Séries
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Farewell” (2×10)
Farewell é o décimo e último episódio da segunda temporada de Star Trek: Picard. A série é uma produção da CBS baseada no universo de Jornada nas Estrelas – A Nova Geração.
Atenção tripulação! Ativar alerta de spoilers!
Anteriormente
No episódio anterior, a Rainha Borg, de posse do corpo de Jurati, toma conta da nave, forçando Rios e a doutora Teresa a fugirem para o chateau, onde encontram o restante da tripulação. Para impedir que a Rainha tome conta da nave, Jurati aciona o Holograma de Combate para Emergências que toma a forma de Elnor. Adam Soong forma um cerco no chateau com um grupo de borgs recém criados. No meio do jogo de gato e rato, Picard tem um flashback e descobre o que aconteceu com sua mãe. Sete de Nove e Raffi conseguem invadir a La Sirena, mas Sete fica gravemente ferida. Num embate mental da Rainha com Agnes Jurati, a alien decide salvar Sete e parte com a nave. Agora só resta ao pessoal impedir que Soong atrapalhe a Missão Europa.
Farewell
Muito ficou pra ser encerrado nesse episódio. A história começa a ser reescrita, uma vez que Picard (Patrick Stewart) se recorda das histórias de reocupação dos seus antepassados de que o chateau havia sido atacado no passado e os buracos de bala eram os mesmos deixados do embate no episódio passado. Por isso eu acredito que os borgs transportados para as paredes nos episódios anteriores continuaram lá, causando pesadelos no jovem Picard.
Tallin (Orla Brady) leva todos de volta pra Los Angeles e de lá parte com Picard pra Missão Europa. Os demais tentam impedir que o doutor Soomg (Brent Spiner) destrua a Missão Europa. O que me faz pensar: sem a ajuda da Rainha, como Soong chegou tão rápido de volta a Los Angeles? Ele inventou o teletransporte? De qualquer forma, ele deixou quatro drones armados prontos pra destruir o foguete caso ele decole. Raffi (Michelle Hurd) e Sete de Nove (Jeri Ryan) tentam alterar os controles para que Rios (Santiago Cabrera) controle os drones e impeça o pior.
Apesar dos protestos de Picard, Tallin conhece Reneé Picard pessoalmente e a substitui temporariamente para enganar Soong. Rios acessa manualmente o controle do último drone e o utiliza para destruir os demais. O lançamento da Missão Europa é um sucesso. O resultado é Tallin morta por evenenamento enquanto assiste nos braços de Picard o foguete decolar rumo ao espaço e sua protegida indo cumprir seu destino. Mas o que Picard fez com o corpo depois? Deixou lá para que descobrissem um cadáver romulano?
Encerramentos
Do segundo ato em diante, a situação degringola um pouco mais. A lógica diz que fica ruim, a emoção diz que fica bom e a minha opinião fica tão dividida quanto os sentimentos de Spock. Kore (Isa Briones) invade os registros do pai e apaga todos os seus arquivos. A moça não tinha sequer um documento de identidade, saiu de casa com a roupa do corpo e agora consegue um notebook pra usar de dentro de uma biblioteca? O que ela fez, roubou alguém? Pra quem trabalha com tecnologia de ponta, Adam Soong tem uma política de segurança extremamente problemática. Soong retira de uma gaveta uma pasta antiga intitulada Projeto Khan, com a data de 7 de junho de 1996. Esta data é referenciada no episódio “A Semente do Espaço” (Space Seed, 22º da primeira temporada da Série Clássica), dizendo ser esta o fim das Guerras Eugênicas.
Kore recebe uma mensagem anônima que a leva até um endereço em Los Angeles. Lá ela é recebida por ninguém mais que Wesley Crusher (Will Wheaton), que é um dos Viajantes conforme visto no episódio “O Fim da Jornada” (Journey’s End, vigésimo da sétima temporada de A Nova Geração). Ele conversa sobre como o tempo e a realidade é uma tapeçaria e nossas escolhas e caminhos um singelo fio que pode desfiar e por tudo a perder – tal qual Picard refletiu no episódio que coincidentemente se chama “Tapeçaria” (Tapestry).
E então acaba
No chateau, a tripulação pensa em como retornar ao seu tempo normal. Picard esconde a fatídica chave mestra que um dia ele irá encontrar quando criança, e ao virar, encontra-se com Q (John DeLancie). O que se segue é então um diálogo espetacular, seguido pela interpretação magistral de dois bons atores. Q está morrendo e está solitário. Antes que isso acontecesse, gostaria de dar a Picard um último presente, que o velho inimigo aprendesse a se perdoar.
A entidade queria, acima de tudo, mostrar que se importa. Não acho que as intenções merecessem uma reviravolta temporal sem sentido pra se chegar a este ponto, mas aqui as emoções se sobrepõe à razão e a gente se deixa levar, simples assim. Q usa a última fagulha de seus poderes para levar todos de volta na sua linha temporal, não antes de receber um abraço caloroso de Picard. Todos exceto Rios, que decide ficar e seguir sua vida com Teresa, por quem se apaixonou. Ou seja, mais uma vez, a linha temporal que se lasque.
Eles voltam no exato momento em que a Stargazer está prestes a ser destruída. Picard interrompe a autodestruição e descobrimos que a Rainha Borg é Jurati. Utilizando-se do Paradoxo do Deslocamento em Trânsito (não perca a matéria de curiosidades onde falaremos mais sobre isso), Picard e os demais tripulantes que voltaram ao passado reconhecem na Rainha uma aliada e permitem que ela se explique. Os borgs encontraram uma anomalia que vai destruir uma grande parte da galáxia, mas se tiver a ajuda da armada, podem evitar o desastre. Até Elnor está vivo, vejam só.
Picard promove Sete de Nove à capitã da Stargazer, eles se unem aos borgs, impedem a destruição e ainda deixam os borgs cuidando de um conduíte transdobra, que provavelmente nunca mais iremos ouvir falar. Problema resolvido. Picard e a tripulação voltam à Terra, brindam a felicidade de tempos melhores e o velho almirante resolve dar a Laris e a si mesmo o benefício de um romance.
Conclusão
Farewell não é um episódio ruim e com certeza é um fechamento bem melhor que “Et in Arcadia Ego”, da temporada anterior. Mesmo assim, não é perfeito. Tem o clima necessário para finalizar uma série de Jornada nas Estrelas, mas ainda assim, não tem o mesmo impacto das séries antecessoras. Com a responsabilidade de encerrar uma história cheia de problemas, Farewell se esforça ao máximo para conseguir tal feito, mas não parece ser de todo suficiente.
Era bem óbvio que o final ia ser algo muito próximo do que nos foi apresentado. Mesmo assim, o roteiro de Christopher Monfette e Akiva Goldsman se desdobra para que a obviedade do clichê venha recheado de bons sentimentos e uma ótima condução de Michael Weaver. Assim, não temos um final indigesto, talvez apenas um pouco diferente das expectativas.
Ainda assim, o final levanta uma série de perguntas que desafiam a nossa lógica, mesmo aceitando os paradoxos temporais. Afinal, se o Capitão Rios fez grandes e bons feitos no passado e as pessoas na ponte ainda se lembram dele de antes da viagem no tempo, o que é feito desses dois acontecimentos? E Jurati, que passou quatrocentos anos como Rainha Borg, perde sua participação na temporada anterior, cujos desdobramentos participou de forma direta?
Pensar muito nessa lógica derruba o mérito que Farewell tem em tentar nos passar os sentimentos e pensamentos dos personagens no fim dessa história. Como diria Spock no filme Star Trek de 2009, “coloque a lógica de lado e faça aquilo que é certo”. Acredito que o velho vulcano não está errado, então o melhor é absorver o episódio que tentar entendê-lo.
Nota: 4/5
Anteriormente, em Star Trek: Picard…
STAR TREK: PICARD | Análise crítica de “O Observador de Estrelas” (2×1)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Penitência” (2×2)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Assimilação” (2×3)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Guardiã” (2×4)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Me Leve Para a Lua” (2×5)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Two Of One” (2×6)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Monstros” (2×7)
STAR TREK PICARD | Análise do episódio “Mercy” (2×8)
STAR TREK: PICARD | Análise do episódio “Esconde-Esconde” (1×9)
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