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Críticas

THE WITCHER S03 | Crítica do Neófito

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Quando estreou, em 2019, The Witcher foi a aposta da Netflix para ter uma série de fantasia medieval adulta para chamar de sua, que contasse com cavaleiros, lutas de espada, magia, nudez, sexo e dragões, e capaz de preencher o vácuo deixado com o fim de Game of Thrones (HBO) que, apesar de seu final um tanto quanto questionável, foi, indiscutivelmente, um fenômeno cultural, além de divisor de águas para as produções audiovisuais da televisão.

Na verdade, o sucesso inesperado e incalculável de GoT promoveu uma corrida das plataformas de streaming para que cada uma também tivesse sua própria aventura de capa e espada, como Cursed – A Lenda do Lago (2020, também da Netflix e um fiasco estrondoso); e A Roda do Tempo (2021, cuja segunda temporada estreia em 1º de setembro) e Os Anéis de Poder (2022, ainda sem data para o segundo ano), ambas da Prime Video.

Mas, voltando a The Witicher, o entusiasmo pela série era grande, afinal, seria estrelada e coproduzida por um grande fã daquele universo ficcional, ou seja, nada mais, nada menos do que o badalado ator britânico Henry Cavill, o Superman do cinema àquela época (Homem de Aço, de 2013; Batman vs Superman, de 2016; e Liga da Justiça, de 2017), e unanimemente considerado o galã do momento. Para além do astro, a produção ainda contava com um orçamento generoso, na casa dos 100 milhões para a primeira temporada ou cerca de 10 milhões para cada um dos seus 8 episódios, mais o marketing (lembrando que GoT custava 15 milhões por episódio). Cavill daria vida ao Witcher Geralt de Rivia, protagonista da história criada pelo romancista polonês Andrzej Sapkowski (e do game baseado nos livros respectivos).

Talvez um pouco ajudada pela pandemia que obrigava a todos ficarem dentro de casa, sem ir ao cinema, o sucesso da série foi grande, apesar de algumas críticas ao roteiro excessivamente intricado, que narrava a história em duas linhas temporais sem qualquer diferenciação estética ou explicação mais clara, e algumas mudanças na trama e na personalidade do personagem principal e secundários. Além disso, há que se destacar o episódio 6 da primeira temporada em que o CGI do dragão que integrava a história era risível diante dos que a HBO havia apresentado em GoT.

No mais, a série era bem violenta e erótica, contendo fartas doses de sangue, nudez e sexo (principalmente protagonizadas pela bela e exótica Anya Chalotra, que deu vida à feiticeira Yennefer de Vengerberg, par romântico de Geralt). Também foram empregados muitos efeitos especiais para as competentes cenas de magia, ótima maquiagem, edição e mixagem. O ponto mais fraco era, justamente, a trama.

A comparação com GoT era inevitável, claro! Apesar de o programa da HBO ter apresentado uma infinidade de personagens (um terço dos criados nos livros!), múltiplos cenários e subtramas, a história era mais compreensível do que a de The Witcher que, apesar de mostrar as mesmas intrigas palacianas de um épico tipicamente medieval, pecava por não deixar muito clara as motivações por trás dos conflitos entre os reinos e raças (humanas e élficas) ali existentes, fato que se prolonga pelas segunda e terceira temporadas.

Muito do apelo de GoT vinha da história de disputas de poder entre as casas de senhores e suseranos, capazes de se autodestruírem completamente, ao mesmo tempo que pairava sobre tudo a ameaça maior dos Caminhantes Brancos, o que – voluntária ou involuntariamente – estabelecia uma metáfora com os conflitos geopolíticos reais dos tempos atuais, em que países se digladiam econômica e ideologicamente – a ponto de reacender a probabilidade de um conflito atômico definitivo – enquanto a ameaça climática vai se revelando cada vez mais letal e inclemente.

Já em The Witcher, o apelo vem das cenas de ação, principalmente aquelas encabeçadas por Cavill, seja no enfrentamento simultâneo de vários adversários humanos ou de monstros mortais e/ou nojentos, para os quais os bruxos foram destinados a combater. As batalhas entre exércitos e/ou entre magos também são exploradas e enchem os olhos. Todavia, o que menos chama a atenção é a história em si, bastante confusa e sem propósito claro: sabe-se que o império de Nilfgaard quer expandir seu domínio pelo Continente, apelando para a guerra, mas não há explicação do porquê, ou algum evento que justifique.

A partir da segunda temporada, tem-se a introdução do treinamento e desenvolvimento de Ciri (Freya Allan), a jovem princesa fugida do reino de Cintra (invadido por Nilfgaard), da primeira temporada, e ligada a Geralt pelo destino, de modo que, junto com Yennefer, passariam a construir uma relação familiar sólida e de resistência às diversas ameaças que os circundam, como é mostrado na terceira temporada, que agora passa a ocupar os presentes comentários.

Foto: Divulgação (o retrato de uma família feliz!)

Enquanto o segundo ano do programa também recebeu críticas pelo seu ritmo mais lento, e – oriundas do próprio Cavill – sobre o tratamento dado pelo roteiro a Geralt, este terceiro ano começa bem melhor, mostrando a dinâmica familiar dos três personagens principais, enquanto fogem de mercenários, caçadores de recompensa, feiticeiros e elfos, quase todos a mando de Emhyr, imperador de Nilfgaard e pai biológico de Ciri, que a deseja a seu lado, graças aos poderes latentes que ela possui, garantindo, assim, seu domínio sobre todo o continente.

O amor secular de Geralt e Yennefer se sobrepõe às mágoas que eles deixaram acumular ao longo do tempo e o instinto paterno e materno dos dois por Ciri funciona bem, conduzindo boa parte desta terceira temporada, inexplicavelmente dividida em duas partes pela Netflix. Freya Allan se esforça para combinar a ainda pouca idade e rebeldia adolescente de Ciri com suas recém-adquiridas habilidades mortais de combate, às vezes com sucesso e outras não. O bardo Jaskier (Joey Batey) ganha mais espaço na trama, apesar de, por vezes, sua introdução parecer forçada. As subtramas não empolgam, com personagens muito caricatos (como Vizimir, o rei da Redania, interpretado por Ed Birch) ou subaproveitados. Destaca-se Mahesh Jadu, como o feiticeiro Vilgefortz e amante de Tissaia (MyAnna Buring), a maior feiticeira de Aretuza (academia de magas e feiticeiros), cuja participação é fundamental para o grande plot twist da temporada.

As lutas e intrigas internas são muito bem conduzidas, cuja culminância se dá no excelente quinto episódio deste terceiro ano – “A Arte da Ilusão” – que mostra os acontecimentos por diversos ângulos diferentes, até o clímax que, na verdade, é apenas o aperitivo para os eventos atordoantes do sexto episódio – “Todo Mundo Tem um Plano até Tomar o Primeiro Soco” – que estreou após o intervalo forçado que a Netflix impôs.

Foto: Divulgação (pois é, Geralt, também achamos esse bufê meia-boca)

Todavia, o grande marco da terceira temporada, em verdade, foi o fato de que ela encerra a participação de Henry Cavill na produção, por motivos até agora não muito bem esclarecidos. Meses antes da estreia, foi anunciado que Liam Hemsworth (irmão do Chris, intérprete de Thor do MCU) assumiria os cabelos prateados e a espada de Geralt de Rivia no lugar do agora ex-Superman, ex-bruxo e, até o momento, astro desempregado.

E é bastante chamativo quando elementos externos à produção (intriga de bastidores, fofocas etc.) geram mais barulho do que seus elementos internos (história, roteiro, fotografia, interpretações etc.). Ou seja, muito do atrativo desta terceira temporada estava no fato de ver como se daria a despedida de Cavill e não no desenvolvimento da história em si.

O personagem – como nos livros que servem de base para esta temporada – passa por momentos felizes e bastante tensos. A cena final – que compreende, também, a última participação de Cavill, é uma luta contra vários oponentes, bastante gráfica e coreografada, para sinalizar quanto o ator se dedicou ao papel. Mas, ao mesmo tempo, é melancólica e morna, ficando, no máximo, próxima à primeira luta de Geralt, mostrada no episódio inaugural da série que, esta sim, foi bastante impactante.

Fica a expectativa para o quarto ano do show e o novo ator a dar corpo ao personagem que dá nome à série que, em verdade, segundo o produtor Tomek Baginski em recentíssima declaração, não seria o protagonista, mas a Ciri! Será que isso indica que, a partir de agora, o The Witcher virará o coadjuvante de The Witcher?

Foto: Divulgação (abraço de despedida)


Nota: 3,5 / 5 (muito bom)


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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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