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Críticas

BRIDGERTON S02 – “Quanto mais tempo demora, mais violento vem…” | Crítica (tardia) do Neófito

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Após o sucesso assombroso da primeira temporada de Bridgerton, série da Netflix inspirada na saga literária concebida pela escritora Julia Quinn, a expectativa pelo segundo ano estava lá em cima.

De fato, Bridgerton se mostrou um programa de televisão delicioso de degustar, graças aos vários fatores que levantamos na crítica da temporada um (Vide Aqui), ou seja, produção caprichadíssima, figurinos e cenários deslumbrantes, ambientação e reconstrução de época impecáveis, cenografia irretocável, atores entregues, personagens carismáticos, trama adulta, bom humor, crítica social subjacente, representatividade racial, romance e erotismo em doses acertadas.

Todavia, logo após a confirmação do segundo ano do programa, veio o susto com a saída do elenco do até então galã absoluto da série, o belíssimo ator Regé-Jean Page, que, interessado em aproveitar a súbita fama conquistada com seu duque de Hastings, resolveu sair do elenco de Bridgerton, para alçar voos mais ousados no âmbito cinematográfico, inclusive com vários rumores sobre ser o novo intérprete de James Bond ou do Pantera Negra.

Foto: Divulgação (uma duquesa sem duque!)

Temia-se, naturalmente, que a saída do protagonista desanimasse os espectadores que se apaixonaram pelo romance entre o duque e o mais novo diamante da Rainha, a linda Daphne Bridgerton, vivida com gosto por Phoebe Dynevor.

Uma das explicações para Page ter abandonado o programa que lhe lançou para o estrelato estaria no fato de que a segunda temporada, centrada no livro 2 de Quinn sobre aquele fascinante universo, de fato jogasse para escanteio o sedutor personagem do Duque de Hastings, para focar no conturbado triângulo amoroso estabelecido entre o irmão mais velho de Daphne, o Visconde Anthony Bridgerton – interpretado por Jonathan Bailey (o qual também chocou os conservadores de plantão ao revelar sua homossexualidade) – a linda e jovial Edwina Sharma (Charithra Chandran, ótima), e sua exótica e hipnótica irmã Kate Sharma (Simone Ashley, saindo da sombra de seu personagem secundário em Sex Education).

Seria mentira dizer que Regé-Jean Page não fez falta neste segundo ano, mas, para a felicidade geral da nação, a série mostrou fôlego e charme próprios o suficiente para se segurar mesmo sem seu grande trunfo. Bailey, o atual protagonista, já havia tido certo destaque no primeiro ano, figurando como o típico cafajeste vitoriano e o jovem, machista e soberbo chefe da família Bridgerton, mas, no fundo, de coração bom. O ator demonstrou e demonstra segurança no papel, esbanjando olhares e sorrisos de canto de boca para seduzir a plateia (incluindo homens!), mas claramente lhe falta aquele “Q” a mais que Regé-Jean naturalmente demonstrou no primeiro ano do programa. Em compensação, a química dele com Ashley funciona excepcionalmente bem. A tensão sexual que se estabelece entre os personagens é muito bem explorada, aumentando a temperatura em cada cena compartilhada entre eles.

Foto: Divulgação (sou só eu quem estou sentindo esse calor louco aqui?)

O que não funciona bem é a dinâmica do triângulo que se estabelece entre Anthony, Kate e Edwina, afinal, os motivos para sua formação são incrivelmente tolos, até mesmo para o padrão da época em que a história se passa. Busca-se, também, mascarar a previsibilidade da consumação do amor entre os personagens principais da temporada por meio de situações limites: não basta Anthony ter pedido Edwina em casamento, mas era preciso antecipar a cerimônia; não bastava eles se casarem com pompa e glamour, era necessário que fosse no castelo da rainha; e por aí vai. Mesmo assim – e não venham dizer que isso é spoiler – é claro que se trata de um romance açucarado, com enorme letreiro luminoso colocado ao final da fila com os dizeres “final feliz à vista”!!

Concomitantemente ao trisal involuntário, correm as subtramas paralelas: a rainha (soberbamente interpretada por Golda Rosheuvel) continua sua cruzada para descobrir a identidade da misteriosa fofoqueira Lady Whistledown (voz de Julie Andrews, excelente), no que é acompanhada pela espevitada e idealista Eloise Bridgerton (Claudia Jessie), desesperada por fugir do papel da moça casamenteira; Lady Portia Featherington (Polly Walker) busca, a qualquer preço, forma de recuperar a fortuna da família e/ou arrumar bom casamento para suas filhas, enquanto sua caçula Penelope – ou simplesmente Pen – na pele da irresistível Nicola Coughlan, esforça-se por manter seus segredos bem guardados, à exceção de sua quase explícita paixão pelo ainda “coração partido” Colin Brigerton (Luke Newton, correto), alimentando as especulações pela formação do casal “Polin”; Benedict Bridgerton (Luke Thompson, carismático) finalmente assumiu sua paixão pelas artes e entrou na academia, vivendo romances, experimentando psicotrópicos e talvez quase realizando seu sonho; Lady Danbury (Adjoa Andoh, repetitiva) continua a circular entre a nobreza, sendo a confidente da rainha, com fofocas, artimanhas e certa sabedoria do jogo dos tronos. Parte do passado dos Bridgerton também é esmiuçado nesta temporada, com o objetivo de explicar a muralha emocional de Anthony e a importância do “casamento com amor” defendido pela matriarca da família, a Lady Violet Bridgerton, defendida com graça por Ruth Gemmell.

Nenhuma das tramas paralelas, na verdade, empolga muito – com exceção das investigações impetuosas de Eloise e todo o arco envolvendo a identidade de Lady Whistledown – parecendo estar ali para “encher linguiça”, mas também sem atrapalhar o ritmo ágil e agradável da série. Um detalhe que não pode deixar de ser destacado é a força que as personagens femininas demonstram em todos os arcos, sendo elas quem conduzem de fato toda a narrativa, apesar do papel social submisso que a época retratada exigia delas.

Em resumo, Bridgerton continua a brilhar e a se destacar como uma das melhores produções comerciais da cultura pop atual: tudo o que garante charme e sucesso ao programa está de volta, amarrado com a segura direção do grupo de diretores escalados.

Mas, claramente, esta temporada perde meio foguetezinho para a anterior, por certo ar de repetição do padrão do primeiro ano, apenas com inversão dos papeis (agora é o homem que “precisa” se casar); e, principalmente, pelo roteiro algumas vezes preguiçoso, resolvendo situações notoriamente graves com certo desleixo e rapidez.

Ah, e também pelas poucas cenas “calientes” deste ano, praticamente reservadas para as últimas cenas dos dois últimos episódios da temporada, fato que foi alvo de acaloradas discussões nas redes sociais. Não que a série tenha ficado pudica, mas, obviamente, roteiristas, produtores e diretores optaram mais pelo desenvolvimento do clima romântico do que pelas conjugações carnais oriundas deste, mas se saindo bem na empreitada. Demora, mas quando acontece, é bem feito!

A terceira e quarta temporadas – claro! – já foram garantidas pela Netflix, de modo que ainda poderemos nos deliciar com o folhetim ficcional da nobreza britânica. Afinal, quem não gosta de festa, glamour, gente bonita e um pouco de fofoca?

Foto: Divulgação (costurando as tramas para a próxima temporada…)

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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