Séries
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Filhos do Cometa” (1×2)
Filhos do Cometa é o segundo episódio da série Star Trek: Strange New Worlds, derivado da Série Clássica e Star Trek: Discovery (quem diria que um spin-off teria pai e mãe…).
Atenção tripulação! Ativar alerta de spoilers!
Nyota Uhura
Nyota Uhura (conhecida popularmente como Uhura ou Tenente Uhura) é a oficial de comunicações da Enterprise (e posteriormente Enterprise-A). A personagem apareceu nas três primeiras temporadas da Série Clássica, além dos seis primeiros filmes da franquia. Interpretada pela atriz Nichelle Nichols, Uhura apareceu em 66 episódios e foi a única personagem feminina a atuar tanto na Ponte de Comando quanto em missões em campo.
Tenente Uhura, interpretada por Nichelle Nichols. Imagem: Memory Alpha
Uhura foi um símbolo da liberdade feminina, por protagonizar uma mulher em uma posição de comando em uma nave majoritariamente masculina. Quando a atriz pensou em desistir do papel, foi incentivada pessoalmente por Martir Luther King Jr, ativista do movimento de direitos civis, inspirando posteriormente Whoopi Goldberg (que mais tarde entraria na série A Nova Geração) a se tornar atriz. Também protagonizou o primeiro beijo interracial da televisão americana.
A tenente Uhura interpretada por Zöe Saldaña. Imagem: Pinterest
Mesmo assim, a personagem nunca teve tanto destaque na franquia quanto seus companheiros masculinos. Sempre delegada ao papel de coadjuvante, a personagem foi ter uma importância maior no reboot para o cinema com Star Trek de 2009, interpretada por Zöe Saldaña. Neste filme (e suas sequências) Uhura pode provar que ela não só era um mulher cheia de talentos, mas alguém com muita força feminina. Mesmo assim, conhecíamos bem pouco sobre sua origem.
Filhos do Cometa veio corrigir esse problema e nos aprofundar ainda mais na história de Uhura, que em Strange New Worlds ainda é uma cadete cheia de dúvidas…
Filhos do Cometa
Filhos do Cometa é um episódio sobre futuro e predestinação. Ele começa no jantar do capitão Pike (Anson Mount) quando ele questiona Uhura (Celia Rose Gooding) sobre como ela se vê dali dez anos. A pergunta tem mais significado pra ele que para ela. E é nesse pedaço que ficamos sabendo da história trágica de cadete (perdeu pais e um irmão) e qual a razão dela se interessar por idiomas. O episódio começa tão descompromissado, mas nos entrega uma carga sentimental muito boa.
O jantar na cabine do capitão Pike. Imagem: StarTrek.com
O fato de Uhura nunca ter sua história pregressa contada dá a liberdade dos escritores fazerem o que quiserem com esse espaço. Acredito que eles começaram bem, mas dar a ela uma história trágica me pareceu um tanto desnecessário. Não é sua tragédia que a impulsiona, e sim o saber para onde quer ir. A dúvida de se descobrir quem é vale mais para ela do que saber quem já ela foi. Então aqui o prato acaba sendo maior que a fome. Tudo bem, ao menos não é uma história tão forçada.
Mas o que vem depois vale bastante: a primeira missão em um grupo avançado de Uhura, que inclui George Sam Kirk (Dean Jeannotte), Spock (Ethan Peck) e La’an (Christina Chong). Dada a longa associação de Uhura com a música dentro e fora do cânone, parece apropriado que a comunicação ocorra através da música. Talvez uma conexão rápida demais, mas possível se prensarmos em uma série episódica. Anson Mount continua fazendo um excelente Capitão Pike, equilibrando segurança, elegância e muito bom humor nas interações e ordens da ponte. E é claro, temos uma sequencia de efeitos especiais retratando a Enterprise no espaço que se assemelham muito às partidas de Star Trek OnLine.
A ponte de comando enfrentando seus perrengues. Imagem: StarTrek.com
Filhos do Cometa demonstra que devemos desafiar nossas percepções, mesmo quando as alternativas parecem altamente improváveis. A combinação do jantar e da missão fora da nave foi uma excelente oportunidade para realmente sermos apresentados a quem é a Cadete Uhura, o que ela valoriza e o que a motiva. Mais uma vez, apesar de seu status independente, o episódio dá dicas sobre o interesse romântico da enfermeira Chapel por Spock e explora a abordagem do Capitão Pike naquilo que ele entende como seu destino.
Não é um episódio redondinho como foi o primeiro, mas se esforça tanto e é tão palatável, que os defeitos ficam pra trás. Talvez Strange New Worlds esteja recebendo aquilo que a Série Clássica não teve corretamente, que é esmero de produção (além de um orçamento muito maior). Torçamos para que continue assim.
Nota: 4,5/5
Anteriormente, em Strange New Worlds…
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Strange New Worlds” (1×1)
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