Séries
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Memento Mori” (1×4)
Memento Mori é o quarto episódio da primeira temporada de Star Trek: Strange New Worlds. A série, derivada da Série Clássica e de Star Trek: Discovery, narra as aventuras da tripulação da Enterprise anos antes dela ser comandada pelo Capitão Kirk. Nesse episódio temos muitas cenas de ação, bastante tensão e a melhor funilaria da Frota Estelar.
E para aqueles que vivem em outra galáxia, convém lembrar quem são os Gorns, a estrela da vez: apresentados pela primeira vez no episódio “Arena”, da primeira temporada da Série Clássica, esses seres reptilianos de movimentos lentos, porém letais, foram o pesadelo da Enterprise. Até esse episódio, ficamos sabendo que ninguém havia visto um Gorn antes (mesmo que eles tenham aparecido no universo espelho de Enterprise). Mas em Strange New Worlds descobrimos o motivo…
Os gorns ficaram tão famosos que aparecem inclusive em outras mídias. Cena da série The Big Bang Theory
Atenção tripulação! Ativar alerta de spoilers!
Memento Mori
A Enterprise está em uma missão de rotina para entregar um processador atmosférico muito necessário para uma colônia da Federação enquanto a nave celebra o Dia da Memória da Frota Estelar para homenagear “aqueles que fizeram o sacrifício final”. La’an (Cristina Chong) se recusa a usar seu broche comemorativo enquanto que Uhura (Celia Rose Gooding) faz seu intercâmbio entre os departamentos, indo desta vez para a engenharia, sendo avaliada por Hemmer (Bruce Horak). Não só um dia normal na nave, mas um dia bem representado na nave – a ênfase do Capitão Pike (Anson Mount) sobre relembrar os que partiram é soberba!
Capitão Pike no comando. Imagem: Trek Movie
Nem tudo são flores, descobrimos que a colônia foi atacada por ninguém menos que os Gorns. Ao resgatar os sobreviventes, a Enterprise é pega de surpresa, fica avariada e precisa recorrer a experiência pessoal de La’an para uma saída tática. Então temos um episódio memorável muito próximo de uma guerra submarina, nada a dever a filmes como Maré Vermelha (Crimson Tide, 1995) ou O Mar é Nosso Túmulo (Run Deep, Run Silent de 1958. Rendeu até uma música do Iron Maiden com o mesmo título). Convém lembrar que aventuras submarinas foram a inspiração para Gene Roddenberry orquestrar o comportamento dos tripulantes na Série Clássica.
La’an e Pike discutindo estratégias. Imagem: Treknews
As atuações estão magníficas, a começar por Cristina Chong, cujo personagem La’an é o centro do episódio. A maneira como a chefe de segurança consegue separar seu dever de sua experiência pessoal apesar do seu enorme medo é de uma dualidade incrível. Pike, por sua vez, é o ideal perfeito de Capitão da Frota, determinado, firme e dedicado a manter sua tripulação calma e totalmente investida na luta para salvar suas próprias vidas.
Na próxima vez estaremos preparados
Memento Mori fica carregado por uma alta tensão quando a Enterprise precisa fugir e a solução encontrada é se esconder em uma anã marrom sendo puxada por um buraco negro. Em outras palavras, somos levados a crer que nossas únicas opções é a frigideira ou o fogo. É impactante como vemos a sensação de perigo no rosto de cada tripulante, transpirando ainda mais sem os devidos controles climáticos.
Membros da tripulação reunidos em busca de uma solução criativa. Imagem: Marni Grossman/Paramount+ ©2022 CBS Studios.
E mesmo sem vermos um único gorn na tela, eles acabam se tornando inimigos implacáveis e temíveis, justificando o medo terrível de La’an e obrigando a tripulação a adotar métodos não ortodoxos para sobreviver, como derrubar um torpedo na nave gorn ou Spock (Ethan Peck) usar o elo vulcano para ajudar La’an a relembrar seu passado em meu a seus traumas. E é claro, em meio a rangidos, faíscas e fios soltos, a melhor representação da nave que aprendemos a amar, tem a estrutura forte o suficiente pra aguentar chegar próximo do núcleo da estrela, coisa que os adversários não podem fazer.
La’an e seus traumas. Imagem: Marni Grossman/Paramount+ ©2022 CBS Studios.
Talvez o arco menos impressionante em Memento Mori seja o de Uhura e Hemmer. Enquanto aprendem a trabalhar juntos, são expostos à possibilidade de morte iminente com a explosão do processador atmosférico avariado no espaço de carga. Bem, do ponto de vista da audiência, sabemos que Uhura não encontraria seu fim neste momento. Colocar Hemmer na mesma situação de perigo que a cadete tenta nos passar uma situação de morte iminente para o engenheiro, mas acaba não funcionando como deveria e o perigo parece não ser tão grave assim. Mesmo assim, a química dos personagens está excelente.
O que Memento Mori nos traz é uma mensagem altamente esperançosa sobre o futuro, mesmo com a vilania do espaço. A maneira como todos dão o melhor de si, em plena adversidade, sempre foi o diferencial da Enterprise e o ideal de Jornada nas Estrelas. Os sete esquifes no fim do episódio mostram o valor daqueles que “fizeram o sacrifício”, ilustrando perfeitamente as palavras do capitão no Dia da Memória. E é claro, Pike deixa bem claro que se os gorns voltarem (alguém ainda duvida?) a Enterprise estará preparada desta vez. Bom, e nós também!
Nota: 4,5/5
Anteriormente em Star Trek: Strange New Worlds…
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Strange New Worlds” (1×1)
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Filhos do Cometa” (1×2)
STRANGE NEW WORLDS | Análise do episódio “Fantasmas de Ilyria” (1×3)
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