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Críticas

BLISS: EM BUSCA DA FELICIDADE | Crítica do Neófito

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Tem filmes que são complexos, como Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001), Tenet (Christopher Nolan, 2020), Os Pássaros (Alfred Hitchcock, 1963) entre inúmeros outros.

E há aqueles filmes que só são confusos mesmo, como é o caso desse Bliss: Em Busca da Felicidade. Filme estranho, dirigido pelo inconvencional Mike Cahill e estrelado por um sempre limitado Owen Wilson e a eternamente bela, Salma Hayek e produzido diretamente para a Amazon Prime Video.

Na trama altamente “cabeça”, Greg Wittle (Owen Wilson) é um entediado líder numa empresa de segurança digital, recém divorciado e filhos criados, viciado em metafetamina (ou qualquer coisa similar), que passa os dias desenhando sua fixação mental numa casa com piscina à beira mar, com uma mulher bela parada numa das portas da luxuosa residência.

Após um incidente que acaba por causar um involuntário traumatismo craniano no seu chefe, em fuga, Greg conhece a moradora de rua e prostituta Isabel Clemens (Salma Hayec), que diz (e demonstra) ter poderes especiais após ingerir um cristal amarelo, afirmando que, em verdade, praticamente tudo ao redor deles não passa de uma simulação, mas que ela e ele seriam “reais”.

O casal se envolve romanticamente e passa a morar junto numa espécie de lixão para moradores de rua, enquanto Emily (Nesta Cooper), filha recém formada de Greg, busca pelo pai desaparecido por toda a cidade, sem muito sucesso. Em meio a isso tudo, ainda ocorrem manifestações de rua e a recorrente referência a uma clínica de reabilitação para drogados (ou algo parecido).

(Alerta de Spoilers) Mais para frente surge, logicamente, um novo mundo onde tudo é melhor, bonito e solar (enquanto o “outro” mundo é azulado e cinza); as doenças foram superadas, os serviços cotidianos são realizados por robôs e IA’s e a pobreza foi erradicada. Greg Wittle acorda numa realidade em que seria um grande inventor de brinquedos tecnológicos, enquanto Isabel se apresenta como sofisticada cientista especializada no desenvolvimento de uma simulação virtual/neural (a partir de um monte de cérebros humanos num aquário!?!?!?!?) que visaria apresentar a infelicidade e a dificuldade para os seres humanos, pois, apesar do mundo perfeito que materialmente foi construído, a facilidade e falta de desafios acabou por entediar as pessoas a tal ponto delas se desentenderem por qualquer bobagem.

Foto: Divulgação

Apesar de Greg agora estar no mundo belo, perfeito e exatamente igual àquele que ficava desenhando quando imerso na suposta simulação, ele não consegue se lembrar da sua vida anterior à essa mesma simulação, além de sentir saudades de Emily.

E é aí que tudo fica bastante confuso no filme: Emily – que seria apenas um programa de computador – consegue ver o pai no que seria a “realidade”, enquanto tudo no suposto mundo “real” parece ser versão às vezes ilusoriamente melhorada do que existe na simulação ou vice e versa.

Confusão nos dois mundos fazem com que Greg e Isabel optem por retornar ao mundo simulado (ou não) onde ocorrem mais problemas até que Greg opta por ficar naquele mundo bastante azul e infeliz, mas que também possuiria alguma beleza.

Preciso me desculpar pela exposição da trama do filme, mas acredito que era importante para demonstrar as muitas pretensões (não concretizadas) do longa.

Bliss, evidentemente, emula Matrix em vários momentos, cenas e circunstâncias (inclusive a necessidade de tomar – no caso, injetar – as “pílulas” azuis), mas vai além no quesito da confusão que existiria entre o mundo real e o simulacro (caso realmente existam duas realidades). Não fica claro qual dos dois mundos seria o mundo verdadeiro. O mundo perfeito de Greg pode, de repente, ser a verdadeira simulação, ou apenas uma alucinação gerada pelo consumo de drogas, por exemplo.

O filme vende – por meio do discurso de que “é preciso ver o ruim para se valorizar o bom” ou “perder o que se tem para dar valor ao que se tem” – a ideia de que toda vida vale à pena, que o ser humano sempre vai sucumbir ao seu personalismo ou qualquer coisa assim. Mas tudo é sempre tão elíptico e dúbio que não há como pegar nenhuma mensagem verdadeira.

A intepretação no automático de Wilson não ajuda a que tenhamos empatia com seu personagem, um tanto apático e sempre à mercê das circunstâncias. Já Hayec faz o que pode com seu sotaque, sua voz rouca e sua sensualidade inerente e imanente, mas suas personagens, na maior parte do tempo, parecem mais chatas e controladoras – além de um pouco destrambelhadas – do que seguras do que fazem. Apenas Cooper parece ter algum tipo de emoção genuína no filme.

Com avaliação pífia no Rotten Tomatoes, Bliss pode dizer no filme que está à procura da felicidade, mas, na realidade, apenas causa tristeza em que o assiste!

 Foto: Divulgação (Owen Wilson e Salma Hayec em suas duas versões e a boa e desperdiçada atriz Nesta Cooper)

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Nota: 2 / 5 (fraco)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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