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Críticas

WESTWORLD S03E08 | Crítica do Neófito

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 ALERTA DE SPOILER!!!!!!

(Este texto CONTARÁ alguns elementos da trama)

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E eis que a terceira temporada de Westworld chega ao fim!

Foto: Divulgação (as estrelas da série com suas dedicadas dublês)

Uma temporada arriscada, que se viu obrigada a sair da zona de conforto das temporadas anteriores, ambientadas em charmosos cenários históricos, como o velho oeste norte-americano e o Japão feudal, por exemplo, transferindo a ação para um mundo situado num futuro muito parecido com os tempos atuais.

A interessante (e até filosófica) premissa – androides praticamente humanos (os “anfitriões”) construídos para a satisfação das fantasias e perversões humanas em parques temáticos tomam consciência de si mesmos enquanto espécie e se rebelam contra seus criadores – também ficou para trás, após o massacre promovido pela personagem principal, Dolores (Evan Rachel Wood), ao final da primeira temporada.

Foto: Divulgação

A segunda temporada aprofundou questões como a busca da imortalidade, o custo ético das ações, obsessões e outras coisas muito interessantes, sendo uma das melhores coisas que já se viu na televisão nos últimos 10 anos. O personagem Arnold/Bernard (Jeffrey Wright) retratou toda a complexidade do autodescobrimento, da resiliência e da superação.

Maeve (Thandie Newton) renunciava à liberdade e à vida pelo amor, enquanto os demais anfitriões lutavam pela própria vida e pela dos seus semelhantes, ainda que, no processo, optassem pela mesma condenável violência de que eram alvos de seus criadores.

Foto: Divulgação

Ao final do segundo ano, grande parte dos anfitriões conseguem chegar a um paraíso idílico em sua forma espiritual, isto é, num mundo virtual, como softwares conscientes, enquanto Dolores conseguia fugir para o mundo humano, reconstruindo o corpo de Bernard e contando com a ajuda de um misterioso anfitrião vivendo no corpo de uma das vilãs humanas da série, Charlotte Hale (vivida pela bela Tessa “lábios carnudos” Thompsom). Outro grande vilão, o complexo e violento William/Homem de Preto (Ed Harris) dava a entender que podia parecer um androide encarregado de conferir imortalidade ao seu totem.

A terceira temporada, assim, seria realmente um novo começo para a série, e seu verdadeiro teste de continuidade, pois, passaria a se focar apenas em alguns poucos personagens conhecidos – certamente com a introdução de alguns novos – todos atados a um cenário único (o mundo dos humanos). Restava saber como seguir a história, que parecia ter tido um ótimo fechamento ao final da segunda temporada.

Ao longo dos 8 episódios, pudemos testemunhar o protagonismo quase absoluto de Dolores e seu obscuro plano, secundado por uma Maeve novamente marionetada, contando com alguma participação de Bernard e de William. A introdução de Caleb (Aaron Paul), como um improvável aliado de Dolores e do clássico vilão “bilionário utilitarista”, Serac, vivido pelo “pau pra toda obra”, Vicent Cassel a princípio pareceram meio sem propósito definido, mas aos poucos ganharam relevância para a trama.

Foto: Divulgação

Especificamente falando deste oitavo episódio, pode-se dizer que ele buscou esclarecer vários pontos deixados em aberto pela nova temporada, sendo bem sucedido em alguns e em outros nem tanto.

Revela-se o porquê de Dolores ter escolhido Caleb como primeira cobaia de sua experiência de libertar os humanos e aliado de guerra. Contrariando tudo o que os primeiros sete episódios pareciam construir – e as duas primeiras temporadas haviam de certa forma consolidado – Dolores não pretendia destruir os humanos, mas dar a eles (nós) – essas criaturas fascinantes capazes de construir enormes belezas e terríveis pesadelos com a mesma intensidade – a chance de escolher o melhor caminho, já que a super inteligência artificial Rehoboam promovia, em nome da preservação do mundo e da espécie humana, a escravização destes mesmos humanos, seja perdendo-os em narrativas pré-programadas ou por meio da total exclusão social (com congelamento de corpos!).

Tratou-se, a meu ver, de uma ‘forçação de barra’, afinal, nada disso tinha ficado minimamente sugerido nas temporadas anteriores nem nos capítulos anteriores deste terceiro ano. A princípio, Dolores era a expressão da vingança dos anfitriões, desejosa de liberdade para a sua raça usada duplamente: para a satisfação hedonista dos humanos e como experimentos de imortalidade deles. A surpresa da revelação que Dolores faz a Maeve é uma reviravolta de última hora, mas que soa incoerente com tudo o que vinha sendo construído.

Foto: Divulgação

De uma hora para outra, Maeve também consegue mais uma vez superar os artifícios externos que permitiam Serac controlar seu corpo e, com isso, suas ações. Mas isso, pelo menos, teve coerência: Maeve, primeiramente, moveu-se em razão das chantagens e subornos de Serac, mas depois encontrou motivos próprios para se manter na cruzada contra Dolores até ver – pela revelação do parágrafo anterior – que os atos de sua oponente tinham uma razão nobre de ser.

A coringa do episódio foi, sem dúvida, a Charlotte Hale/Dolores: ao que parece, mesmo as cópias dos programas que dão alma aos anfitriões podem adquirir consciência própria: a “Dolores” que vivia no corpo de Hale ganha uma identidade própria para além de sua ‘Dolores-matriz’ e, ao que parece, esta, sim, reduziu-se a uma força vingativa pura, mostrada em cenas pós-créditos construindo o que parece ser um exército de anfitriões (cópias dela mesma ou personagens completamente novos?), que certamente se espalharão pelo planeta com o objetivo de destruir os humanos, começando pelo William “humano”, degolado por uma versão anfitriã sua, fiel (por enquanto) a Hale.

(detalhe: pela primeira vez em toda a série, apresentou-se um efeito visual meia-boca: o braço queimado de Hale ficou extremamente falso! Talvez, toda a verba para efeitos do capítulo tenha sido empregada para a construção do corpo metálico de Dolores, simplesmente fantástico, lembrando a técnica usada no filme Ex-Machina)

Foto: Divulgação

Por fim, Caleb opta por deixar a humanidade escolher se autodestruir ou se salvar.

A não ser que inventem alguma artimanha no futuro, esta temporada foi o fim definitivo para Dolores “original” (pois é mostrado que ela ainda pode ter algumas outras cópias espalhadas), numa sequência dolorosa e bela, marcada por um diálogo muito bonito entre ela e Maeve.

Por falar nela, restaram Maeve, Caleb e o subaproveitado Bernard, que, ao que tudo indica (também em cena pós-créditos) voltará a exercer o protagonismo da série na já confirmada quarta temporada, quem sabe, apresentando-se como um oponente de peso para os planos desta terceira Charlotte Hale (que começou como humana na 1ª e 2ª temporadas, tornou-se uma cópia de Dolores na 3ª e, agora, é algo completamente novo!). Pode ser que Stubbs (Luke Hemsworth) continue como o leão de chácara de Bernard, afinal, não se mostra o fim do personagem.

Foto: Divulgação

A referida cena pós-créditos que mostra Bernard – despertando de seu torpor coberto de pó, indicando uma grande passagem de tempo – podem apontar para uma 4ª temporada situada num mundo pós-apocalíptico (aliás, até agora não consigo entender bem como alguns “excluídos sociais” poderiam extinguir com o planeta, mas, “é o que se tem para o jantar”, afinal). Talvez, outros personagens das temporadas anteriores voltem a dar as caras.

Em suma, a 3ª temporada, como dissemos nas demais críticas sobre cada um dos episódios anteriores, manteve o cuidado estético das antecedentes, as excelentes atuações e algumas reviravoltas realmente inesperadas; contudo, pareceu incoerente e propositalmente confusa em diversos momentos, com o único objetivo de esticar a trama e manter alguma similaridade com as elipses temporais dos primeiro e segundo anos. Apesar de continuar diferenciada, a série perdeu uma parcela sensível de sua força. Tomada como uma temporada de transição, pode ser que o 4º ano guarde boas surpresas e uma retomada do primor que caracterizou suas temporadas iniciais. Mas pode ser que também descambe para o clichê do mundo distópico tomado por máquinas, no estilo de Exterminador do Futuro ou até mesmo Matrix.

Foto: Divulgação

Talento de sobra Jonathan Nolan e Lisa Joy já demonstraram ter. Resta confirmar esse talento em novos cenários e narrativas para recolocar Westworld no topo novamente. Os questionamentos filosóficos, o aprofundamento no drama humano não foi tão bem sucedido nesta 3ª temporada. Espera-se que voltem a nortear o enredo dos autores!

Séries longas, queridas e boas em seu início costumam frustrar muito em seu final. Nós, os fãs, não gostaríamos que isso ocorresse com Westworld! Afinal, não suportaríamos outro Lost ou Game Of Thrones, não é verdade?

Foto: Divulgação

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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