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Críticas

WATCHMEN SÉRIE | Crítica do Neófito (S01E06)

Publicado

em

Foto: Divulgação

ALERTA DE SPOILER!!!!!!

(Este texto pode, eventualmente, abordar elementos da trama)

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O sexto episódio da série Watchmen (que todo mundo já sabe ser produção da HBO, concebida por Damon Lindelof, de Lost, a partir da célebre graphic novel homônima de Alan More e Dave Gibbons), apesar de também merecer nota “ótimo”, gerou em mim um sentimento contraditório.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o episódio foi fantástico: direção precisa; belíssima fotografia em preto e branco para compor a magnífica reconstrução de época; atores dedicados (com destaque para Jovan Adepo e seu jovem Will Reeves); trilha sonora marcante; ótimos efeitos especiais; história que evolui a trama e envolve o espectador…

Tudo realmente muito bom em seu aspecto técnico e “externo”.

O pequeno incômodo, todavia, adveio do âmbito “interno”, da história em si, conforme ficará claro abaixo.

(SPOILER) Na HQ, o personagem Hooded Justice foi o primeiro vigilante mascarado a surgir, na passagem das décadas de 1930-1940, servindo de “inspiração” para os demais heróis, conforme Hollis Mason (o primeiro Coruja) esclarece em seu fictício livro, Sob o Capuz. Na década de 1950, em pleno Marchatismo1, os integrantes dos Minutemen – grupo que reunia os vigilantes mascarados da época – tiveram que revelar suas identidades secretas ao Comitê de Atividades Antiamericanas do Congresso norte americano (que de fato existiu), à exceção de Hooded Justice, que se recusou a tal feito e desapareceu, de modo que sua identidade nunca ficou conhecida, nem mesmo pelos seus próprios colegas de vigilantismo, incluindo Sally Jupiter, a primeira Espectral, que supostamente teria um “caso” com o herói misterioso.

1 o Marchatismo, grosso modo, foi um movimento real de perseguição a uma falsa invasão comunista que se estabeleceu nos EUA, na década de 1950, encabeçado pelo senador Joseph McCarthy, que culminou na perseguição de milhares de norte-americanos “suspeitos” de algum tipo de envolvimento com agremiações ou ideias comunistas e/ou marxistas. Vários artistas sofreram com essa verdadeira caça às bruxas que se desenvolveu de forma irracional, no período inicial da Guerra Fria. Indica-se o filme Cine Majestic como exemplo desse movimento e período.

As suspeitas (na HQ) era que Hooded Justice seria o halterofilista Rolf Müller, o qual aparece morto com uma bala na cabeça, na mesma época em que o vigilante mascarado sumiu do cenário. O Comediante – que havia tido um embate físico contra Hooded, no episódio de sua tentativa de estupro contra Sally – sempre foi tido, pelos Minutemen, como o responsável pela morte de Müller, apesar de nunca ter havido provas disso.

Foto: Divulgação (reprodução de imagens da graphic novel Watchmen, da DC Comics, publicada no Brasil pela Editora Abril)

Mason descreve Hooded Justice como “um dos maiores homens” que ele já tinha visto, de modo que a compleição física do vigilante devia impressionar. Na cena do estupro, Hooded facilmente submete o Comediante, dando a entender sua superioridade física. Contudo, nesse mesmo episódio, o Comediante, após ser surrado por Hooded, insinua que o herói encapuzado seria gay e/ou sadomasoquista, constituindo esse o seu ponto fraco. É também nesse exato momento que os desenhos de Dave Gibbons deixam entrever, pelo buraco do capuz, que Hooded era branco.

Foto: Divulgação

(SPOILER) Eis que, então, na série televisiva, aproveitando-se da indeterminação da identidade de Hooded Justice nos quadrinhos, Lindelof cria uma origem para o vigilante, revelando que sua identidade secreta seria justamente a do misterioso Will Reeves, interpretado aos 100 anos por Louis Gossett Jr., e, neste episódio da série, em sua juventude, por Jovan Adepo (conforme mencionado acima), ou seja, ele, na verdade, seria negro.

(digno de nota é a primeira aparição do herói: reprodução exata da descrição feita por Alan Moore – por meio da de Hollis Mason ­– da estreia do vigilante, com requintes de detalhe que chegam à exibição da manchete do jornal que seria lida por Mason e lhe servido de inspiração para se tornar o Coruja)

Foto: Divulgação

(SPOILER) A sacada foi genial, é preciso reconhecer. Uma realmente grande revelação da trama. Mas, ao mesmo tempo, para se manter fiel à graphic novel, Lindelof teve que justamente se afastar de algumas coisas estabelecidas nos quadrinhos. Afinal, Jovan Adepo claramente é um homem atlético, mas está muito longe de ser “um dos maiores homens” que já se tenha visto. E, para resolver a questão de Hooded Justice ser desenhado como um homem branco nos quadrinhos, na série, o jovem Will Reeves pintava o entorno dos olhos com maquiagem de pele branca para que as pessoas pensassem se tratar, efetivamente, de um “homem branco”, preservando ainda mais sua identidade civil. Por fim, sua habilidade de luta corpo a corpo com vários oponentes não ganha nenhuma explicação, a não ser que ele tinha muita “raiva”.

Foto: Divulgação

(SPOILER) A bissexualidade de Hooded Justice/Will Reeves fica patente na sua relação com Capitão Metrópolis (interpretado por Jake McDorman), descrito por Alan Moore/Hollis Mason como um homem excessivamente polido, mas nunca explicitamente gay.

Tudo isso ocorre na mente de Angela Abar/Sister Night (Regina King), sob efeito dos comprimidos Nostalgia, capazes de reter a memória das pessoas em cápsulas e de serem rememoradas ao serem ingeridos.

Foto: Divulgação

(SPOILER) O episódio 6 termina com Angela acordando sob a supervisão de Lady Trieu (Hong Chau), que revela estar tentando “salvar a humanidade”.

Faltando apenas 3 episódios para sua conclusão, a série Watchmen, apesar dos avanços da trama nos dois últimos episódios (indubitavelmente os melhores até agora) ainda tem muitas questões a serem desenvolvidas/resolvidas.

O trailer do episódio 7 mostra que Ozymandias (Jeremy Irons) será “julgado” pelo seu estranho carcereiro, sob os olhares de dezenas de clones. Como ele foi parar ali? Quem é o homem que o submete? O que seu arco tem a ver com o restante da trama?

Com relação a Lady Trieu, cabe perguntar: quem é essa mulher de fato? Ela é vilã ou heroína? Sobre que ameaça à humanidade ela está falando? Estaria relacionado com os planos da Sétima Kavalaria ou é alguma coisa independente? Ela está por trás do cativeiro de Ozymandias? Se sim, por que ele o manteve vivo?

Outras questões ainda podem ser levantadas: Qual, de fato, é o plano da Sétima Kavalaria comandada pelo senador Joe Keene Jr. (James Wolk)? Tratar-se-ia de um plano de “limpeza étnica”, como o massacre de Tulsa, em 1921? Isso poderia afetar a humanidade como um todo? Onde o Dr. Manhattan se encaixa nisso tudo? Seria ele o responsável pelo aprisionamento de Ozymandias? Qual o papel de Will Reeves/Hooded Justice em todo esse processo? Como Sister Night agirá diante de toda essa conspiração?

Por fim, os questionamentos mais importantes: esses três últimos episódios serão suficientes para resolver todas as questões acima expostas de maneira satisfatória? Ou Lidelof vai deixar várias pontas soltas com o objetivo de dar continuidade ao show?

O bacana é ver uma série despertando o interesse e a imaginação de seu público.

Espero, sinceramente, que Lindelof me impressione (e a todos os fãs da série e HQ) nestes três episódios restantes com uma boa resolução de sua trama, pois a série, pelo que tem mostrado até agora, merece ser lembrada não apenas como um programa audiovisual esteticamente muito bem feito, mas também por ter construído uma das melhores tramas seriadas já assistidas, digna de sua obra de inspiração.

Foto: Divulgação

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Nota: 4 / 5 (ótimo)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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