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FUNIMATION | A conturbada chegada da gigante dos animes ao Brasil

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O ditado que resumirá a matéria a seguir será: O Brasil NÃO é para amadores.

A chegada de uma das maiores distribuidoras mundiais de animes ao território brasileiro e hispânico, embora anunciada no início desse mês de Julho por diversos sites, só será efetiva a partir do último trimestre do ano de 2020, e o que deveria causar alegria e entusiasmo na comunidade de fãs de animes nacional tem na realidade gerado uma onda de preocupação, polêmicas e até mesmo rejeição à presença da Funimation no Brasil.   

“Mas qual seriam os motivos?” você, caro(a) leitor(a), deve querer se perguntar, ou pode ser que até mesmo já saiba, dado o momento em que essa matéria da sessão de colunas do Nerdtrip está saindo (tive mudanças de rotina que me impedem de postar no site com a mesma frequência de antes e dar meus pitacos sobre notícias quando ainda estão “quentes” entre o público), especialmente se frequenta alguns dos mesmos ambientes virtuais deste que vos escreve. Mas bem, esse é um texto, e sobretudo uma conversa sobre o qual expressarei minha opinião pessoal a respeito de tudo isso com base no movimento que vim observando nos últimos dias, desde o anúncio oficial da entrada da Funimation no mercado de streamings do Brasil, onde inclui com isso novos animes dublados, então se passou da frase que resume tudo que será escrito aqui, vamos enfim ao assunto que interessa, inicialmente, relembrando um pouco de todo o percurso da gigante norte americana até o seu anúncio de chegada a este “país tropical nem sempre tão abençoado por Deus”.

 

Um ponto importante para se falar sobre a relação de Funimation e Brasil é que: por longos anos a empresa foi mal vista como sinônimo de “impeditivo maior” para a chegada de novos animes dublados em português ao país (entenda melhor sobre isso aqui), e por isso era bastante detestada por uma parcela do fandom que desejava não só mais animes dublados, como a dublagem de séries populares, como My Hero Academia/Boku No Hero AcademiaAttack On Titan/Shingeki No Kyojin, que estavam em sua posse. Era difícil para uma parcela do público fã mais leigo entender porque entre tantos animes novos dublados trazidos por serviços como Crunchyroll Netflix, muitas vezes nem sempre estavam entre eles aqueles “animes da moda”, sobre o qual muitos não paravam de falar sobre, e nem sempre havia quem explicasse porque eles não recebiam dublagem, enquanto outros para um público bem mais “específico” eram contemplados eventualmente com a opção.

E mais difícil ainda era entender porque a empresa ignorava o Brasil em seu plano de investimentos, visto que uma de suas concorrentes, Netflix, chegou a tornar público em 2017 que nosso país é um dos maiores consumidores de animes do planeta.

Contudo, os dias de “desdém” que a empresa destinou não só aos brasileiros, como também ao resto da América do Sul, chegaram ao fim, mas infelizmente em um momento onde a relação da “Funi” com seu público alvo anda um tanto quanto “azeda”, e onde a turbulência já podia ser sentida no primeiro sinal de aterrizagem da empresa por aqui.

 

Fire Force (esquerda) e Fruits Basket (direita) davam sinais do que parecia ser uma grande parceria

Após uma repercussão positiva da estreia do filme My Hero Academia: 2 Herois em 2019 nos cinemas, e com a aquisição por parte da distribuidora Sato Company dos animes Fruits BasketFire Force, os quais a Funimation detém os direitos não só para os Estados Unidos, como para quase todo o ocidente, o que muitos esperavam é que a empresa brasileira do Sr. Nelson Sato, e a gigante norte-americana estivessem em um início de uma parceria, “casamento” esse que daria à Sato Company o pomposo título de “representante oficial da Funimation no Brasil”. Mas o passar dos meses mostrou que a situação não estava bem enveredando por esse lado, e a aquisição de dois animes recentes da mesma Funimation por uma distribuidora pequena brasileira mais pareciam ter sido um mero “golpe de sorte”, visto que embora houvesse intenção por parte da Sato de dublar ambos os animes, as séries não receberam até hoje dublagem por “questões contratuais” obscuras para o público, segundo algumas fontes, e falta de vontade por parte do serviço de streaming escolhido (o Amazon Prime Video), de acordo com outras.

Eis que então, a Funimation começa a dar seus primeiros passos adentrando o Brasil de maneira tímida, no começo do ano de 2020, através das dublagens de alguns de seus títulos mais populares pelo estúdio paulistano DuBrasil, que possivelmente só seriam anunciadas após suas finalizações, talvez junto com a própria vinda da empresa. Mas eis que recebem um belo “exposedpor parte de sites especializados e youtubers, gerando inclusive controvérsias singulares na história da dublagem brasileira, além de desconfiança em relação aos critérios de escolha do estúdio, e sobre a possível qualidade dos trabalhos prestados pelo estúdio da família Baroli.

 

   

A dublagem cujo anúncio deveria ter sido uma grande notícia, mas que virou uma grande dor de cabeça.

Como se não bastasse, a empresa tem lidado lá fora com um outro grande problema que é também um grande desencadeador de preocupação e até paranoia por parte de fãs brasileiros com o início das operações da distribuidora por aqui: O uso de legendas com traduções modificadas para adaptações “politicamente corretasem diálogos, como no seguinte exemplo envolvendo o anime Kobayashi-san No Maid Dragon, que no Brasil, os direitos pertencem exclusivamente à Crunchyroll, para o alívio de alguns:

 

TRADUÇÃO  aproximada

LEGENDAS

TohruO que houve com aquela roupa?

Lucoa: Todos estavam sempre dizendo algo a meu respeito, então eu tentei reduzir a exposição, como estou?

Tohru: Você devia mudar era seu corpo na próxima vez.

DUBLAGEM DA FUNIMATION

TohruPor que está vestida assim?

Lucoa: Oh… as demandas desta sociedade maliciosa e patriarcal estavam dando nos meus nervos, então eu mudei as roupas.

TohruDê uma semana, e eles irão querer que você mude-as de volta.

 

O episódio envolvendo Kaguya-Sama: Love Is War, onde um diálogo entre personagens foi modificado para que o termo “isolamento social” parecesse bem encaixado foi um dos mais expressivos referentes às tentativas da empresa em falar a “linguagem do momento” com seu público, e tal fato tem sido visto com críticas e ridicularizações constantes por boa parcela dos consumidores, que por vezes chegam a jogar contra a própria empresa. Justamente em meio a isso, que o “Caso Ishuzoku Reviewers“, ganhou recentemente um novo episódio  que fez os ânimos do público ficarem ainda mais acirrados com a Funi: A empresa esteve retirando episódios do anime que foram colocados no site Porn Hub por fãs sob a alegação de “pirataria”, ainda que tenha adquirido o anime oficialmente, mas tendo o retirado de seu próprio serviço depois dele “não estar de acordo com suas normas de conteúdo”, e é essa atitude que nos levará ao próximo tópico a ser tratado.

 

 

Há medo por parte dos fãs inclusive que as “adaptações” da empresa nas legendas chegue também às dublagens de animes.

 

A Funimation vai ter que empregar um esforço considerável para compreender, e quem sabe até ressignificar, a relação do fã de anime e mangá brasileiro com a pirataria e com o que já consomem há anos. Um problema relacionado não só a fatores culturais, como também econômicos. O último episódio envolvendo Ishuzoku Reviewers acendeu no público o sinal amarelo de que: A presença oficial da empresa no Brasil pode ameaçar a existência de inúmeros sites de download, streamings piratas e até mesmo fansubs, dificultando o acesso de muita gente às suas produções orientais favoritas.

 

 

Será que a “Marinha” da empresa vai dar conta de tantos piratas por aqui?

 

É importante aqui frisar que: existe no Brasil uma parcela do público que há muito tempo consome animes por meio da pirataria, mas que não tem capital para pagar por serviços de streaming ou sequer produtos oficiais das obras que gosta, assim como gente que se habituou à pirataria e tira proveito dos benefícios que ela proporciona, enquanto deixa de enxergar o investimento de dinheiro no hobby de “assistir animes e bancar a indústria” que usufrui e gosta como algo interessante, ainda que não queira largar o hábito de vez enquanto ao mesmo tempo enxerga o que não consegue deixar de fazer e viver sem como “supérfluo”, um problema que não vai ser solucionado com pura e simples “segmentação” e “elitização” dos produtos, pois isso é algo que já vem acontecendo nos mangás no atual mercado editorial brasileiro, e gerado inclusive crise.

Alguns fãs mais “conspiracionistas” chegam a juntar o histórico de censura a conteúdos pirateados licenciados pela empresa em sites alternativos ao de alterações em diálogos de legendas e dublagens em suas produções e acreditar que: à medida que aumentar o seu poder na indústria de entretenimento, a Funimation terá mais influência sobre o que pode ou não ser mostrado nas produções que intervir e investir verba, assim “destruindo” as características dos animes que os consagraram como livres da “maléfica” influência “politicamente correta” do “Ocidente”, ou Estados Unidos, se você quiser realmente dar nome aos bois.

 

 Raio ocidental lacrador!! Acabou o seu ecchi agora otaco! MWAHAHAHAHA!!

E bem, com barracos relacionados a dublagem, escolha duvidosa de estúdio, imagem ruim em relação à legendas e políticas contra a pirataria, está feita uma mistura “explosiva” para que a chegada da empresa ao Brasil não seja tão bem vista quanto na verdade deveria.

Mas mesmo após todo esse “compilado” de fatos e especulações com base neles de como se dará o percurso da Funimation ao desembarcar por aqui, resta a mim como fã de animes e mangás, tentar enxergar as coisas de uma maneira sobretudo otimista e desejar não só boas vindas à empresa, como também boa sortesabedoria para manejar tanto ânimos à flor da pele por parte de outros fãs, como sobretudo também estratégias boas e interessantes para tornar animes produtos rentáveis novamente no Brasil, de formas que essas produções sejam exploradas a fim de atrair todo um público novo para esse universo fantástico, e não que essas obras fiquem mais e mais restritas a um nicho que pouco se renova.

Nosso mercado de animes tem um longo histórico de erros e amadorismos por parte de outras distribuidoras e serviços que trabalharam com esses conteúdos por aqui, e apesar da própria Funimation demonstrar estar cometendo erros já ao entrar, é desejável enxergar a chegada de uma empresa como ela como um “próximo passo” do nosso mercado e não como um retrocesso. É válido também lembrar que os consumidores de animes no Brasil tem expressado cada vez mais voz ativa através da internet, e que para cada “cagada” não faltarão espaços e muito menos representantes de reclamações legítimas ou nem tão legítimas, de forma que: A relação da empresa com a comunidade de fãs brasileira será moldada de acordo com as maneiras que a própria empresa lidar com o que está a seu favor e contra por aqui, então dados todos os avisos…

O Brasil NÃO é para amadores.

#ChegaJuntoFunimation.

 

    

 


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29 anos, psicólogo de formação e fã de animes, mangás, dublagem e jogos por essência, além de cosplayer (só quando o financeiro permite).

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