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Críticas

OS PARÇAS 2 | Crítica do Neófito

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A comédia no cinema teve grandes representantes: Keaton (Buster), Chaplim (Charles) e Marx (o Groucho, não o Karl) alçaram o gênero a um alto patamar de respeitabilidade, mesmo que os filmes se utilizassem de situações absurdas, nonsense e muito humor físico. Mas a inteligência dos seus autores conseguia, por trás de toda a sequência de gags visuais, ainda incorporar elementos de crítica social e de costumes, sendo Chaplim, de longe, o mais mordaz de todos.

 Foto: Divulgação

Com o passar do tempo, o academicismo chegou ao âmbito cinematográfico, passando a comédia em película a ser analisada a partir, por exemplo, do referencial da comédia no teatro grego, sobrepesada em termos de conteúdo e forma, obtendo críticas que ressaltavam a dificuldade de se realizar um “bom” filme cômico, mas ainda sendo estigmatizada como um tipo de “cinema menor”, que nitidamente incomoda os artistas de viés humorístico, os quais, via de regra, buscam provar seu talento dramatúrgico lançando-se em produções “sérias”, de temática dramática (vide Bill Murray, em o Fio da Navalha; Jim Carrey, em Crimes Obscuros; Will Ferrel, em Mais Estranho Que a Ficção; Adam Sandler, em Reine Sobre Mim).

Sempre cabe uma nota ao fraco filme nacional Chorar de Rir, sobre o qual já comentei outras vezes, que se utilizada da própria comédia para criticar a comédia, ao contar a história de um ator de comédia que não se sente um ator de verdade por fazer comédia.

Mas, tirando todas as considerações técnicas que possam ser feitas ao gênero, o fato é que uma “boa” comédia possui um parâmetro de avaliação indiscutível: ela deve fazer rir quem a assiste.

Nesse sentido, logicamente há gente que morrerá de rir com Os Parças 2, continuação do filme de 2017, então sob a direção de Halder Gomes, e estrelado por Tom Cavalcante, Bruno de Luca, Tirullipa e Whindersson Nunes. O filme, apesar das críticas modestas, foi a quarta maior bilheteria nacional daquele ano, que teve O Último Jedi como campeão de público.

Agora sob a batuta de Cris D’Amato, o quarteto atrapalhado e muito unido por laços de cumplicidade e amizade retorna para mais confusões, num filme que ainda reúne as participações de Fabiana Karla (fazendo o que sempre faz) e Mariana Santos (também em sua confortável zona de conforto do humor caricato), além de pontas como as dos jogadores de futebol Falcão e Amaral (surpreendentemente engraçado e natural), e da cantora Simone (da dupla com sua irmã, Simaria).

Foto: Divulgação

No que consiste a “história” do filme?

Quem assistiu ao primeiro longa, sabe que Romeu (Bruno de Luca) termina o filme em clima de conto de fadas invertido, casando-se com a mocinha-princesa (e filha de bandido) Cíntia (Paloma Bernardi) e, aparentemente, enchendo os bolsos com muita grana para ele e seus “parças”.

Este segundo filme começa quase que imediatamente após os eventos do anterior, ainda que desconsidere o “gancho” de uma “cena pós-crédito”, na qual os “parças” se davam bem ao conseguirem um novo trabalho junto ao jogador Neymar.

Toinho (Tom Cavalcante), Ray Van (Whindersson Nunes) e Pirôla (Tirulipa) estão vivendo como hedônicos “reis do caos” em um hotel de luxo, esperando a chegada de seu dinheiro. Mas tudo o que conseguem é irritar a todos os demais hóspedes e a gerência do estabelecimento que, logicamente, está louca para se livrar dos inapropriados clientes, que sujam a piscina e jogam escargot para cima como se fossem bolas de gude.

Lógico que o dinheiro não chega e eles têm que fugir do hotel, conseguir dinheiro para pagar as dívidas, ajudar Romeu a sair do país para viver com Cíntia, além de evitarem ser mortos por gangsteres vingativos.

Nesse caminho, eles acabam tendo que parar num hotel-fazenda decadente, que servia de fachada para lavagem de dinheiro do pai de Cíntia e têm que lidar com uma turma de estudantes que vão passar férias lá e com outro grupo de jovens que se hospeda num hotel do lado (comandado pela personagem de Mariana Santos), com o qual dividem áreas comuns, como a lagoa.

Foto: Divulgação

Qualquer coisa a mais que se possa dizer sobre a “trama” é entregar todo o filme. Mas o que caracteriza mesmo essa produção é o ritmo alucinante de situações e gags intermináveis. Se no primeiro filme ainda havia algum desenvolvimento de personagem e um fiapo de história permeando todos os acontecimentos, neste segundo exemplar, parte-se do princípio de que os personagens já são muito bem conhecidos, sendo desnecessário qualquer aprofundamento nos mesmos, bastando criar situações em sequência nas quais os atores possam se sentir à vontade para serem eles mesmos, utilizando-se a rodo dos conhecidos maneirismos, tiques e cacoetes de suas personas e personagens (logicamente, quem mais se aproveita disso é Tom Cavalcante, em cenas como mulher, locutor, sedutor, bêbado etc.).

Tudo é muito fácil e sem riscos. Numa partida de futebol em que os personagens principais estão perdendo feio, surge, milagrosamente, naquele fim de mundo, Falcão (jogador) para integrar a equipe e mudar a história do jogo, mas não o suficiente para evitar o “clímax” da disputa de pênalti.

Foto: Divulgação

São tantas as sequências absurdas (o que não seria um mal em si, por se tratar de uma comédia), que não dá tempo de digerir o que aconteceu para já ter outra subtrama a ser resolvida.

O filme é explicitamente inspirado nos antigos longas dos Trapalhões: Romeu é o equivalente moderno do Dedé Santanna; Toinho é a versão 2019 do cearense Didi; Pirôla é a contraparte de Mussum; enquanto Ray Van ocupa a vaga que seria do Zacarias (apesar de ser o personagem que menos correspondência teria com o antigo).

A turma de jovens que aparece é composta por estereótipos variados: a menina que não larga celular e redes sociais; o bonitão com fachada de antipático; a linda menina independente e feminina que sonha com o príncipe encantado; o gordinho bulinado, a negra “parceira” etc.

Isso revela um outro aspecto do filme, que é a utilização de arquétipos na composição de todos os personagens, incluindo os principais. Mariana Santos, por exemplo, encarna a controladora gerente do hotel-fazenda, mas que, no fundo, esconde uma mulher em busca de romance; Fabiana Karla é a arrumadeira “gordelícia” e ninfomaníaca e por aí vai.

A caracterização do trio humorístico que compõe o núcleo duro do filme beira ao preconceituoso, afinal, todos os atores que o compõe são nordestinos – Tom Cavalcante e Tirulipa são cearenses e Whindersson Nunes é piauiense – sendo mostrados como sujeitos com inteligência abaixo da média (incapazes, por exemplo, de saber que bater numa colmeia de abelhas com um pau não seria algo sensato de se fazer), mas capazes de ensinarem lições de amizade e (óbvio) parceria aos jovens burgueses endinheirados.

Foto: Divulgação

Há falhas de roteiro e de continuidade, bem como de desenvolvimento de certas subtramas, algum romance adolescente, piadinhas de duplo sentido e boa dose de escatologia. Mas, quem liga, desde que se morra de rir com o filme?

Infelizmente, não foi o meu caso…

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Nota: 2 / 5 (fraco)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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