A RODA DO TEMPO – Episódio “O Dragão Renascido” (01×04)

A Roda do Tempo

“O Dragão Renascido” é o quarto episódio da série A Roda do Tempo, lançado pelo Prime Video, o serviço de streaming da Amazon. A série série é baseada na série de livros de mesmo nome do autor Robert Jordan. Novos episódios vão ao ar toda sexta-feira.

A partir daqui, a resenha pode conter spoilers.

Anteriormente, em A Roda do Tempo…

Moigraine ferida. Imagem da internet

No episódio anterior, As Sombras de Shagar Logoth separaram os grupo que partiu de Dois Rios em três segmentos: Lan e Moiraine pela floresta, Rand e Mat pelas pedreiras e Perrin E Egwene pelo descampado. Nynaeve, que estava desaparecida, retorna e um pouco a contragosto, cura Moigraine.

Rand e Mat chegam a Córrego de Breen, vilarejo minerador nas montanhas, onde conhecem o menestrel Thom Merrilin. Já Perrin e Egwene, depois de percorrerem o descampado são acolhidos pelos Thuatha’an, o Povo Viajante. Já Lan e Nynaeve vão aos poucos se acostumando e tolerando um ao outro. Rand e Mat são encurralados por Dana, uma Amiga das Trevas que queria entregá-los para um Desvanescido – um líder das tropas do Tenebroso, mas são salvos no ultimo instante por Thom.

Já Moiraine melhorando da saúde chega cavalgando a um ponto específico da estrada: um acampamento Aes Sedai, que estão indo para a Torre Branca. Em sua custódia, um homem chamado Logain – confirmado como o próprio Dragão Renascido!

…e então:

“O Dragão Renascido” começa com um flashback da invasão de Ghealdan, um país situado nas encostas das Montanhas da Névoa. Ali temos um vislumbre do poder que Logain, o suposto Dragão Renascido, carrega com ele. Também é possível perceber sua loucura já aflorada. Logain Ablar é interpretado por Álvaro Morte, conhecido pelo seu papel de Professor, na série da Netflix, La Casa de Papel. Sua caracterização é bem diferente do que estamos acostumados, e para mim é ainda mais estranho ouvi-lo falando inglês. Infelizmente a dificuldade em se expressar em um idioma diferente do seu fica um pouco evidente, mas é interessante notar como o ator transforma isso ao seu favor, conferindo ao personagem uma estranheza que já seria dele, demonstrando muito talento.

Alvaro Morte como Dragão Renascido. Imagem da internet

De volta ao presente, vamos ao acampamento das Aes Sedai, onde Nynaeve (Zöe Robbins) chegou com Lan (Daniel Henney) e Moiraine (Rosamund Pike) no episódio anterior. Esta é a parte mais morna de “O Dragão Renascido“. Parte das cenas aqui serve pra explicar, por exemplo, que as Aes Sedai se dividem em sete grupos chamados “Ajahs“, cada um com uma cor ligada a ele. Cada Ajah possui seus próprios objetivos. As azuis, por exemplo, se dedicam a causas como virtude e justiça; as vermelhas fiscalizam o uso do Poder Único, as verdes são guerreiras e treinam para a Batalha Final que ocorrerá entre o Tenebroso e Dragão Renascido. Existem outras cores de Ajahs, mas elas são mais deixadas em planos de fundo no momento. Há também uma explicação sobre o elo dos Guardiões com sua Aes Sedai (que significa Serva de Todos na Língua Antiga).

Liandrin. Imagem da internet

Outro ponto que o episódio tenta emplacar mas não convence é a politicagem que envolve os mais diversos Ajahs. Liandrin (Kate Fleetwood), Ajah Vermelha, quer “amansar” Logain. “Amansar” é um processo feito pelas Aes Sedai Vermelhas, quando um homem é desligado de sua metade masculina da Fonte e nunca mais poderá utilizar o Poder Único, embora possa senti-lo. É o equivalente a ser castrado e lobotomizado ao mesmo tempo. A maioria dos homens perde a vontade de viver após isso.

As demais Ajahs tem opiniões diferentes, sendo que todas sabem que devem seguir as ordens do Trono de Armylin. O Trono (que é um cargo, uma pessoa e obviamente um trono ao mesmo tempo) comanda todas as Aes Sedai. A missão do grupo, portanto, é levar Logain até a Torre Branca para ser julgado.

Os diálogos entre Kerene (Clare Perkins), uma Ajah Verde, Liandrin e Moiraine servem pra representar as vontades das Aes Sedai nesse acampamento, mas se tornam rasos e sem muita força. Como já falamos, a série tem uma previsibilidade muito alta, o que só nos faz tomar ciência de que, essa discussão, só serve pra encher linguiça até algum evento futuro. O que é uma pena, pois um pouco mais de força no roteiro aqui tornaria a carga dramática de “O Dragão Renascido” muito maior!

Pra não dizer que não falei das flores…

Egwene (Madeleine Madden) e Perrin (Marcus Rutherford) seguem para leste com o Povo Viajante, indo em direção à Tal Valor. A dupla é a que tem o arco mais fraco nesse episódio, aparecendo pouco e quando o fazem, é pra dançar ou caminhar com os Thuatha’an. Por pouco aquela química adquirida entre os personagens no episódio anterior não se perde aqui. Durante a caminhada ficam sabendo sobre o Caminho da Folha, um estilo de vida totalmente pacífico, seguido pelos Buscadores. Eles nunca erguem a mão para defenderem a si próprios, nem a seus entes queridos, nem usam de violência para caçar ou obter carne. Eles utilizam a vida de uma folha como metáfora, já que quando esta cai, ajuda outras plantas a crescerem. Além disso, não há mais nada importante sobre eles neste episódio.

Já Mat (Barney Harris), Rand (Josha Stradowski) e Thom Merillin (Alexandre Wilaume), por sua vez, tem o seu pedaço de ação ao passarem a noite em uma fazenda, após ajudarem a limpar os estábulos em troca do pernoite. Thom e Rand estão desconfiados de Mat por causa de seu comportamento estranho. O menestrel explica o que acontece aos homens que canalizam e aqueles que são amansados. Mat se sente tão alterado que chega a passar mal – e a vomitar sombras. Quando Rand desperta de um pesadelo, ele e Thom percebem que algo está errado e correm pra casa do fazendeiro, onde encontram todos mortos.

Desvanecido. Imagem promocional

A culpa inicialmente parece ser de Mat, um tanto atordoado no meio da casa. No entanto, ele é o único capaz de enxergar o Desvanecido com antecedência. Os Desvanecidos viajam pelas sombras. Não se sabe até que distância ele pode se mover ou em que área a sombra tem que estar, mas faz com que ele seja um oponente imprevisível e difícil de matar. Thom consegue segurá-lo o suficiente para que os dois jovens fujam. O plot de Mat e Rand termina tão rápido quanto começou, mas ao menos não deixa o expectador cair no sono.

Como um sol radiante

A ultima parte do episódio é a mais agitada e consequentemente a mais interessante depois do marasmo a que fomos submetidos. Enquanto Lan e Nynaeve acertam seus ponteiros, o exército de Logain invade o acampamento. Segue-se uma breve expectativa de combate, ao nível do que tivemos no primeiro episódio, mas o que se segue é um fiasco com explosões aqui e ali que não convencem muito e dublês sendo arremessados de forma desinteressante. Nenhuma das Aes Sedai, ao que parece, tem poder suficiente pra dar um espetáculo como Moiraine fez no piloto. O combate é fraco e nem um pouco atraente ao público.

Enquanto isso o Dragão Renascido escapa da sua prisão. Ele tem um breve diálogo com Moiraine na caverna vazia, o suficiente pra Kerene e Liandrin se recuperarem. Kerene se sacrifica pra proteger as outras duas. Stepin (Peter Franzén), seu guardião, percebe imediatamente a morte de sua protegida. Eles recuam para a caverna, onde Moiraine e Liadrin estão dando tudo de si pra deter Logain.

Logain acessando Poder Único. Imagem promocional

Seguido pela impulsividade, Stepin ataca Logain, que se defende usando o Poder Único, destruindo as armas do Guardião e usando os fragmentos pra matar todos na sala. E teria conseguido se Nynaeve não estivesse protegida na entrada da caverna.

Sendo a única ilesa do ataque, ela tenta em vão socorrer a todos que padecem. Nesse momento ela desperta dentro de si um poder muito maior que todas as Aes Sedai presentes, iluminando a caverna como um sol radiante e curando todos no processo. Uma das melhores cenas do episódio.

Liandrin inicia o ritual para amansar Logain e é auxiliada por todas as Aes Sedai presentes. Assim, o vínculo com o Poder Único é cortado. O episódio fecha com um close em Nynaeve, a melhor atuação do episódio todo!

Conclusão

“O Dragão Renascido” caminhou tão devagar que se não fosse pelo final, poderia ser considerado um filler (episódio sem nenhum evento relacionado a trama principal, feito apenas pra preencher a temporada). A trama política, que pareceu ser o maior foco do episódio é muito fraca. Não há grandes motivações de nenhum lado e nem identificação com nenhum dos motivos de cada Ajah. Além disso, o episódio parece nos dirigir para as Ajahs vermelhas e verdes, pois as demais não aparecem na trama principal (há uma ou duas amarelas como coadjuvantes de fundo). E Moiraine parece ser a única azul!

O seguimento de Perrin e Egwene é quase nulo e chega muito perto de estragar tudo o que foi construído no episódio anterior entre os dois. No entanto, a química entre os atores é forte e prevalece entre os personagens também, segurando as pontas. Já com Mat, Rand e Thom, a reviravolta começa, mas é só um pontapé inicial. A gente fica esperando, mas o aparecimento do Desvanecido é só um aperitivo para o que está por vir.

Por fim, quem brilha neste episódio é Zöe Robbins, que interpreta Nynaeve com um talento muito grande. A atriz consegue passar a desconfiança ao não entrar no acampamento das Aes Sedai, e o oposto confiante quando Nynaeve se acerta com Lan. Consegue passar o medo e o pânico durante a batalha, além da raiva e o desespero quando vê todos mortos. Ou seja, a atriz impediu que este episódio fosse totalmente enfadonho.

Nota: 2,5/5 (Fraco)

Episódios anteriores:

A RODA DO TEMPO | Resenha do Episódio “Um Lugar Seguro” (01×03)

A RODA DO TEMPO | Resenha do Episódio “Onde a Sombra espera” (01×02)

A RODA DO TEMPO | Resenha do Episódio “Um Lugar Seguro” (01×03)

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