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Críticas

CARANGUEJO NEGRO | Distopia Pós-Apocaliptica de um Ponto de Vista Boreal – Crítica do Obelix

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A premissa pode até parecer engraçada e dar a impressão de que se trata de alguma comédia militar hollywoodiana: Seis soldados precisam atravessar um braço de mar congelado para cumprir uma missão ultra-secreta utilizando-se de patins de gelo! Eu imaginaria facilmente meia dúzia de comediantes norte americanos no ostracismo tentando alavancar novamente suas carreiras com um enredo desses.

Mas não é nada disso. Pelo contrário. Caranguejo Negro, a produção da Netflix que estreou no mês passado, é um filme de guerra sério retratando uma distopia pós-apocalíptica de um ponto de vista boreal. Isto porque o filme é de origem sueca e as sombrias e gélidas locações  causam uma tenebrosa sensação agorafóbica (medo de espaços abertos). A fotografia do filme inclusive é um de seus pontos altos. As imagens belas e ao mesmo tempo aterradoras do oceano congelado sem nada a vista para qualquer lado que se olhe já valeriam o filme.

Mas não é só isso. O clima depressivo de uma humanidade decadente permeia o longa desde o início. A direção de Adam Berg é magistral assim como a atuação da atriz em ascenção Noomi Rapace que interpreta a protagonista Caroline Edh.

Tudo sobre a guerra é nebuloso. Não sabemos o motivo tampouco quem é o inimigo que aparece em poucos momentos do filme sempre em impecáveis uniformes militares brancos com máscaras que lhes escondem os rostos quase que por completo. As proporções da guerra, se globais ou regionais também não são diretamente reveladas. Porém desde o início do longa, eu particularmente, fiquei com uma impressão de algo muito grande. Tanto pelas condições de devastação em que se encontra a cidade mostrada como pela situação de penúria, desespero e selvageria de sua população. Lembrando que estamos falando de Suécia, uma das nações com as melhores condições de vida do mundo. É dificil pensar que algo menos que uma guerra nuclear poderia ter causado tão gritante reversão. Tomadas aéreas mostrando enormes torres de fumaça negra se erguendo em diversos pontos e um edificio com um impressionante furo cilíndrico em seu centro dão o toque apocalíptico.

A narrativa se dá em dois tempos. Na linha principal vemos Caroline Edh já integrada ao exército sendo convocada para a tal missão Caranguejo Negro que a levará de patins com mais 5 companheiros até uma certa ilha atravessando o braço de mar que está congelado. Paralelamente vemos a história de Caroline no começo do conflito quando ela é brutalmente separada de sua filha adolescente. O filme deixa uma impressão de que a população foi alistada compulsóriamente ao exército. Caroline apesar de parecer sempre deslocada e insatisfeita com sua posição de tenente (provavelmente preferisse estar nas ruas procurando sua filha) aproveitou-se bem do treinamento recebido e isso fica óbvio por sua habilidade com armas e combate em contraste com a aparentemente pacata vida de mãe e dona de casa que levava antes. Ela também é perspicaz e é a única a perceber o caráter suicida da missão. Porém seu coronel superior a incentiva com a promessa de que sua filha se encontra no destino da missão utilizando inclusive como prova uma foto recente da menina.

A operação Caranguejo Negro se estende pelo segundo ato todo do filme de forma eletrizante. Entre os seis membros da equipe a desconfiança reina, porém a convivência vai delineando para o espectador os caráteres e motivações de vida de cada um deles. O conteúdo do misterioso pacote que devem levar ao seu destino é revelado gerando ainda mais atritos éticos e morais.

O último ato do filme se passa já na base militar de destino e, em minha opinião, ocorre de forma corrida dando brecha a pequenos roteirismos para que a trama se resolva. Porém nada absurdo que estrague a experiência do filme. Apesar de ser um filme de guerra, não há heróis tampouco peleguismos moralistas. Cada um é o que é perseguindo seus motivos egoístas. Caroline quer unica e exclusivamente encontrar sua filha. Não se vê também patriotismo por parte dos oficiais superiores. Demonstram sim um ódio mortal pelo inimigo. Um desejo insaciável de vingança, não pela pátria que em nenhum momento é citada, mas pela humilhação sofrida. 

Caranguejo Negro é uma belíssima produção dirigida com esmero tirando de seus atores excelentes performances. Um longa que revela muito da humanidade ao mesmo tempo que revela pouquissimo de seu próprio enredo. A história pode ser nebulosa como a noite do ártico, mas o brilho de seus personagens ilumina o filme. O roteiro foi baseado em um livro  Svart krabba, escrito por Jerker Virdborg e publicado em 2002. Talvez o livro revele tudo que ficou em suspense no filme. Mas querem saber? Dispenso o livro. O filme está perfeito para mim. Saber mais talvez estrague…

 

 


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Jorge Obelix. Ancião do grupo, com milhares de anos de idade. Fã da DC Comics e maior conhecedor de Crise nas Infinitas Terras e Era de Prata do Universo. Grande fã de Nicholas Cage que acha que um filme sem ele nem pode ser considerado filme. Fã de Jeff Goldblum também, e seu maior sonho é ver ambos (Cage e Goldblum) contracenando.

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