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Críticas

WATCHMEN SÉRIE | Crítica do Neófito (S01E08)

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Foto: Divulgação

 ALERTA DE SPOILER!!!!!!

(Este texto pode, eventualmente, abordar elementos da trama)

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 Falta apenas um episódio para esta primeira (e supostamente única) temporada da série televisiva Watchmen – produzida em parceria entre HBO e Damon Lindelof (Lost) sobre o universo da graphic novel de mesmo nome criada por Alan More e Dave Gibbons, na década de 1980 – terminar.

(SPOILER) O oitavo e penúltimo capítulo, veiculado neste último domingo, vinha rodeado de grandes expectativas, haja vista que ele introduziria na trama da série outro personagem principal da HQ, o poderoso Dr. Manhattan, que seria, em verdade, o apaixonado marido de Angela Abar/Sister Night: o até então pacato e (propositalmente) apagado Calvin “Cal” Abar, interpretado por Yahya Abdul-Mateen II.

Foto: Divulgação

O desafio de Lindelof seria amarrar os eventos ocorridos no final da HQ de forma coerente com a trama que vinha sendo desenvolvida na televisão e, nesse sentido, é preciso reconhecer que, contrariando todas os possíveis receios que quiçá tivessem recaído sobre si, o showrunner soube, como poucos, ligar de forma bastante competente o texto de Moore com o roteiro desenvolvido para a série televisiva. De fato, não ficou nenhuma ponta solta: o destino de Adrian Veidt/Ozymandias (Jeremy Irons) foi totalmente explicado, bem como o porquê do Dr. Manhattan ter se “escondido” numa forma humana.

Foto: Divulgação

Outra coisa digna de aplausos foi a forma como foi mostrada a percepção temporal de Dr. Manhattan, que literalmente “vive” os eventos passados, presentes e futuros ao mesmo tempo, o que é bem diferente de simplesmente “prever” o futuro. Minha mulher, que assistia ao 8º episódio do meu lado – e não é uma especialista em quadrinhos ou muito menos Watchmen – muitas vezes ficava perdida com certas falas e ações levadas a efeito pelo poderoso “homem azul”. Por minha vez, vibrava com cada ida e vinda no passado, presente e futuro que o personagem fazia, profundamente similar aos flashbacks escritos pelo bruxo britânico na revista em quadrinho. Simplesmente brilhante!

Cabe, neste ponto, novamente reforçar o quanto Lindelof realmente demonstrou amar o material de origem, haja vista não apenas a enxurrada de referências à HQ e easter eggs que ele introduziu a cada episódio, mas também pelo extremo respeito por tudo o que foi concebido por Moore na hoje clássica revista.

O tratamento dado a cada personagem da graphic novel foi de uma reverência impressionante, bem como o estudo sobre o possível efeito psicológico e vivencial que o tempo, somado aos eventos ocorridos na HQ, teria tido sobre cada um deles.

Com isso, foi possível entender o comportamento errático de Veidt – que até então vinha me incomodando – ao perceber que o peso de suas ações na HQ de fato poderiam afetar sua personalidade calculista e utilitarista.

Foto: Divulgação

A amargura sarcástica de Laurie Blake/Espectral (Jean Smart) é bastante coerente com a personagem que, nos quadrinhos, nunca quis ser uma vigilante mascarada de fato; depois teve que ser a âncora governamental para segurar Dr. Manhattan ao lado dos EUA na Guerra Fria; apaixonou-se por outro vigilante; descobriu o tórrido romance de sua mãe com seu pai – assassinado por Veidt – e os planos genocidas do mesmo Ozymandias, vendo-se obrigada a guardar segredo sobre isso; após isso – já na série de tv – viu seu amado ser preso pelo governo e forçada a trabalhar novamente para este, prendendo pessoas para quem seus tempos de super-heroína de colant serviu de inspiração. Mais que explicável sua constante ironia.

As motivações de Will Reeves/Hooded Justice (Louis Gossett Jr.) também foram aclaradas por meio de um loop temporal fantástico, já que foi a própria Angela Abar quem conta, no presente, por meio do Dr. Manhattan, ao avô, no passado, sobre o segredo do Chefe Judd Crawford (Don Johnson), que leva ao ex-vigilante matá-lo.

Feitas essas considerações, cabe uma análise do 8º episódio em si, totalmente focado no ressurgimento do Dr. Manhattan.

Nesse sentido, apesar de todos os pontos positivos, pode-se questionar algumas das decisões criativas de Lindelof a respeito do personagem.

Evidentemente, no último capítulo da HQ, o personagem quase onipotente passa por um processo de “re-humanização”, algo que vai ser bastante explorado para sua introdução na trama da série televisiva, bem como para entender seu amor por Angela e sua aparente “vulnerabilidade”. Contudo, para que houvesse algum tipo de tensão, era preciso diminuir consideravelmente a abrangência dos poderes de Manhattan na série, o que, também, veio bem a calhar para que o personagem, em sua versão live-action, fosse viabilizado. Mantêm-se, desse modo, as feições de Calvin “Cal” Abar (Yahya Abdul-Mateen II), bem como os olhos humanos, que só se tornam brancos brilhantes – como nos quadrinhos e no filme dirigido por Snyder – em alguns poucos momentos. Acredito que isso facilitou sobremaneira o orçamento da série, pois, a criação de efeitos especiais para criar o Dr. Manhattan realmente foi a coisa mais cara do longa de 2009, e mesmo em tempos de Game Of Thrones, soluções criativas e utilização de efeitos práticos ajudam bastante na viabilidade financeira de um programa dessa magnitude.

Foto: Divulgação

Algumas soluções soam um pouco forçadas – como o mecanismo que permite o esquecimento de Dr. Manhattan acerca de si mesmo – e os motivos que levariam o super-homem a abandonar seu “paraíso” na lua Europa do planeta Júpiter, para parar no Vietnã, apaixonando-se pela neta do primeiro vigilante mascarado. Mas, em termos dramatúrgicos, funcionam para a trama como um todo. Na minha visão particular, o Dr. Manhattan nunca seria presa fácil da Sétima Kavalaria como foi neste capítulo, mas é preciso esperar o desfecho da trama criada por Lindelof para saber como tudo se encaminhará e responderá a algumas perguntas que permanecem em aberto: como a Sétima Kavalaria sabia do Dr. Manhattan? Eles realmente conseguiram “matar” o personagem? Que papel Lady Trieu (Hong Chau) tem, de fato, na história? O envelhecido e amargurado Adrian Veidt terá alguma relevância na resolução da trama? Onde está Looking Glass (Wade Tillman) e o restante dos vigilantes que integram a força policial de Tulsa? O racista Senador Joe Keene Jr. (James Wolk) conseguirá se tornar um novo Dr. Manhattan? E, se conseguir, a transformação afetaria sua visão de mundo, ou ele se tornaria um “deus” tirano e purificador da raça humana?

Ou seja, ainda restam muitas questões a serem resolvidas no derradeiro 9º episódio de Watchmen, a série.

Este oitavo capítulo merece, perto dos três últimos excelentes episódios, uma nota um pouquinho menor, haja vista as alterações e pequenas “forçadas” acerca dos personagens (principalmente o Dr. Manhattan), mas nada que altere a qualidade ímpar da produção.

Tudo indica que Lindelof sabe onde quer chegar e, certamente, estaremos sentados no sofá, no próximo domingo, às 23 horas do dia 15 de dezembro, para acompanhar cada segundo!

Foto: Divulgação

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Nota: 3,5 / 5 (muito bom)

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Sou um quarentão apaixonado pela cultura pop em geral. Adoro quadrinhos, filmes, séries, bons livros e música de qualidade. Pai de um lindo casal de filhos e ainda encantado por minha esposa, com quem já vivo há 19 bons anos, trabalho como Oficial de Justiça do TJMG, num país ainda repleto de injustiças. E creio na educação e na cultura como "salvação" para nossa sociedade!!

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