiu passar a vida no espaço, praticamente rompendo todos os laços com sua antiga família. No episódio Família (Family), de A Nova Geração, Picard vai ver o irmão com quem não falava há anos. Teria Picard medo de se relacionar com alguém por receio de se tornar alguém perigoso?

Sobem os créditos, com abertura e tema musical levemente modificado para esta temporada. 

O Observador de Estrelas

No dia seguinte, Picard discursa na Academia da Frota Estelar, onde agora também é reitor. Ele cumprimenta Elnor (Evan Evágora) como o primeiro aluno “totalmente romulano” na Frota. Convém lembrar que Simon Tarses, um oficial da Frota Estelar era mestiço humano/romulano, servindo a bordo da USS Enterprise D, conforme visto no episódio Inquisição (The Drumhead), da quarta temporada de A Nova Geração. A tenente Saavik que serviu a bordo da Enterprise em Jornada nas Estrelas II: A ira de Khan foi planejada para ser meia vulcana-romulana. Porém essas referencias foram removidas do corte final e ela é oficialmente uma vulcana completa.

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Picard e Elnor após a celebração. Fonte: internet

Raffi (Michelle Hurd) está oficializada novamente na Frota Estelar como comandante. Agnes e Soji também são vistas na cena a seguir, trabalhando para a Frota como embaixadoras dos sintéticos. Sete de Nove ainda pertence aos Rangers de Fenris e agora cuida de La Sirena, antiga nave de Rios, tendo o holograma Emmet como seu único tripulante. Rios agora comanda uma outra nave bem diferente, como veremos adiante.

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Raffi e Picard conversam após a cerimônia. Fonte: Trae Patton/Paramount+ ©2022 ViacomCBS.

Então uma anomalia espacial aparece e coloca a Frota Estelar em polvorosa, a ponto de interromper a cerimônia de graduação dos cadetes para chamá-los a serviço. A Frota pede para que o Capitão Rios leve sua nave para investigar a anomalia e ele convida a doutora Agnes Jurati a se juntar a ele.

É muito interessante ver Rios no comando de novo e como ele se mostra bastante competente na ponte. Seu comando para a execução da dobra espacial, “Dale!” faz a doutora Jurati comentar sobre a pressão do legado, ou como ela diz, “um comando com bagagem“. Nada mais justo, por que quando a nave está prestes a entrar em dobra, vemos que ela é nada mais nada menos que a Stargazer reformada!

A Stargazer é um ponto central deste episódio. Não só dá nome a ele (The Star GazerO Observador de Estrelas), como também foi a primeira nave sob o comando do então recente Capitão Picard. O número de registro desta Stargazer na tela é NCC-82893, diferente da Stargazer original, cuja numeração era NCC-2893. Por ser uma nave reformada e atualizada, a mesma deveria receber um prefixo, assim como as Enterprises (A, B, C…). Porém, a numeração nova tem um razão que será apresentada adiante.

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A nave Stargazer reformulada. Fonte: internet

Um pedido de socorro

Sete de Nove também aparece para examinar a anomalia junto com a Stargazer. Uma interferência vinda da anomalia espacial carrega uma sequencia de várias mensagens em várias línguas, onde todas dizem a mesma coisa: “Ajude-nos, Picard!“. O protagonista, no entanto, está um pouco ocupado visitando um certo bar em Los Angeles, na 10 Forward Avenue. Whoopi Goldberg nos presenteia mais uma vez com Guinan, e como sempre está incrível em sua interpretação, imersa completamente no papel. De fato, a conversa dela com Picard sobre suas paixões passageiras e suas entregas emocionais poderiam durar o episódio inteiro sem nos cansar.

Guinan e Picard. Foto de: Nicole Wilder/Paramount+ ©2022 ViacomCBS.

Antes mesmo que Picard possa se curar da ressaca, a Frota Estelar aparece no seu quintal lhe entregando uma insígnia. Parece que os responsáveis pela anomalia espacial querem se juntar à Federação e só aceitam negociar com Picard. Lá vai o velho almirante para o espaço novamente, onde é revelado que a atual Stargazer é reformada com tecnologia borg encontrada no Artefato, o cubo borg da temporada passada.

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Picard de volta a Frota Estelar. Fonte: internet.

Eles tentam comunicar-se com o que está na anomalia, mas nada acontece à primeira vista, até que uma grande nave em forma de diamante se apresenta pelo tecido da realidade. São os borgs. A Frota é acionada, uma reunião é convocada e todos ficam na duvida se devem responder com diplomacia ou com força. Os borgs ficam impaciente e resolvem enviar sua própria rainha para negociar exclusivamente com Picard. Rios ergue os escudos, mesmo mediante um sinal de teletransporte. No entanto, tal medida se torna desnecessária, uma vez que a tecnologia borg consegue ultrapassar as defesas da nave e envia a rainha direto pra ponte de comando da Stargazer. E então voltamos onde começamos.

O tempo está do meu lado

A rainha é transportada na ponte, com um visual muito diferente do interpretado por Alice Krige em Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato. Diga-se de passagem, muito mais insetóide e misteriosa. Mesmo alegando vir em paz, a rainha dispara vários tentáculos de seu corpo e começa a controlar a nave. Incapaz de uma decisão mais sensata e correndo risco de perder a armada, Picard autoriza a autodestruição da Stargazer. Seria a segunda vez ele faz a mesma coisa, sendo uma em Primeiro Contato, quando a Enterprise E foi controlada pelos mesmos borgs. Durante a sequencia de autodestruição, a música “Non, Je Ne Regrette Rien”, de Édith Piaf começa a tocar, vinda do nada. Aparentemente, apenas Picard a escuta. Com sua autorização, a contagem chega ao fim e a nave explode, juntamente com a armada.

Porém, o que parece o fim é só outro lugar. Picard acorda no seu chateau, mas totalmente diferente do que está acostumado. Um lugar quebrado, esquecido e quase morto. Debilitado, ele se levanta e percorre a propriedade, porém não parece ter ninguém, exceto um mordomo sintético. É quando aparece Q, membro do Continuum, espécie que viaja e controla aspectos do espaço-tempo com a força do pensamento.

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Q, interpretado por John de Lancie. Fonte: internet

Q esteve presente no primeiro episódio de A Nova Geração, Encontro em Longínqua (Encounter At Fairpoint) e no último E Todas as Boas Coisas… (All the good things…), além de ser responsável por apresentar os borgs à tripulação da Enterprise D em Quem Q? (Q Who?). O mesmo já apareceu tambem em Voyager. Não sabemos exatamente onde (ou quando) Picard está, nem os propósitos de Q, exceto o de mostrar o fim da “estrada não tomada“…

Conclusão

Assim como na primeira temporada, o episódio de abertura é sempre mais calmo e introspectivo, para que no fim nos dê um grande gancho que nos guiará por todos os episódios vindouros. Esse no entanto, consegue intercalar muito bem as doses de ação e introspecção, de modo que se torna uma abertura excelente. Tal qual um jogo de xadrez, as peças são colocadas cada um no seu lugar com pequenos movimentos para então sim, criar a tensão da batalha. O Observador de Estrelas é um bom começo depois do final morno da temporada anterior, principalmente pelos novos e bons elementos conhecidos, como a aparição de Guinan e o surgimento de Q.

Criar uma retro continuidade para o passado de Picard foi uma ideia fantástica. Sempre tido como um explorador nato, um homem cheio de conhecimentos e um pulso firme, mas em nenhum momento (exceto em Família e Todas as Boas Coisas talvez) a vida pregressa de Jean-Luc Picard foi explorada mais a fundo, nos trazendo cor ao cinza de uma definição sem razão. Conservadores torcerão o nariz, mas quero que saibam que não vencerão nessa.

Por fim O Observador de Estrelas termina com uma série de perguntas e um gancho fantástico para o episódio seguinte, o qual aguardo ansiosamente.

Nota: 4/5.


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Desenvolvedor de sistemas, escritor, jogador de RPG, fanático por jogos de tabuleiro, leitor voraz. Tento salvar o mundo nas horas vagas, mas é difícil por que nunca tenho horas vagas...

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